CONGRESSO BRASILEIRO DE COLOPROCTOLOGIA
RAIMUNDO PESSOA VIEIRA - TSBCP
CORRELAÇÃO DAS PROTEÍNAS P53 E KI-67 COM O PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM ADENOCARCINOMA DE RETO DISTAL
ULYSSES RIBEIRO JR - TSBCP
VENÂNCIO A. ALVES
PEDRO MARCUS S. BUENO DE SOUZA - FSBCP
ADRIANA V. SAFATLE RIBEIRO - FSBCP
VIVIANE RAWET
SUELI NONOGAKI
JOAQUIM GAMA RODRIGUES - TSBCP
ANGELITA HABR-GAMA - TSBCP
RESUMO Introdução: A capacidade de predizer o comportamento biológico e a resposta terapêutica seria de grande valia no tratamento do câncer de reto distal. Correlacionou-se a hiperexpressão do p53 e Ki-67 com: parâmetros clinicopatológicos, resposta ao tratamento e prognóstico. Métodos: Cortes histológicos de 72 pacientes com adenocarcinoma de reto distal foram corados para as proteínas p53 e Ki-67. Todos os pacientes receberam radioterapia (5.040 cGy) e quimioterapia (5-fluorouracil + leucovorin). Os pacientes com resposta completa foram acompanhados sem tratamento cirúrgico, enquanto a ressecção foi realizada naqueles com resposta parcial. Resultados: Hiperexpressão do p53 foi detectada em 41/72 (56,9%) tumores e alto índice de proliferação (Ki-67) foi observado em 36/72 (50%) tumores. Amostras teciduais coletadas pré e pós quimio/radioterapia apresentaram fidelidade no estado do p53 em todos os casos. Reatividade ao p53 e Ki-67 correlacionaram-se com recidiva da doença (p=0,02, p=0,006, respectivamente), contudo não se associou com: idade, sexo, estádio T .N .M. e doença residual após quimio/radioterapia. Expressão do p53 e Ki-67 associou-se com menor índice de sobrevivência geral (68,2 vs. 87,2 meses, p=0,005 e 59,9 vs. 89,3 meses, p=0,001, respectivamente) e intervalo livre de doença (59,4 vs. 81,7 meses, p=0,004 e 48,9 vs. 86,1 meses, p=0,0009, respectivamente). Conclusão: As proteínas p53 e Ki-67 podem ser úteis na avaliação prognóstica de pacientes com câncer de reto distal submetidos à terapia multimodal.
UNITERMOS: p53, MIB-1, câncer de reto distal, quimioterapia, radioterapia
INTRODUÇÃO
O tratamento ideal para o câncer de reto distal
ainda permanece controverso. A ressecção cirúrgica é
geralmente o tratamento de escolha para estes tumores. Contudo,
a incidência de recidiva local após tratamento cirúrgico
curativo varia de 4 a 40%, ou até mesmo 70% de
acordo com o estádio tumoral e com o local onde o
tratamento foi realizado1-3. Ademais, tumor infiltrativo na parede
apresenta risco alto de recidiva local e de aparecimento
de metástases à distância quando tratado somente pela
cirurgia4-6.
Estes dados encorajam a aplicação de
terapia neoadjuvante (quimio e radio) no câncer de reto
distal. Assim, radioterapia associada ou não à quimioterapia
tem sido utilizada para diminuir as taxas de recorrência
pélvica e para melhorar as taxas de sobrevivência,
especialmente nos estádios N ou M (Dukes B2 ou
C)1,2,7-10. Esta terapia multimodal também pode ser indicada nas lesões
avançadas, fixas ou naquelas aparentemente não ressecáveis
com o objetivo de reduzir o volume tumoral e seu estádio
clínico-patológico2,5,6,10
. Esta tática terapêutica pode
teoricamente ajudar os cirurgiões a mudar a conduta de
ressecção abdominoperineal (APR) para operações não
amputativas, mantendo o esfincter
anorretal1,7,8. Lesões ressecáveis
com invasão da gordura perirretal (TJ ou T4) ou
envolvendo linfonodos (M1, N2 ou NJ) podem ter melhor
controle local através da radioterapia adjuvante.
