RESUMO DOS ARTIGOS
Sayfan J, Averbuch F, koltun L, Benjamin N. Effect of rectal stump washout on the presence of free malignant cells in the rectum during anterior resection for rectal cancer. Dis Colon Rectum 2000; 1710:1712.
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da
lavagem do côto retal na erradicação de células
neoplásicas durante cirurgia de ressecção anterior por câncer
colorretal. Em 14 pacientes o côto retal foi ocluído por uma pinça
não traumática distal ao tumor e realizada lavagem com
introdução de 50ml de solução salina até um total de
500ml, através de um retoscópio. Amostras do líquido de
retorno para pesquisa de células neoplásicas foram colhidas na
1ª, 5ª e 10ª lavagem. Na primeira lavagem, 11 pacientes
apresentavam células neoplásicas positivas, na quinta
lavagem, 7 pacientes permaneciam com citologia positiva e na
última lavagem (décima) a citologia foi positiva em somente
4 pacientes.
Os autores concluem que a lavagem mecânica
pode erradicar as células malignas livres no côto retal, porém
a eficácia é volume dependente, sugerindo que a lavagem
do côto retal durante ressecção anterior para
adenocarcinoma deve ser realizada de forma rotineira e o volume da
lavagem deve ser superior a 500 mililitros de solução salina.
Santoro GA, Eitan BZ, Payde A, Bartolo DC. Open Study of low-dose amitriptyline in the treatment of patients with idiopathic fecal incontinence. Dis Colon Rectum 2000, 43: 1676:1682.
Este estudo foi realizado para testar a resposta
da amitriptilina, uma droga antidepressiva tricíclica com
propriedades anticolinérgica e serotoninérgica, no
tratamento da incontinência fecal idiopática.
Em dezoito (2 homens) pacientes com
incontinência fecal idiopática foram administrados 20mg diários
de amitriptilina por 4 semanas.
Avaliação da incontinência foi realizada através do
número de evacuações, pressão anorretal
computadorizada ambulatorial, latência do nervo pudendo e escala para
incontinência fecal antes e após 4 semanas do
tratamento. Os resultados mostraram uma melhora da
incontinência fecal em 89 por cento destes pacientes.
Neste estudo os autores concluem que a alteração
maior com a amitriptilina foi a diminuição da amplitude e
freqüência do complexo motor retal e que a droga aumenta
o tempo de trânsito colônico, levando à formação de
fezes de consistência firme com menor escape fecal,
sugerindo que a combinação destes efeitos pode ser a causa da
melhora da continência.
Pernotti P, Antropoli C, Noschese G, et al. Topical nifedipine for conservative treatment of acute hemorrhoidal thrombosis. Colorrectal Dis 2000; 2:18-22.
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da
aplicação local da nofedipina gel no tratamento da
trombose hemorroidária aguda. Este estudo foi prospectivo e
randômico comparando nifedipina tópica com lidocaína gel e gel
de acetato de hidrocortisona cada 12 horas por 2 semanas.
Após 14 dias de tratamento houve regressão total
da dor e da tumoração em 91 por cento do grupo que
usou nifedipina, comparado com 45 por cento do grupo
controle. Não houve efeitos colaterais significantes com este
tipo de tratamento.
Os autores concluem neste estudo, que o
tratamento da trombose hemorroidária aguda com nifedipina gel
foi efetivo na diminuição da dor e regressão da
trombose nestes pacientes.
Harttey JE, Meligan BJ, Mac Donald AW, Lee PW, Monson Jr. Patterns of recurrence and survival after Laparoscopic and convencional ressections for colorrectal carcinoma. Ann Surg 2000; 231:181-26.
O propósito deste estudo foi avaliar a segurança
da cirurgia laparoscópica no tratamento do câncer
colorretal. De dezembro de 1993 a março de 1996 todos os
pacientes com diagnóstico de câncer colorretal foram
operados, pela via convencional e laparoscópica, sendo 61
pacientes do grupo laparoscópico. Este estudo foi
prospectivo, e os pacientes não foram randomizados.
Todos os pacientes tiveram seguimento mínimo de
24 meses, incluindo exame clínico, tomografia,
colonoscopia e ressonância magnética. A curva de sobrevida
foi construída usando o método Kaplan-Meier.
Dos sessenta e um pacientes tratados por cirurgia laparoscópica,
20 necessitaram de conversão para cirurgia aberta. O
seguimento médio foi de 42 meses e os 2 grupos foram
equivalentes em termos demográficos e de
estadiamento (Dukes).
