OPINIÕES E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Júlio César Monteiro dos Santos Júnior - TSBCP
RESUMO: O tratamento cirúrgico da doença diverticular complicada com sepse peritoneal permanece ainda como um grande desafio
e envolta em controvertidas opiniões. A despeito do desenvolvimento técnico-científico e de apoio médico-cirúrgico, o tratamento
dessa moléstia continua acompanhado de proibitivas taxas de complicações e altos índices de morte pós-operatória. Vários tipos de
procedimentos têm sido propostos, quase todos ideados com base nos alarmantes e inesperados resultados; uns abandonados e outros
modificados, refletindo a aquisição de novas concepções.
Esse manuscrito reflete a intenção de mostrar esses aspectos e as mudanças que certamente abalam conceitos e nos obrigam
rever os pontos de vista sobre os quais foram edificados muitos dos fundamentos que norteiam as condutas cirúrgicas da
Coloproctologia moderna.
Unitermos: doença diverticular dos cólons, diverticulite, sepse peritoneal, tratamento cirúrgico
OPÇÕES DE TRATAMENTO CIRÚRGICO
A doença diverticular dos cólons (DDC) é
bem divulgada, mas mal conhecida. Pouco se sabe a respeito
da evolução natural dessa doença. Dados coletados de
diversas publicações não permitem conhecer corretamente
nem a prevalência nem a sua incidência.
Sabe-se que incidência da DDC aumenta com a idade
e raramente a moléstia compromete pessoas abaixo dos
30 anos, mas supera os 30%, na 5º década da vida.
Cinqüenta por cento, ou mais, das pessoas com idade entre 80 e
90 anos tem DDC1-3.
As estimativas populacionais de sua prevalência
subestimam a realidade por algumas razões e, dentre elas,
podem ser destacadas duas: a primeira, é pelo fato de que,
na pessoa viva, os exames que poderiam diagnosticar a
DDC só são feitos quando há uma história clínica com
sintomas que os justifiquem; a segunda, é que, no exame
post mortem, via de regra, os pequenos divertículos podem
passar despercebidos4.
Almy e Howell5 estimaram que nos USA a DDC
incidia em 30 milhões de pessoas, com distribuição semelhante
a que fora observada por Parks3. Duzentos mil dessas
pessoas procuraram, anualmente, atendimento médico por
sintomas relacionados à doença.
A distribuição da doença pelo mundo evidencia
algo interessante relacionado aos hábitos alimentares das
populações. A doença é mais comum nos países
industrializados, como os do extremo leste da Europa, nos USA,
no Canadá, mas é incomum na Índia e na África. Porém,
a incidência vem aumentando entre os negros
norte-americanos e entre os japoneses que emigraram para os USA
e adquiriram os hábitos
ocidentais6-12.
A maior parte do que se sabe a respeito da
incidência da DDC deve-se aos estudos de registros de pacientes
que procuraram os hospitais e que, em geral, foram ou os
que apresentavam sintomas persistentes ou os que
apresentavam sintomas iniciais graves. Assim, os dados são
oriundos de fontes irregulares e não expressam a realidade.
Contudo, por meio deles, pode se obter uma incidência
aproximada variando de 0,9 a 2 pessoas adultas para cada
1000 da população. A incidência anual varia de 0,17/1000,
na faixa etária de 15-55 anos; até 1,3/1000 para pessoas,
na faixa etária de 45-59 anos ou 3,88/1000 para as
idades entre 60-74 anos e 5,74/1000 para aqueles acima de
75 anos de vida1-3,5.
Diversos estudos separam a DDC em duas doenças
distintas ou em dois grupos distintos de pacientes com a
doença. Um grupo tem sintomas intestinais crônicos com
ocasional e exagerada sintomatologia de caráter
essencialmente funcional, mas que podem, eventualmente, evoluir
para uma forma complicada grave; o outro, é
assintomático, mas acaba sendo admitido nos hospitais com
complicação que pode exigir tratamento cirúrgico. Alguns autores
fazem referência a isso assinalando que mais de 50%
dos pacientes que foram admitidos em hospitais com
complicação da DDC eram assintomáticos até há um mês
antes da internação. Três quartos dos pacientes tinham
sintomas há menos de um ano3,13.
Nós poderíamos acrescentar um terceiro grupo,
mais desconhecido ainda, que são totalmente assintomáticos,
nos quais a DDC é achado ocasional. São pacientes
idosos, com os divertículos de orifícios amplos e distribuição
generalizada pelo cólon, que é de calibre normal. Não
raramente, a DDC é descoberta neles por ocasião da
investigação da causa de hemorragia intestinal.
A doença, portanto, é de padrão variável, como se
pode notar mesmo quando nos reportamos aos dados da
literatura oriundos de centros com casuística grande. Glauser
e Filippini14 observaram que em 100 pacientes com
doença diverticular, oitenta por cento tinham idade superior a
60 anos; 14%, estenose inflamatória, 4% obstrução, 5%
tinham perfuração e 44% apresentavam sangramento
intestinal. Entre os 300 pacientes estudados por Verschraegen
e Ansay15, 5,6% tinham associado o câncer do cólon;
68,7% receberam tratamento clínico, com melhora; 2,3%
morreram no hospital e 29,3% dos pacientes foram
operados. Podesta e Pace16 estudaram 238 pacientes com DDC
e verificaram que 143 pacientes (60%) tinham história
de menos de um mês de duração, independente da doença
ser mais ou menos extensa. Não houve correlação entre
os aspectos clínicos e patológicos da doença e apenas
17,6% (42 pacientes) necessitaram tratamento cirúrgico.