Em estudo iniciado em 1991, utilizou-se a
terapia multimodal nos pacientes com tumores de reto
distal potencialmente
ressecáveis11. Os pacientes
receberam 5.040 cGy em doses fracionadas. A dose de
quimioterapia associada à radioterapia foi baseada em
estudo da "Mayo
ClínicINCCTG"12,13. Neste estudo a dose
de leucovorin e 5- fluorouracil foi de 20mg/m2 e 425
mg/m3 respectivamente, por cinco dias (QT sem RT). A
dose total por ciclo foi: leucovorin = 100, mg/m2 e
5 - fluorouracil = 1275 mg/m2, e o intervalo entre os dois
ciclos foi de 36 dias.
A toxicidade foi mínima neste estudo.
Radioderrnite perineal, proctite ou cistite foram tratadas e controladas
por mudanças na fração da radioterapia. Toxicidade
hematológica foi frequente, porém não foi necessária hospitalização
ou suspensão do tratamento em nenhum caso.
O conceito de melhor seleção de pacientes, antes
do planejamento pré-operatório, de quais lesões são mais
propensas a responder à irradiação ou irradiação associada
a quimioterapia tem se tornado um alvo a ser estudado.
Alta dose de radioterapia influencia na função intestinal a
longo prazo, assim enfatiza-se a necessidade de se encontrar
fatores preditivos de recidiva local e excluir pacientes
com alta probabilidade de cura somente com cirurgia, assim
como a melhoria nas técnicas de
irradiação.14
A capacidade de predizer a agressividade biológica e
a resposta terapêutica através da análise tecidual é de
valor inestimável para o tratamento dos pacientes com
câncer. Se tumores não responsivos pudessem ser
identificados, estes pacientes poderiam ser poupados de toxicidade,
tempo e gastos financeiros com regimes terapêuticos
intensivos ou seriam candidatos ideais para novas
modalidades terapêuticas não convencionais. Pacientes com
tumores considerados responsivos poderiam se beneficiar de
tratamento agressivo. Da mesma maneira, poderiam ser
identificados pacientes os quais necessitariam ou não de
ressecção como componente
terapeutico15.
O desenvolvimento e progressão do câncer de reto
distal é um processo com múltiplas etapas, no qual
eventos gênicos específicos parecem seguir uma sequência
temporal.16 Dada a importância das alterações de oncogenes e
de genes supressores de tumor neste processo, parece
razoável explorar se tais marcadores têm valor preditivo
nos pacientes com tumores tais como o do câncer de reto
distal. Os marcadores ideais deveriam ser capazes de
predizer com acurácia o prognóstico de cada caso. A utilização
de material de biópsia no momento do diagnóstico é
fundamental na avaliação inicial para promover tratamento
individualizado .
Dentre os distúrbios gênicos encontrados, estão
a hiperexpressão e mutação do p53, gene supressor de
tumor localizado no cromossomo 17p, o qual é o gene
mais comumente implicado em
carcinogênese.17,18 Alterações
do gene p53 têm sido demonstradas em 60% -80% dos
tumores colorretais. 15,19-31 A proteína p53 selvagem tem
um efeito inibitório na proliferação e transformação celulares
e este efeito parece ser devido à habilidade de manter
as células na fase G1 do ciclo celular.
17 Adicionalmente à sua função na regulação celular, o p53 tem sido implicado
na síntese e reparo do DNA, 32 na manutenção da
estabilidade genômica,33 na diferenciação celular e
apoptose.34 Mutação do gene p53 altera significantemente sua
atividade regulatória supressora
tumoral.35 Na maioria dos casos, um segundo evento na forma de perda de alelo normal
(perda da heterozigose) no cromossomo 17 geralmente ocorre
na célula tumoral.18 Mutações no p53 ocorrem
predominantemente no segmento do genoma responsável pelas
ligações do DNA codificadas na maior parte das vezes
pelos exons 5-8 (região
conservada).18,35 Estes exons variam em tamanho de 110 a 183 pares de base e são separados
por segmentos de introns medindo até 755 bases em
comprimento.