No grupo laparoscópico 28 por cento
desenvolveu recidiva da doença versus 21 por cento no grupo
convencional. A diferença não foi
estatisticamente significante. A taxa de recidiva local para todos os
casos de câncer retal foi de 24 por cento no
grupo laparoscópico e 19 por cento no grupo
convencional. Não houve recidiva nos locais dos trocartes. Os
autores concluem que o padrão de recidiva da doença
e sobrevida com a cirurgia laparoscópica e
convencional para câncer colorretal é similar.
Wexner SD, Rotholtz NA. Surgeon influenced variables in resectional rectal cancer surgery. Dis Colon Rectum 2000; 43: 1606-1627.
Este interessante trabalho de revisão aborda a
influência do cirurgião como uma das variáveis no
resultado da ressecção do câncer retal. Foi realizada uma
revisão dos trabalhos publicados na literatura relacionados à
técnica operatória, formação e especialização do
cirurgião, onde foram analisados os fatores que poderiam
influenciar no resultado da cirurgia do câncer retal.
Os autores concluem que há muitas maneiras
das quais o cirurgião pode otimizar a ressecção curativa
do câncer retal, tais como: margens apropriadas distais
e laterais livres de tumor, com excisão total de
gordura perirretal deve ser o objetivo principal nos tumores
do reto médio e inferior. Reconstrução deve ser
realizada sempre que possível com uma bolsa colônica em J.
Os cirurgiões devem estar consicentes de seus padrões
de prática cirúrgica, volume de cirurgia, capacidade
técnica e principalmente dos seus resultados. Estes
resultados devem ser freqüentemente auditados e
discutidos com os pacientes.
Koea JB, Lanouette N, Paty PB, Guillem JF, Cohen AM, Abdominal wall recurreence after colorectal resection for cancer. Dis Colon Rectum 2000; 43:628-632.
O objetivo deste estudo retrospectivo foi definir os
fatores clínicos, patológicos e o tratamento da metástase
de parede abdominal em pacientes operados de
câncer colorretal por via convencional.
No período de 1896 a 1998 foram operados no
Memorial Sloan. Kettering Cancer Center 31 pacientes (19
homens) de metástase de parede abdominal com período médio
de recidiva de 24 meses (7 a 183 meses) após cirurgia
primária convencional.
Os resultados desta investigação, segundo os
autores, definem mais claramente a natureza e tratamento
da metástase de parede abdominal após cirurgia aberta
para câncer colorretal. Segundo os autores, o foco cirúrgico
atual tem sido a recidiva nos locais dos trocartes depois de
cirurgia laparoscópica, no entanto alguns fatores desta
investigação podem ser relevantes na elucidação desta nova
condição clínica. Pacientes portadores de tumor
transmural com glânglios positivos têm risco potencialmente maior
de desenvolver metástase de parede abdominal. A recidiva
de parede também foi mais freqüente nos pacientes
com adenocarcinoma de cólon direito.
A ressecção cirúrgica completa da recidiva da
parede abdominal, mesmo quando combinada à ressecção
de víscera intra abdominal envolvida, foi associada com
resultado favorável, em mais da metade dos pacientes.
Pelo contrário, a ressecção da doença que recidiva
na parede abdominal e em outros locais disseminados
dentro do abdome, foi associada a um prognóstico sombrio e
nestes pacientes o tratamento deve ser preferencialmente
com quimioterapia sistêmica.
Yamamoto T, Bain IM, Allan RN, Keighley MRB. Persistent perineal sinus after proctolectomy for Crohn's disease. Dis Colon Rectum 1999; 42: 96-101.
Este estudo retrospectivo analisa os fatores
responsáveis pelo não fechamento da ferida perineal persistente
após proctocolectomia na doença de Crohn. Os autores
também avaliam seus resultados com o tratamento
cirúrgico da ferida perineal.
Esta complicação ocorreu em 33 pacientes (23%)
nesta série de 145 pacientes operados de proctolectomia. Os
fatores associados com risco significantemente maior
com ferida perineal com "sinus" persistente foram:
pacientes jovens (p = 0.006), comprometimento retal (p =
0.02), sepsis perineal (p = 0.0005), fístulas altas (p =
0.004), excisão extra esfincteriana (p = 0.0004) e
contaminação fecal na operação (p = 0.009).
Foram realizados neste pacientes, 56 procedimentos
cirúrgicos, incluindo 24 excisões radicais, 2 retalhos de
reto abdominal, 4 transposições de músculos gracilis, e
2 omentoplastias, mas somente 9 pacientes obtiveram
cicatrização completa.
Os autores concluem que o "sinus" persistente
perineal ocorre mais freqüentemente se a dissecção extra
esfincteriana é necessária, devido a doença anorretal extensa
ou quando ocorre contaminação fecal durante a cirurgia.