Estudo retrospectivo de registros de 400 pacientes com DDC
tratados e acompanhados em um Hospital Universitário
mostrou resultados semelhantes17. O índice de operação,
no grupo, foi de 16,25% (65 pacientes). A grande
maioria delas foi indicada com base em repetidos ataques
de diverticulite com ou sem abscesso, peritonite localizada
ou generalizada, hemorragia maciça, fístulas e, também,
por causa de sintomatologia persistente, tal como dor, cólica
e constipação rebelde.
A - quando operar?
O paciente com DDC deve ser operado? Há
alguma orientação de consenso em relação à necessidade ou
não de tratamento cirúrgico? Em que situação o tratamento
cirúrgico é necessário?
A tentativa de respostas a essas questões pode nos
levar a digressões meramente acadêmicas e suas
conseqüentes conclusões. Pode, no entanto, ser simples, sem
explicação ou nada conclusiva nos casos em que os
"porquês" deixarão de estar explícitos. Pode ser, apenas, SIM ou
NÃO, para as duas primeiras questões, respostas dadas de
acordo com cada caso em particular, com anexos
explicativos sem que neles se estabeleçam regras para vincular a
conduta de um caso a de outro, mas de forma que a
terceira questão fique, também, respondida. Isto, no entanto,
sem um protocolo cada "caso" é um e deve ser visto de
forma isolada.
O tratamento cirúrgico da doença diverticular
estaria indicado nas formas sintomáticas e complicadas e
naquelas situações em que a complicação, tal como a
diverticulite, torna-se manifestação freqüente da doença; em casos
selecionados de complicações inflamatórias associadas à
perfuração do divertículo, nas obstruções, nas peritonites
localizadas, nas peritonites generalizadas e nas
formações fistulosas.
Não há, no entanto, uma conformidade de idéias a
respeito da indicação dessa modalidade terapêutica; ou
seja, não há critérios bem definidos sobre os quais pouse
um consenso unânime principalmente quando se refere,
em alguns aspectos, sobre o melhor momento da operação.
Excluindo as situações em que o tratamento cirúrgico
é obrigatoriamente imposto pelo caráter urgente ou
emergente do "caso" em questão, o que se observa é que
entre cirurgiões europeus e americanos separam-se idéias, se
não opostas ou contrárias, são pelo menos discordantes.
Se aqueles eram menos agressivos quanto à indicação do
tratamento cirúrgico da DDC complicada, estes
preconizavam a operação, por exemplo, após um único ataque
de diverticulite - nos casos de pacientes jovens,
principalmente - com o propósito de evitar complicações futuras,
mais graves. Mesmo ante as divergentes opiniões existentes,
o quadro abaixo se tornou o clássico conjunto de
indicadores para o tratamento cirúrgico eletivo da DDC.
Quadro 1. Indicações para o tratamento cirúrgico eletivo da DDC18
1. Um ou mais ataque de dor no quadrante inferior esquerdo do abdômen, acompanhado de febre, leucocitose com evidências clínicas e radiológicas de diverticulite.
a. especialmente em pacientes com idade inferior a 50 anos
b. exames radiológicos com evidências de extravasamento de contraste
c. sintomas urinários
d. obstrução intestinal
2. Alterações radiológicas que impossibilitam a diferenciação com lesão neoplásica
3. Após reanimação de episódio de hemorragia maciça
Parece, todavia, que o que gera discussões é o fato
do tratamento cirúrgico da DDC, na maioria das vezes,
estar sistematicamente associado às complicações, em geral
graves, e por ser a operação, não raramente, feita em
condições de emergência ou de urgência. Isso que parece,
pode ser posto em mais evidência quando notamos que há
um número relativamente grande de táticas e técnicas
cirúrgicas de abordagem dessa doença, maioria das quais
criadas com base nos índices de complicações operatórias ou
pós-operatórias, que incluem, evidentemente, a morte.
Técnicas conservadoras, tais como laparotomia exploradora
e drenagem, laparotomia exploradora, drenagem e
colostomia derivativa ou as mais "prudentes", como apenas
as colostomias, foram usadas no passado de maneira indiscriminada sob a justa causa de proteção ao paciente.
Na realidade, a abordagem cirúrgica inicialmente
preconizada foi a ressecção do segmento afetado
com anastomose primária19. Esse procedimento foi, dado às
dificuldades e perigos decorrentes, substituído por
técnicas menos agressivas, representadas pelas colostomias
temporárias ou permanentes na expectativa de que, com o
trânsito derivado, o processo inflamatório regredisse por
completo e a colostomia, futuramente, fosse fechada.
A evolução não foi a esperada de tal modo que o
tratamento nem sempre pôde ser completado, como foi
idealizado.
Seria possível, conhecendo esse caráter da DDC,
fazer tratamento preventivo?
O que foi postulado e que está no quadro 1 sobre
um ou dois ataques de diverticulite, que tem conotação
de eletivo e que pode ser discutido, também, como
profilático, tem sido contestado.
O intervalo entre o fato o ataque de diverticulite - e
o ato o procedimento operatório executado com a
justificativa de prevenir complicações futuras, de maior
gravidade, e, portanto, operar em circunstâncias mais seguras
tem sido posto em questão, ainda que a DDC possa ser
considerada como causa relevante de morbidade e
mortalidade ou que, no paciente jovem ou no imunodeprimido,
essas complicações se não se tornam fatais, são tão graves
que, freqüentemente, precisam ser manipuladas
com colostomias20-22.
A respeito dos propósitos profiláticos, o que tem
sido aconselhado é o seu desuso.