Por outro lado, o antígeno definido pelo
anticorpo monoclonal Ki-67 é uma proteína nuclear humana
encontrada em todas as partes ativas do ciclo celular, sendo
largamente empregada como marcador de
proliferação.36 O anticorpo monoclonal Ki-67 reconhece a parte lábil
do antígeno nuclear, o qual está presente nas células em
proliferação (i.e., células nas fases G1, S, G2 e M) mas não
em células na fase G0.37 O uso do Ki-67 está restrito ao
tecido a fresco, pois o epítope não sobrevive à fixação
histológica de rotina em formaldeído. MIB-1 é um verdadeiro
anti-Ki-67 equivalente que pode ser empregado em tecidos
fixados em formalina e em tecidos rotineiramente processados
com retirada antigênica através de
microondas.38
Portanto, utilizou-se a técnica de
imunohistoquímica para determinar se as alterações do p53 e
Ki-67 correlacionam com: parâmetros clínico-patológicos,
resposta à quimio/radioterapia pré-operatória e sobrevida nos
pacientes com câncer de reto distal.
MATERIAIS E MÉTODOS
Material Clínico:
Entre Junho de 1991 e Agosto de 1996, 118
pacientes com adenocarcinoma de reto distal
potencialmente ressecável entraram num protocolo de
quimio/radioterapia neoadjuvante seguido de ressecção, na Unidade
Colorretal do Departamento de Gastroenterologia da Universidade
de São Paulo. Todos os pacientes tinham tumor de reto
potencialmente ressecável localizado até 7 cm da
margem anal. Após completar a quimio/radioterapia, os
pacientes foram re-estadiados com tomografia computadorizada
do abdomen e pélvis. Todos os pacientes receberam
radioterapia externa na dose de 5.040 cGy em três planos
e quimioterapia consistindo de 5-fluorouracil + leucovorin.
Os pacientes foram cuidadosamente avaliados para
a presença de doença residual e classificados como:
resposta completa = desaparecimento de todos os sintomas e
sinais clínicos, ausência de tumor ao exame digital
e ultrassonografia intraretal, biópsias negativas ou
ausência de tumor no espécime ressecado;
incompleta = persistência de lesão residual macroscópica ou microscópica
em qualquer fase do tratamento. Recorrência local foi
definida como câncer crescendo no leito de ressecção prévia ou
na parede retal nos casos de ressecções locais e foi
documentado clinicamente, através de estudo
anátomo-patológico ou por tomografia computadorizada.
Dos 118 tumores de reto consecutivos
originariamente incluídos, estavam disponíveis biópsias e ou
espécimens ressecados de 72 pacientes que puderam ser utilizados
para análise imunohistoquímica.
Os prontuários e laudos anátomo-patológicos
foram cuidadosamente revistos e os seguintes dados clínicos
foram analisados: idade, sexo, sítio tumoral, e
características histopatológicas incluindo tipo tumoral, grau de
diferenciação (G 1 = bem diferenciado, G2= moderadamente
diferenciado, G3= pouco diferenciado e G4=
indiferenciado). Pacientes foram estadiados de acordo com o "
American Joint Commission Staging System"
(TNM).39
Avaliacões Histopatológica e
lmunohistoquímica:
Estudaram-se os cortes histológicos para confirmar
o diagnóstico histopatológico de tumor, e blocos de
tecido correspondente fixados em formalina e embebidos em
parafina foram seccionados para análise
imunohistoquímica. O material estudado compreendeu biópsias
endoscópicas pré-operatórias e espécimens ressecados, e em alguns
pacientes (n=20), os tecidos foram examinados antes e
após o tratamento com quimio/radioterapia para comparação.