Lorimer23, em 1997, por exemplo, anotou que de 392 pacientes admitidos ao
hospital com diverticulite, 39% (154) tinham uma das formas
complicadas da doença, tais como: ou perfuração, ou
fístula sem abscesso ou obstrução intestinal completa. A
maioria tinha o estado de saúde bastante comprometido e
muitos tinham fatores complicadores associados.
O tratamento cirúrgico foi seguido de complicações e
a taxa de óbito global foi de 22% ou de 9% quando se
considerou, exclusivamente, o óbito operatório. O autor
chama a atenção para o fato de que noventa por cento
desses pacientes não haviam sido tratados anteriormente por
causa de ataques de diverticulite, mas estavam sendo
vistos pela primeira vez, acometidos por um processo grave,
como pode ser atestado pelo alto índice de complicações e
óbitos23.
Os antecedentes desses fatos e as observações
feitas por outros autores24,25 aconselhando abordagem
terapêutica menos agressiva, com base em fontes que crêem que
a história natural da doença diverticular não é tão
sombria como já descrita, podem ser vistos como manifestos
contra o procedimento profilático.
Os autores26-29 que acompanharam mais de 600
pacientes tratados conservadoramente, por período médio
de até 10 anos, dão ênfase às evidências de que a
ressecção profilática não é capaz de prevenir futuras
complicações da DDC, destacam que a indicação para cirurgia
eletiva permanece apenas como uma sugestão especulativa e
realçam que, na eventualidade de se ter que optar por
uma retossigmoidectomia eletiva, mais destaque deveria ser
dado para intratabilidade dos sintomas e para a presença
de significativas obstruções e menos para as especulações
dos improváveis
benefícios23, isto é, o tratamento deve visar
o problema atual.
No entanto, há outros, como Mäkelä e
col.30, que, para minimizar a morbi-mortalidade das complicações
comuns da DDC, aconselharam que a opção de tratamento, após
o segundo ataque resolvido de forma conservadora com
antibióticos, deve ser cirúrgica, principalmente para os
pacientes com menos de 50 anos e para os
imunodeprimidos. Eles estudaram 366 pacientes admitidos por causa
de doença diverticular aguda. Dividiram esses pacientes
em três grupos, de acordo com a faixa etária, e dentro de
cada grupo classificaram a doença usando a gradação
de Hinchey31.
O grupo 1, com 74 pessoas, foi formado por
pacientes com idades inferiores a 50 anos; o grupo 2, com 179
pessoas e idades entre 51 e 70 anos e o grupo 3, com
113 pessoas de idades superiores a 70 anos. O diagnóstico
de diverticulite, isoladamente, foi o mais comum nos três
grupos (80% no grupo 1, 75% no grupo 2 e 71% no grupo
3). O segundo mais freqüente diagnóstico foi a perfuração
(19% no grupo 1, 17% no grupo 2 e 19% no grupo 3). As
taxas de procedimentos cirúrgicos para os diferentes grupos
foram: grupo 1 - 26/74 (35%); grupo 2 - 48/179 (27%);
grupo 3 27/113 (24%). No grupo 1, 58% das
operações foram por causa de diverticulite; no grupo 2, a
diverticulite foi responsável por 33% das operações e no grupo 3,
por 22%. A perfuração foi motivo para 42% das operações
do grupo 1; 46% no grupo 2 e 67% no grupo 3. Tudo
isso para um total de 101 pacientes porque os outros 72%
foram, pelo que se pode supor, tratados clinicamente.
Assinalaram que a mortalidade operatória foi de
4% enquanto um percentual relativamente grande de
colostomia em grupos diferentes de paciente permaneceu sem ser
fechado. Quando se estudou a taxa de recorrência
da diverticulite, após o primeiro tratamento, excluindo
todos os operados, as seguintes observações puderam ser
feitas: no grupo 1 a recorrência foi de 40%; no grupo 2, de 17%
e no grupo 3, 19% . Por outro lado, nenhum dos
pacientes operados apresentou, no mesmo período, recidiva da
complicação30. Esses autores deram ênfase às
recomendações
anteriores32 de que todos os pacientes após dois
episódios de diverticulite não complicada devem ser operados
para que se possa reduzir os riscos de subseqüentes
complicações da DDC. Os autores mencionam, mas não
discutem que 246 pacientes (67% do grupo todo)
apresentaram-se para tratamento, no primeiro episódio de diverticulite.
Essas observações nem sempre são reeditadas por outros
autores. Chautems e col.33 num seguimento de 10 anos,
observaram 86 pacientes de 110 "casos" de diverticulite
e chegaram a conclusão que os ataques recorrentes
de diverticulite podem ser tratados como o primeiro sem
a necessidade, portanto, de que o segundo seja
determinante para outra opção terapêutica, como a cirúrgica
Um grupo pequeno de pacientes todos com
idade inferior a 50 anos tratados ou clinica ou
cirurgicamente, foi acompanhado para conhecimentos referentes a
história natural da DDC, após uma crise inicial. O seguimento,
de 5 e 10 anos, foi dirigido aos que receberam
tratamento exclusivamente clínico. Esse grupo foi de 30 pessoas,
com idade média de 44 anos, 28 dos quais atenderem ao
chamado. Nove deles (32%) foram operados por causa
de diverticulite recorrente e submetidos a sigmoidectomia,
em situação eletiva, com anastomose primária. Os outros
19 (68%) não precisaram de tratamento cirúrgico durante
o tempo do seguimento, embora dois tenham sido
hospitalizados por causa de diverticulite. Oito deles continuaram
a ter sintomas abdominais atribuídos a DDC, mas a
maioria (11 pacientes) permaneceu assintomática. Assim, os
autores optaram por aconselhar que a população jovem
não seja submetida a tratamento cirúrgico após um único
ataque de diverticulite solucionado de forma
conservadora34.