Foram realizados três a cinco cortes histológicos de
4 mm de cada bloco designado. Uma lâmina foi usada
para imunohistoquímica do p53 (p53-DO7, Glostrup,
Denmark) e outra lâmina para Ki-67 (Mm-l, Immunotech,
Marseille, France), através do método do complexo da avidina-
biotina-peroxidase.40 O anticorpo para o p53 tem a capacidade
de detectar ambas proteínas selvagem e mutante. Para a
retirada antigênica utilizou-se panela de pressão para o p53
e do aquecimento pelo microondas para o Ki-67 (MIB-l).
A técnica de imunohistoquímica já foi descrita
anteriormente.41 Brevemente, a imunodetecção envolveu o uso de
cortes histológicos com 4 mm de espessura de tecido
fixado em formalina e embebido em parafina, tratados
com peróxido de hidrogênio a 4% (H2O2) em metanol por
35 minutos para eliminar a atividade endógena da
peroxidase. Os cortes sofreram a retirada antigênica por 10
minutos (microondas ou panela de pressão) e foram lavados
com solução salina fosfatada e tamponada (PBS) e
incubados com 10% de soro de cavalo para bloquear as ligações
não específicas. Após remoção do soro, aplicou-se o
anticorpo monoclonal primário (à temperatura ambiente e por
uma hora). Após nova lavagem com PBS, os cortes
histológicos foram incubados com anticorpo secundário por 30
minutos, lavados duas vezes e tratados com o complexo
de peroxidase Vectastain Elite (Vector Laboratory,
Burlingame, CA) por 30 minutos. Seguindo-se nova lavagem com
PBS, foram incubados com diaminobenzidina a 0,05% e
H2O2 a 0,04%, lavados com água destilada, corados
com hematoxilina, e desidratados através de álcoois e xilol.
Cortes histológicos de adenocarcinoma de cólon,
previamente conhecidos por expressarem altos níveis de p53,
foram usados como controles positivos. Os controles
negativos corresponderam a cortes histológicos de
adenocarcinoma de cólon com o anticorpo primário substituído pelo
"Trp-E" 1 :200 em solução salina tamponada.
lmmunoreatividade nuclear específica para p53 foi classificada
semiquantitativamente numa escala de 0 a 4 para intensidade
e distribuição. Todos os cortes foram examinados por
dois investigadores, independentemente, usando-se um
sistema pré- definido de graduação. O índice de proliferação
do Ki-67 foi definido como a porcentagem de células
tumorais com coloração nuclear positiva por 1.000 células
tumorais contadas.
Análise
Estatística:
Os resultados das alterações do gene p53 foram
comparados com as características clínico-patológicas,
usando-se o teste do qui-quadrado para os dados qualitativos e o
teste T de Student para os dados quantitativos, com valor de p
< 0,05 considerado significante. As taxas de sobrevivência
cumulativa foram calculadas pelo método de
Kaplan-Meyer considerando mortes relacionadas ao tratamento e
mortes causadas pelo tumor. A análise estatística de
comparações foi feita usando-se o teste de log-rank. Usou-se o Modelo
de regressão de Cox para avaliar o efeito das diversas
variáveis sobre a sobrevida. Fatores preditivos foram
considerados individualmente e em conjunto.
RESULTADOS
Pacientes e Características Tumorais:
Trinta e sete (56,9%) eram homens e 27 mulheres,
com média de idade de 57,9 ± 13,3 anos. Os pacientes
foram submetidos a: ressecção anterior= 32
ressecção abdominoperineal do reto= 27 e ressecção local= 2. A
média de seguimento foi de 50 meses (variação de 14 a
96 meses). Todos os tumores eram do tipo
adenocarcinoma, incluindo-se: tubular= 49, túbulo- papilífero= 10,
túbulo-viloso= 8, e mucinoso= 5. Os tumores foram
distribuídos de acordo com o grau de diferenciação em: Gl =
19 (26,4%), G2 = 49 (68,1%), e G3 = 4 (5,5%) (Tabela 1).
A | B |
FIGURA 1: lmunohistoquímica para o p53 em paciente com adenocarcinoma de reto distal, evidencia coloração nuclear marrom das células tumorais (400 X) (1A); Foco de coloração positiva em área de fibrose pós radioterapia (100 X) (1B). |
lmunohistoquímica para p53 e
Ki-67:
Observou-se hiperexpressão do p53 em 41/72
(56,9%) dos pacientes (Tabela 1). Os tecidos coletados pré e
pós quimio/radioterapia de 20 pacientes apresentaram o
mesmo perfil imunohistoquímico em todos os pacientes.
A detecção imunohistoquímica da proteína p53 revelou
um padrão variável de coloração, desde completamente
ausente até distribuição difusa e com forte reatividade
(Figura 1). Entre estes extremos, a intensidade e a
distribuição da coloração variou de localizado/fraco para
difuso/fraco, e localizado ou forte difuso. Na análise
estatística considerou-se coloração nuclear positiva quando mais do que
10% das células apresentavam coloração nuclear .
A distribuição das proteínas p53 e Ki-67 de acordo
com os parâmetros clínico-patológicos está demonstrada na
Tabela 1. Não se evidenciou associação estatística entre
a presença do p53 e idade, sexo, tipo de tumor, grau de
diferenciação, tumor (T), envolvimento linfonodal (N),
estádio (TNM) e tipo do procedimento cirúrgico (Tabela 1).
O índice de proliferação denotado pelas células
coradas pelo Ki-67 foi de 49,2 ± 20,3 (variando de 10 a 90%)
das células tumorais (Figura 2). Trinta e seis (50%)
tumores foram classificados como altamente proliferativos, já
que mais do que 50% das células estavam coradas. Não
se evidenciou associação estatística entre a presença do
Ki-67 e idade, tipo de tumor, grau de diferenciação,
tumor (T), envolvimento linfonodal (N), estádio (TNM) e tipo
do procedimento cirúrgico (Tabela 1). Houve maior grau
de proliferação nos tumores das mulheres quando
comparado aos dos homens (Tabela 1).
Resposta à Quimio/radioterapia:
Os pacientes foram cuidadosamente seguidos pelo
cirurgião, radioterapeuta e oncologista através do exame
clínico, digital, métodos endoscópicos e
ultrassonografia transretal. Resposta completa foi observada em 15
(20,8%) dos pacientes, e parcial em 57 (79,2%) dos pacientes.
Hiperexpressão de ambas proteínas p53 e Ki-67 não
foi associada à resposta da químio/radioterapia, i.e. com a
presença de doença residual no espécime ressecado,
p=0,73. (Tabela 1).
A | B |
FIGURA 2: lmunohistoquímica para o Ki-67 em paciente com adenocarcinoma de reto distal, evidencia coloração nuclear marrom das células tumorais em alta taxa de proliferação ( 400 X) (2A); Tumor com baixa taxa proliferativa (400 X) (2B). |
Correlacão entre Hiperexpressão do p53 e Ki-67 e Prognóstico:
Os cálculos basearam-se nos dados de 72 pacientes que
se submeteram à ressecção curativa e estavam no risco de
recidiva. Os pacientes que morreram de causa não relacionada
ao tumor retal foram considerados (n=3). Dois pacientes
morreram no período pós-operatório e não estavam a risco de
recidiva. Ocorreram 21 recidivas, sendo que 16 morreram
devido à recidiva da doença e cinco estão vivos com doença
(censurados). Quarenta e sete dos 72 pacientes permanecem
sem doença e foram também considerados censurados.