A natureza agressiva da diverticulite na população
mais jovem não é observação de todos os grupos de
estudos. Spivak e col.35 salientaram esse aspecto ao estudar
63 pacientes com idades inferiores a 45 anos (média de
38,5 anos) tratados no Beth Israel Medical Center,
representando 9,5% da população de pessoas admitidas com o
diagnóstico de DDC. O tratamento conservador foi
iniciado em 43 pacientes, mas por causa de duas falhas, o
tratamento médico foi interrompido e dois pacientes desse
grupo foram operados. Assim, 22 dos 63 pacientes
(35%) foram tratados com operação e o achado
intra-operatório confirmou o achado pré-operatório somente em 10
deles, com erro, portanto, envolvendo 12 pacientes. Os
diagnósticos pré-operatórios mais comuns, nesse grupo de 12
pacientes foram de apendicite (9), doença tubo-ovariana
(2) e obstrução intestinal (1), o que, logicamente
contribuiu para um alto índice de exploração cirúrgica verificado
nessa casuística.
O estudo de dados compilados na literatura médica
em 11 publicações feitas entre 1970 e 1996, que reúnem
um total de 620 pacientes, nos permite destacar resultados
semelhantes. O tratamento cirúrgico de emergência,
variando de 15 a 88%, foi feito em 27,6% das vezes,
envolvendo um total de 171 pacientes. O achado
intra-operatório não foi condizente com o diagnóstico peroperatório em
72 casos, com 42% de erro 35,36-45. Esses dados, bem como
os de outros autores46.47, põem em questão as afirmativas
a respeito da maior agressividade em DDC complicada
no paciente jovem e, além disso, destacam um percentual
alto de erros e, portanto, de interpretações inadequadas.
Em resumo a decisão na escolha do tipo de
tratamento para a DDC em pacientes que se apresentam com
uma das formas de complicação, independente de ser a
primeira crise, o que soe acontecer com a maioria deles, ou
a segunda, pode e deve, para cada um, em particular,
ser norteada por critérios pré-estabelecidos,
reconhecendo-se que "as diretrizes de um algoritmo não devem ser
consideradas de forma estrita..... O julgamento final com vista
a qualquer tipo de procedimento específico deve ser
feito pelo médico à luz de todas as circunstâncias
apresentadas por cada um dos pacientes,
isoladamente"32.
Como é obvio, o diagnóstico é importante pois a
correta interpretação dos sinais e sintomas, a judiciosa
integração dos dados da anamnese ao lado de exames
laboratoriais com os achados de imagem, indicados e avaliados
corretamente, subsidiarão o procedimento terapêutico.
No que se discute, estamos diante do quadro que
caracteriza uma síndrome denominada como "abdômen
agudo", que significa, por enunciado, "distúrbio abdominal
que exige tratamento médico ou cirúrgico em caráter de
emergência ou urgência". Qualquer que seja a situação ou
os procedimentos terapêuticos disponíveis, a causa do
abdômen agudo precisa ser, então, definida. Porque se a
causa for apendicite aguda, haverá tipos específicos de
abordagens terapêuticas pode ser uma apendicite simples
ou catarral, fleimonosa, formando um tumor inflamatório;
pode ser purulenta, pode ser necrótica com ou sem
abscesso bloqueado, ou com peritonite generalizada.
A resposta urgente ou de emergência para o
tratamento do abdômen agudo não significa necessariamente
operação cirúrgica. O que pode ser uma emergência
cirúrgica para o leitor, pode ser uma urgência clínica para mim
ou vice-versa. Por exemplo, há 25 anos não opero um
paciente com apendicite quando a forma de apresentação é
o "tumor inflamatório localizado", com ou sem o
abscesso. A urgência é clínica e o tratamento assim se procede
para eventual exploração cirúrgica
retardada48.
A DDC pode nas suas formas complicadas ser
dividida em duas alterações patológicas denominadas de:
a. diverticulite e
b. diverticulite complicada. Esta pode se apresentar na
forma de:
1. fleimão processo inflamatório localizado,
2. abscesso pericólico,
3. abscessos peritoneais ,
4. peritonite purulenta generalizada e
5. peritonite fecal generalizada.
As modalidades patológicas de apresentação, enunciadas acima sob o termo de diverticulite complicada, foram agrupadas em estágios, elaborados por Hinchey e col.31, da seguinte maneira (quadro 2):
Quadro 2- Classificação de Hinchey31
Estágio I Estágio II - diverticulite com fleimão ou abscesso pericólico- diverticulite com abscessos peritoneais
Estágio III Estágio IV - diverticulite com peritonite purulenta generalizada- diverticulite com peritonite fecal generalizada
Essas formas podem ter tratamentos específicos
diferentes.
A diverticulite e a diverticulite complicada têm
abordagens definidas que vão variar de acordo com a resposta
ao tratamento inicial. Geralmente a diverticulite recebe, de
inicio, tratamento clínico que se resume em repouso
alimentar, repouso no leito, antibioticoterapia oral ou
parenteral, visando os aeróbios gram-negativos, os anaeróbios
gram-negativos e os gram-positivos da flora
intestinal; monitorização da temperatura axilar, da freqüência
cardíaca e exame médico com a periodicidade que o caso exigir.
A estabilização deve ser rápida e a melhora sobrevir
em 48 a 76 horas. O tratamento clínico da diverticulite é
solução em até 100% dos casos
(70-100%)49,50, o que é
válido para o fleimão associado ou não ao abscesso pericólico.
A maneira de iniciar ou de escolher o tratamento
inicial não depende de formulas, mas da experiência do
médico responsável.
Há médicos que ao receberem um paciente (60 a
70 anos) com história de doença diverticular complicada e
com massa dolorosa, de limites pouco precisos, palpável e
ocupando a metade do quadrante inferior do abdômen
(pode ser no esquerdo ou no direito), picos febris de 38
oC, iniciam as investigações por meio de imagens
tomografia computadorizada, ultra-som, clister de contraste
iodado, etc além dos exames laboratoriais e, imediatamente,
optam pela terapêutica cirúrgica. Sofrem, no
intra-operatório, sempre com as considerações de que "o caso é
grave, é difícil pois se trata de grande massa tumoral;
mesocólon espessado, gordo, encurtado pelo processo
inflamatório; sigmóide curto, de paredes espessas, musculatura
lisa hipertrofiada, própria da forma hipertônica da
doença diverticular; cólon aderido às estruturas vizinhas
manipulação difícil serosite friável, laceração fácil da serosa
e da subserosa, às vezes envolvendo toda a camada
muscular, até próximo da mucosa. De repente um lago de pus,
o desbloqueio; eventualmente o conteúdo de
aspecto fecalóide. Está feito o que não deveria ter sido feito
contaminação inevitável. Nesse ponto de desenvolvimento
da tática cirúrgica não há retorno. A operação prossegue
mais descolamentos, com maiores áreas de lesão
do peritônio parietal, até que a ressecção do segmento
doente se torne possível. Com todo o cuidado, há sempre o
escape do conteúdo intestinal, perpetuando a contaminação.
É necessário fazer uma estimativa do segmento distal
e proximal. A inflamação se estende em sentido caudal;
fugindo dela, o reto proximal é secionado e fechado e o
segmento proximal é exteriorizado por contra abertura, no
lado esquerdo do abdômen operação de Hartmann. Lavar
o local? Aspirar? Colocar dreno tubular? Independente
desses artifícios, seguirão dias, até a alta do paciente e o
cumprimento do período de pós-operatório precoce (pelo
menos 30 dias) de enormes expectativas em relação às
complicações possíveis, sem contar do que poderá ser
esperado, futuramente, por ocasião da reconstrução do
trânsito intestinal. Se o paciente fizer parte da minoria,
evoluirá bem, mas se fizer parte da maioria, sofrerá com as
complicações que ascendem ao índice de 40% ou
mais51 ou eventualmente, morrerá índice de óbito para casos
semelhantes é variável e pode atingir 27% dos
pacientes52.
Por outro lado, há cirurgiões que, diante de casos
semelhantes, farão a opção por um tratamento mais
"conservador". Escolherão a terapêutica clínica repouso
alimentar com hidratação parenteral, antibióticos,
antiespasmódicos de forma moderada avaliação clínica persistente e
cuidadosa, medindo cada um dos parâmetros significativos
temperatura, freqüência cardíaca, leucograma e,
sobretudo, medindo o paciente, seu estado geral, seu ânimo,
o viço em seus olhos, o apetite, a disposição, o local da
dor, a variação no tamanho da massa, a reação ao exame.
Talvez esse paciente melhore o que é possível e
provável, pois se seu estado geral de saúde for bom, a chance
de sucesso com o tratamento ascende a valores próximos
ou superiores a 70%50,52 razão porque esse paciente
talvez nunca venha ser operado, apesar de outras crises
leves; ou, talvez, até seja operado por um outro médico, o que
é possível, mas muito pouco
provável33.
O tratamento da doença diverticular complicada,
em caráter de urgência ou de emergência, tem sido
acompanhado de altos índices de complicações.
No final da década de 40 a mortalidade operatória
da DDC complicada era de 6%, em 58 de 2,7%; em
1965 1,4%. Esses valores foram obtidos com o tratamento
cirúrgico executado de forma
eletiva54.
Essa expressiva melhora, no decorrer daquelas
décadas, se deve, evidentemente ao progresso nos métodos
cirúrgicos e de suporte peroperatório, principalmente
relacionados ao uso adequado de antibióticos e, talvez à
menor agressividade cirúrgica e à maior limitação das
indicações para o tratamento operatório. A referida limitação
significa o emprego da operação fora do momento agudo de
manifestação da doença, significa maior suporte para o
tratamento clínico inicial, além do emprego de métodos
cirúrgicos, em etapas.
A maior insistência com o tratamento clínico ficou
evidenciada nos relatos de número de casos internados
por causa de diverticulite, do número de pacientes que
eram operados e dos que, operados eram submetidos,
primariamente, à ressecção do segmento cólico
afetado55.
A queda sensível da taxa de complicações operatórias
e pós-operatórias aumentou a lista de indicações para o
tratamento cirúrgico da DDC, outrora exclusivamente
destinado às complicações tais como diverticulite com
perfuração, abscessos, formação de fistulas, obstrução e
os sangramentos incoercíveis. Atualmente, são
incorporados à lista de motivos os sintomas persistentes de dor
no quadrante inferior esquerdo do abdômen, o quadro
clínico sugestivo de suboclusão intestinal e a constipação
intestinal, associadas aos divertículos, rebeldes ao
tratamento clinico. Essas indicações de caráter eletivo e de cunho
pessoal fogem do objetivo desse manuscrito.
Nessas circunstâncias a cirurgia empregada pode ser
a retossigmoidectomia (ressecção do reto alto, ou
transição retossigmóide), a sigmoidectomia ou a colectomia
esquerda, independente dos divertículos se espalharem por
todo o cólon.
Exceção inclui as cirurgias para a hemorragia
maciça em que nenhuma outra causa foi detectada, a não ser
os divertículos, e o local de sangramento não é
conhecido; nesse caso o que se preconiza é a colectomia total com
íleo reto anastomose55.