As curvas de sobrevida foram calculadas
baseando-se na hiperexpressão do p53 e Ki-67. A média
de sobrevida em pacientes sem hiperexpressão do p53
foi de 87,13 meses (95% CI= 80,7 -93,5), comparada
com 68,2 meses (95% CI= 56,2 -80,2) em pacientes
com tumores positivos para o p53, p=0,005. O intervalo
livre de doença foi definido como o período desde
a quimio/radioterapia até a recidiva. A média do
intervalo livre de doença foi de 81,7 meses (95% CI=
73,2- 90,2) em pacientes sem hiperexpessão do p53; e
59,4 meses (95% CI= 45,8- 72,8) em pacientes com
alteração no p53, p=0,004.
A média de sobrevivência geral em pacientes com
baixa proliferação foi de 89,3 meses (95% CI= 81,9 -96,5),
comparados a 59,9 meses (95% CI= 49,0- 70,8) em
pacientes com tumores com alta taxa proliferativa para
Ki-67, p=0,001. A média do intervalo livre de doença foi de
86 meses (95% CI= 76,9 -95,2) em pacientes com baixa
proliferação; e de 48,9 meses (95% CI= 36,3- 61,6) em
pacientes com alta taxa proliferativa, p=0,009.
As curvas de sobrevivência geral e do intervalo livre
de doença, assim como teste de log rank estão dispostos
nas Figuras 3 e 4.
Na análise multifatorial, p53, Ki-67 e resposta à
quimio/radioterapia foram fatores independentes de
prognóstico (Tabela 2).
Curva de Sobrevivência Geral - p53 |
Intervalo Livre de Doença - p53 |
A | B |
FIGURA 3: Curva Cumulativa de Sobrevivência dos pacientes com adenocarcinoma de reto distal, mostrando a diferença em sobrevivência geral (3A) e intervalo livre de doença (3B) entre os pacientes positivos para a expressão do p53 (linha fina) e os negativos (linha grossa). |
Curva de Sobrevivência Geral - Ki-67
Intervalo Livre de Doença - Ki-67
A
B
FIGURA 4: Curva Cumulativa de Sobrevivência dos pacientes com adenocarcinoma de reto distal, mostrando a diferença em sobrevivência geral (
4A) e intervalo livre de doença
(4B) entre os pacientes com alta taxa de proliferação (KI-67) (linha fina) e com baixa taxa (linha grossa).
DISCUSSÃO
A identificação de lesões gênicas responsáveis
pela carcinogênese poderia criar um sistema de
estadiamento baseado na biologia molecular, que aumentaria a
acurácia em prever prognóstico de um indivíduo com
câncer.52
Esforços são atualmente empregados na
terapia multimodal combinada com intuito de melhorar o
controle local e eliminar a doença micrometastática presente no
tempo da ressecção. Resposta patológica completa a
diversos regimes de quimio/radioterapia, varia entre 15 a 36%,
com média de aproximadamente
20%.1,5,7,42-50 Adicionalmente, a ausência de doença residual ou a presença de tumor
microscópico no espécime ressecado poderia
correlacionar com maior intervalo livre de doença e média de
sobrevida. A resposta à terapia neoadjuvante pode, portanto,
ser preditiva de um resultado superior à ressecção em
pacientes com câncer de reto
distal.48,50 |
Contudo, o uso de quimio/radioterapia no
tratamento do câncer de reto distal é limitado pela alta taxa
de morbidade, resposta completa relativamente baixa,
eficácia não estabelecida e alto custo. A identificação
de marcadores biológicos que pudessem predizer com
precisão a resposta terapêutica e a sobrevida seria de
interesse clínico.51 Parece racional presumir que o grau
de agressividade tumoral, assim como a heterogeneidade
do comportamento clínico de cada tumor devem-se às
alterações intrínsecas gênicas relacionadas ao câncer,
afetando parâmetros, tais como: taxa de crescimento, invasão
tecidual, probabilidade de recidiva, propensão a
desenvolver metástase e resposta ao tratamento.
Esta é uma análise prospectiva usando um grupo
bem definido de pacientes, que se submeteram ao mesmo
protocolo de quimio/radioterapia, portanto, o risco de
seleção aleatória e erros nos dados coletados são minimizados.