Os relatos mais recentes, no entanto, não têm
repetido as cifras de complicações citadas em décadas
passadas, contudo, eles não se referem às operações feitas em
caráter eletivo29,50,51-53,56-59.
Apesar de ser pequeno o número dos pacientes
com DDC complicada que terminam por necessitar de
tratamento cirúrgico60 eles tornam-se num grande problema
por causa do alto índice de complicações que seguem o
tratamento operatório, como foi bem assinalado por Netri
e col.51 num estudo com 239 pacientes admitidos por
causa de diverticulite dentre os quais 42 (18%) foram
submetidos a laparotomia em caráter de emergência e 44
(22%) foram clinicamente tratados para uma subseqüente
operação. Esses autores observaram que entre os tratados
com operação de emergência, houve 26 (62%) ressecções
segmentares do cólon com reconstrução imediata. A taxa
de complicação foi de 40%, com 12% de óbito. Por
outro lado, entre os que foram inicialmente conduzidos com
tratamento clínico, para a subseqüente operação, o índice
de complicação foi de 16%, com 2% de óbito.
Gooszen e col.59 compararam dois tipos de
procedimentos cirúrgicos no tratamento da DDC complicada,
no momento da sua apresentação, num total de 60
pacientes operados. Vinte e oito foram tratados com ressecção
a Hartmann e 32 com ressecção, anastomose primária
e colostomia proximal. Os grupos, comparáveis entre si,
apresentaram as seguintes taxas de complicações: para a
operação de Hartmann 25% de óbito; para a ressecção
com colostomia proximal 15,6%; abscessos
intra-abdominais exigindo reintervenção cirúrgica - 21,4% na operação
de Hartmann e 15,6% na ressecção com anastomose
primária. Sete pacientes no primeiro grupo (25%) e 3 no
segundo grupo (9,4%) apresentaram problemas com a
colostomia. Quarenta e três por cento dos pacientes entre os que
foram submetidos à operação de Hartmann e 11% dos que
"sofreram" ressecção e anastomose primária ficaram
com colostomia permanente.
Na segunda fase do tratamento, ocasião em que foi
feita a reconstrução do trânsito, no grupo operado com
a técnica de Hartmann houve 3 deiscências de
anastomoses, uma reoperação e um óbito.
Apesar do quadro horrível e do fato de que os
óbitos estiveram relacionados a sepse peritoneal continuada,
os autores concluíram que os dois regimes de tratamento
são aceitáveis, e declararam preferência para a ressecção
com anastomose primária e colostomia proximal porque
a morbidade no procedimento de Hartmann foi muito alta.
A escolha da tática operatória e os problemas
técnicos têm sido constantemente analisados em busca do
melhor procedimento, no sentido de evitar as graves e
comuns complicações61. Contudo, a maioria desses autores
tem preconizado o tratamento cirúrgico, imediato ao
diagnóstico da afecção aguda, justificando a opção com a
tática operatória usada, com as melhores técnicas cirúrgicas
dos dias de hoje, com as melhores aquisições da medicina
intensiva, bem como com os progressos no tratamento
da sepse peritoneal62-67.
Gordon25 fez um levantamento de dados de trabalhos de vários autores publicados entre
1978 e 1990, reunindo 999 pacientes submetidos, em
caráter eletivo, à ressecção segmentar do cólon com
anastomose primária, em operações estagiadas, e anotou os
seguintes resultados: óbito operatório - variou de 0 a 4,3% (média
de 1,5%); complicações variou de 18 a 60% (média de
33%). As operações foram feitas em um estágio, em 84%
das vezes (variando de 64 a 100%); em dois estágios em
16,5% (variando de 7 a 36%) e em três estágios em 10%
(variando de 8 a 12%). Quando o procedimento terapêutico foi
a operação de Hartmann, a mortalidade operatória
registrada entre 1352 pacientes, de 20 diferentes publicações
entre 1980 e 1989, foi de 10,6% (variando de 0 a 37%);
a taxa de complicações, excluindo os óbitos, foi de 42,5%
(variando de 13 a 95%). O mesmo autor reportou-se
à literatura para observar as ocorrências por ocasião da
reconstrução do trânsito intestinal quando o
procedimento inicial foi a operação de Hartmann. Destacou, entre 1980
e 1989, 13 publicações que reuniram 381 pacientes
com colostomia tipo terminal para reconstrução que foi
feita, em média, em 73% dos pacientes (variando de 42 a
100%). A mortalidade operatória anotada por ocasião da
reconstrução do trânsito foi de 1,63%, numa variação de 0
a 10%. A taxa de complicação referida, excluindo os
óbitos, foi de 20% (variando de 3 a
46%)25.
B - COMO operar?
A escolha do tratamento da DDC depende do
quadro clínico da doença e das eventuais complicações. Afora
os incômodos decorrentes das alterações funcionais do
intestino grosso e que estão relacionados com os mesmos
problemas que são os causadores dos divertículos, essa
doença, como já salientamos, tem como principais
complicações a diverticulite, a obstrução e a hemorragia. As
mais comuns são, de longe, a diverticulite e a obstrução.
Esta não é um evento isolado, mas resulta do processo
inflamatório que acomete o divertículo; poderia, portando, ser
considerada como uma complicação a mais da diverticulite
e não da DDC.
Assim, por interesse momentâneo e para fins de
discussão a respeito da técnica e da tática cirúrgica a serem
empregadas, vamos abordar apenas a diverticulite.