Não foi detectada nenhuma correlação da expressão
do p53 ou Ki-67 com os achados clínico-patológicos. Foi
observada fidelidade na expressão do p53 em todos os
casos, quando o tecido tumoral de um mesmo paciente (n=20)
foi analisado, antes e após quimio/radioterapia. Este dado
é relevante, já que os tecidos disponíveis são geralmente
escassos. Alguns autores acreditam que o p53 pode
participar na resposta celular à
irradiação.32,53,54,55,56 Células
com ausência de expressão do p53 ou com hiperexpressão
do p53 mutado não apresentam repouso na fase G I. Isto
sugere que o p53 selvagem pode estar envolvido na
inibição da síntese de DNA após dano ao DNA com
quimio/radioterapia.32,55,56 Adicionalmente, a exposição de
células tumorais a drogas como 5-fluorouracil pode levar a
aumento na regulação dos níveis de proteína p53 por
aumento de estabilidade pela translação da proteína
p53.56
Os dados apresentados neste estudo, assim como
evidências anteriores indicam que hiperexpressão do p53
está relacionada com fenótipo maligno mais agressivo,
porém os resultados diferem baseados na histogênese
tumoral.27 Alterações do gene p53 tem sido relacionadas com a
disseminação tumoral no carcinoma colorretal
57 e com o comportamento metastático de células de
pulmão.58 Dados adicionais da participação do p53 na progressão tumoral e
no potencial metastático têm sido observados nas
linhagens celulares de carcinoma
colorretal59 e em linhagens celulares de tumor de camundongo transfectado com
p53 mutado.60
Imunorreatividade ao p53 tem sido associada com
menor sobrevivência em pacientes com carcinoma de
vários
órgãos.15,22-27 O papel das alterações do gene supressor
de tumor p53, como determinante da resposta à terapia e
prognóstico do câncer de reto distal, permanece controverso
e os dados são
conflitantes.19-23,25,28-30 Esta discrepância
pode ser explicada pela diferença nos sistemas de
classificação da positividade do p53, e a porcentagem de tumores
p53 positivos em diferentes estudos.31 Os resultados desta
pesquisa estão de acordo com outros estudos que não
demonstram associação entre mutações do p53 e a
presença de doença residual no espécime ressecado
(p=O,O8),29,30 contudo, intervalo livre de doença e sobrevivência
média baseada na presença ou ausência de mutações do p53
foram significativamente diferentes, p=O,O2 e p=O,O3,
respectivamente. Em estudo interessante,
Zhang61 utilizou quatro anticorpos para detectar as alterações do
p53. Hiperexpressão do p53 foi mais comumente
encontrada no cólon esquerdo e reto, carcinomas não
mucinosos, aneuplóides, e em tumores com alta atividade
proliferativa. Independentemente de qual anticorpo foi utilizado, o
prognóstico foi fortemente desfavorável para tumores p53
positivos quando comparados aos negativos.
Interpretação da demonstração imunohistoquímica da
proteína p53 é baseada na premissa de que o p53
selvagem tem meia-vida curta, não sendo
detectável.17 As
mutações do p53 tornam a proteína mais estável e,
portanto, detectável. Contudo, coloração positiva para p53 não
necessariamente implica em mutação, desde que
degradação reduzida ou ambiente celular alterado podem
similarmente tornar a proteína p53 selvagem
detectável.62,63 Da mesma maneira, a ausência de coloração pode ocorrer em
casos de deleção do gene, falência de transcrição, ou de
mutação não estável; todas as quais podem estar associadas
com perda de função do
p53.62,64 Estudos recentes, contudo, demonstram a correlação entre hiperexpressão da
proteína p53 e a mutação do gene, especialmente quando está
presente coloração intensa. Ademais, a imunohistoquímica
foi considerada mais exeqüível do que o seqüenciamento
do DNA na avaliação do estado funcional do p53, pois,
apesar da estabilização do p53 ocorrer devido às mutações
ou outros mecanismos como proteínas virais, a proteína
estável e, portanto, detectável à imunohistoquímica pode
resultar em perda da função de supressão tumoral.