A decisão de operação imediata, portanto não
eletiva, será válida para a DDC complicada em três situações
diferentes: na primeira, para a diverticulite com múltiplos
abscessos peritoniais, para diverticulite com perfuração
livre para o peritônio e peritonite generalizada, para
diverticulite com peritonite purulenta generalizada, para a
diverticulite associada a peritonite fecal. Na segunda, a operação
estará indicada para a diverticulite com fleimão, associado ou
não a obstrução; para diverticulite e fleimão do cólon, para
a diverticulite com abscesso peridiverticular para todas
estas quando não responderem ao tratamento clínico
depois, para a diverticulite com obstrução total, por causa
da obstrução e, finalmente, na terceira, para DDC
complicando com hemorragia que não
cessa68,69.
Qualquer uma das situações citadas, exceto a
hemorragia, põe-nos em contato com o processo inflamatório
associado à infecção, que pode ser peritoneal localizada
ou peritoneal generalizada, e à obstrução - todos elas
são complicadores que aumentam o risco para o paciente
com diverticulite.
Diante de quadros como os mencionados, a
laparotomia é procedimento obrigatório com os objetivos de remover
o fator causal da infecção ou da obstrução e cessar o
fenômeno inflamatório-infeccioso intraperitoneal, que,
eventualmente, pode receber tratamento continuado com
curativos peritoneais programados. Esse fenômeno a
peritonite - se não controlado será a causa da morte pois a
sepse peritoneal ou a sepse generalizada culminará com a
síndrome da reação inflamatória
sistêmica70.
A remoção cirúrgica do fator causal implica
em ressecção segmentar do cólon, lavagens e
aspiração intraperitoneal exaustivas, que podem ser seguidas
das seguintes opções táticas:
1. anastomose colo-cólica primária com ou sem
colostomia proximal
2. fechamento da extremidade distal com exteriorização
da extremidade proximal, como colostomia operação
de Hartmann;
Para essas ressecções, independente da anastomose
primária com ou sem proteção de uma colostomia, tem sido
dada importância para a margem distal e proximal
de ressecção.
Quanto de cólon deve ser ressecado?
Essa questão surge por causa da possibilidade de
novo ataque de diverticulite e da expectativa de se poder
fazer profilaxia das complicações bem como de impedir a
progressão da DDC.
A observação de que a complicação da DDC, em
95% das vezes, tem seu foco primário localizado no
cólon sigmóide não foi justificativa suficiente para a
ressecção cólica limitada à alça sigmoidea porque alguns autores
observaram que 7,7% de pacientes estudados
após ressecções, assim limitadas, sofreram novo ataque
de diverticulite envolvendo divertículos remanescentes. A
observação desse fato resultou na recomendação de que
todo o cólon fosse extirpado71.
Trata-se, sem dúvida, de um procedimento de
grande porte em que a gravidade da situação sob tratamento por
si só é fator limitante. Além disso, têm que ser
consideradas as doenças
associadas23 que são comuns na faixa
etária dos pacientes com DDC e contribuem para o maior
risco operatório, mesmo nas operações eletivas.
Os benefícios de uma operação limitada (maneira
conservadora de ataque agressivo à doença) quando
estamos tratando das diverticulites complicadas com peritonites
generalizadas podem ser muito maiores que os riscos
das recorrências.
Wollf e col.72, estudando esses problemas, fizeram
a revisão de 61 paciente operados de DDC complicada
com acompanhamento de até 9 anos. Observaram que a
doença progrediu em 14,7% dos pacientes, mas foi de
forma considerada mínima. Sete pacientes (11,4%) tinham
sintomas de repetidas crises de diverticulite. Considerando
esses eventos insignificantes, os autores opinaram
desfavoráveis às ressecções mais amplas, de caráter preventivo.
A revisão feita por Benn e
col.73 envolveu 501 pacientes operados de diverticulite. Doze e meio por cento
desses pacientes desenvolveram novo episódio de
diverticulite quando o cólon proximal foi anastomosado no
sigmóide distal e 3,4% deles necessitaram nova operação. Essa
ocorrência, no entanto, foi observada em apenas 6,7%
quando a anastomose foi feita no reto proximal e, nesses
casos, houve apenas 2,2% de reoperação. Os autores não
observaram aumento de complicações com a anastomose ou
de outras intercorrências pelo fato do reto ter sido
mobilizado. Concluíram que nas ressecções por causa da
diverticulite todo o sigmóide deve ser removido e o cólon
proximal (descendente distal) deve ser anastomosado ao reto
para evitar a recorrência da complicação.
Definido o segmento a ser removido, o que vamos
discutir é a propriedade de se fazer a anastomose
primaria protegida ou não com uma colostomia proximal e
a ressecção do cólon sigmóide com fechamento do
segmento distal e colostomia proximal.
1. RESSECÇÃO COM ANASTOMOSE PRIMÁRIA
Que procedimento deveria ser escolhido por causa
da peritonite?
Classicamente, o que está proposto são medidas
das mais conservadoras, mesmo quando a terapêutica é a
cirúrgica, no sentido de não se exceder ao que é
fundamental, principalmente por causa da idade dos pacientes e
das doenças associadas. A reanimação pré-operatória é
imprescindível para o almejado sucesso do tratamento
cirúrgico74 que deve ser orientado para solução exclusiva da causa
da urgência, erradicando-se o foco infeccioso e a infecção
instalada. Nesse aspecto, a remoção do foco deve ser
agressiva e, assim, devem ser, também, as medidas
escolhidas para fazer cessar a
infecção21.
Definir a técnica cirúrgica a ser empregada talvez
não seja tão difícil como é de se convencer que o resultado
do procedimento escolhido será muito pouco influenciado
por ele mesmo e muito mais pela gravidade da
peritonite75-78.