Alta atividade proliferativa está associada com
maior potential malígno do câncer
colorretal.65,66 Células em proliferação são mais responsivas ao dano radioterápico, e
tumores com diferentes índices de proliferação podem
responder diferentemente à
radioterapia.31 Os resultados aqui apresentados confirmam observações prévias, as quais
sugerem que alto índice de Ki-67 não é um bom indicador
de resposta tumoral à
radiação,29,31,67 porém contradizem
outros que têm achado associação entre a coloração de
PCNA e patológico diminuição do estádio tumoral de reto
tratados com irradiação pré-operatória seguidos de cirurgia
radical.68 Isto pode ocorrer por diferenças na seleção
dos pacientes, tamanho da amostra, definição da
resposta tumoral à radiação, e critérios para definir a positividade
às colorações de marcadores de
proliferação.31 Os dados
desta investigação indicam que o alto Ki-67 associou-se
com maior índice de recidiva tumoral e menor
sobrevivência média. Três outros estudos da literatura reportam
resultados conflitantes quanto à significância prognóstica da
expressão de Ki-67 pré-radiação em tumores de reto
tratados com radioterapia pré-operatória seguidos por cirurgia
radical. Dois pequenos estudos demonstram associação
entre altos índices proliferativos e menor intervalo livre de
doença, 67,69 porém estes resultados não foram confirmados
em grandes estudos e com longo seguimento.
68
Em resumo, a hiperexpressão do p53 e do Ki-67
mostrou serem variáveis independentes na avaliação
prognóstica da resposta terapêutica e resultado dos pacientes com
câncer de reto distal. Melhor resposta ao tratamento
quimio/radioterápico e maior tempo de sobrevivência
correlacionou significantemente com a ausência de hiperexpressão do
p53 e baixos níveis de proliferação celulares. A presença
ou ausência de mutações gênicas específicas pode prover
informação útil que pode alterar a decisão terapêutica
no câncer de reto distal e poderia ser usado para
direcionar futuros ensaios clínicos de quimio/radioterapia. A
habilidade de se indicar o tratamento apropriado aos pacientes
baseados nos marcadores de comportamento biológico e
de eficácia terapêutica pode ser uma valiosa arma na
estratégia terapêutica em pacientes com câncer de reto distal.
Summary: lntroduction: The ability to predict biologic behavior and treatment responsiveness would be a valuable asset in the management of low rectal cancer. p53 e Ki-67 hiperexpression were correlated with: clinicopathological parameters, treatment response and outcome. Methods: Tissue sections from 72 patients with potentially resectable low rectaI adenocarcinoma were stained for p53 and Ki-67 proteins. AlI patients received external beam radiotherapy (5,040 cGy) and chemotherapy (5-fluorouracil + Ieucovorin). The complete responders were followed without surgical treatment, while resection was performed for the partial responders. Results: p53 hiperexpression was detected in 41/72 (56.9%) tumors and high proliferative rate (MIB-1) was observed in 36/72 (50%) tumors. Tissue samples collected pre- and post chemo/radiotherapy exhibited fidelity in p53 status in all cases. p53 status and Ki-67 reactivity were correlated with recurrent disease (p=0.04, p=0.001, respectively), however did not correlate with: age, gender, T.N.M. stage and residual disease after chemo/radiotherapy. p53 and Ki-67 were associated with diminished overalI survivaI (68.3 vs. 87,2 months, p=0.005 and 60.6 vs. 89.4 months, respectively) and disease-free survival (60.3 vs. 81.9 months, p=0.004 and 49.34 vs. 86.58 months, respectively). Conclusion: p53 and Ki-67 proteins may be useful as prognostic markers in preoperatively irradiated low rectal cancer patients.
KEY WORDS: p53 hiperexpression, MIB-1, low rectal cancer, prognosis, chemotherapy, radiotherapy
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