A tendência de consenso atual é optar pela
ressecção do segmento comprometido; a controvérsia surge na
escolha do tipo de acabamento que deve ser dado, ou
seja, anastomose imediata ou reconstrução retardada. Isso
talvez se deva à crença da fragilidade da anastomose feita
na vigência de infecção
local79.
Dois fatores sempre foram considerados nocivos
para o processo biológico da cicatrização de uma
anastomose. Primeiro a infecção ou mesmo a contaminação
peritoneal; segundo, o conteúdo fecal do intestino grosso.
Ao primeiro, sempre dei desmedido valor
considerando que a deiscência de uma anastomose pode ter como
causa única a infecção perianastomótica; ao segundo, a opinião
é que pode ser considerado como um fator
irrelevante80-82 a despeito de que, eventualmente, possa ser usado como
argumento de que se a limpeza intestinal mecânica não
evita a deiscência da anastomose, pelo menos a torna
menos grave. Essa proposição seria válida se a deiscência
de anastomose ocorresse nas primeiras 24-36 horas após
o ato operatório e não no
4o. dia.
Entretanto, ao que parece, o tratamento da
diverticulite na vigência de infecção peritoneal generalizada não
tem seu insucesso determinado pela deiscência da
anastomose, haja vista que o índice de complicações
pós-operatórias incluindo a morte não é diferente entre grupos
comparáveis de pacientes nos quais pôde se separar pacientes
submetidos à ressecção e anastomose primária, com ou
sem colostomia protetora, e grupos de pacientes cujo
procedimento foi a operação de Hartmann, em que não
houve anastomose. Quando se compara grupo de pacientes
submetidos a ressecção seguida de anastomose com
grupo de pacientes operados à Hartmann, em estudos
retrospectivos, portanto, não casualizados, mas entre os
quais se pôde fazer comparações em termos de gravidade
da peritonite e os grupos foram considerados similares,
por exemplo, em relação ao número de pacientes
com peritonite fecal; observou-se que os índices de
complicações foram elevados, com alta taxa de óbito. No
entanto, não se constatou deiscência de anastomose entre os
que foram operados e a continuidade intestinal foi
estabelecida no mesmo ato58,83.
O alto índice de morbi-moralidade, como foi
observado por Illert e col.84, está mais na dependência do estádio
de evolução da infecção
peritoneal85 do que no tipo de
procedimento cirúrgico adotado para o tratamento e
as anastomoses primárias têm sido aceitas com a ressalva
de que não tenha havido obstrução
intestinal86. A limpeza exaustiva da cavidade parece ter papel relevante no
resultado do tratamento78,87-90.
Todavia, a Sociedade Americana dos Cirurgiões
Colo-retais32 recomenda a operação de Hartmann para os
estádios III e IV de Hinchey. Esse mesmo procedimento
é aconselhado pelo Comitê Científico da Associação
Européia para Cirurgia
Endoscópica91, deixando a opção
de ressecção e anastomose primária para os outros estágios.
A menção de qualquer outro tipo de operação,
tais como laparotomia exploradora e drenagem ou
laparotomia exploradora, drenagem e colostomia proximal é
desnecessária por tratarem-se de procedimentos de alto índice
de morbi-mortalidade (óbito variando de 24 a 89%) e
que devem ser abandonados92-97 em favor da ressecção
com anastomose primária que tem sido preferida, inclusive
em detrimento à operação de
Hartmann82,98-101.
Essa tendência para a indicação de ressecção do
segmento afetado e anastomose primária, mesmo na
vigência de peritonite83,101 não é muito atual
66,93,102-105 e, em circunstâncias favoráveis, foi considerado o procedimento
de escolha no tratamento da DDC
complicada31,93.
Contudo, vários fatores certamente poderão ser
lembrados para limitar o uso desse tipo de
procedimento, não só relacionados à peritonite e à
obstrução106, como também, à idade, às doenças associadas, à duração
do processo infeccioso, ao choque, à depressão imune e
aos achados intra-operatórios principalmente relacionados
às modificações teciduais que certamente prejudicam a
cicatrização, como o edema, a isquemia e a gravidade
da infecção.
Baseado nesses aspectos que são
complicadores, Farkouh e col.107, ao selecionar pacientes para esse
procedimento, estabeleceram os seguintes critérios:
1. o intestino não deve estar distendido,
2. o intestino não deve conter fezes,
3. as partes a serem anastomosadas não devem
estar edemaciadas,
4. o segmento distal deve estar acima da reflexão
do peritônio
5. não deve haver contaminação fecal da cavidade e
6. as condições gerais de saúde do paciente devem ser boas
O autor relata, de sua experiência, uma deiscência
de anastomose em um grupo de 15 pacientes operados e
verifica taxa de óbito de 8,2%, numa serie de 73
pacientes, inclusive a dele.
Vários trabalhos foram reunidos e o total de 422
pacientes selecionados e tratados com ressecção e
anastomose primária, foram analisados. A mortalidade
pós-operatória relacionada variou de 0 a 10%, com média de 4,2% e
estadia hospitalar de 11 dias25, em média.
Maior ênfase tem sido dada ao preparo do paciente
nos momentos que antecedem a operação e no
intraoperatório, principalmente no que diz respeito às tentativas
de erradicação mecânica da infecção
peritoneal63,87,89,108.
2. RESSECÇÃO À HARTMANN
Essa técnica é rápida, evita a preocupação
com anastomose, permite ressecção mais ampla do
segmento afetado e evita a mobilização do segmento distal para
que chegue na parede. Tornou-se mais fácil com o advento
dos grampeadores, para os que fazem a reconstrução do
trânsito intestinal, principalmente quando o segmento distal
fica muito curto.
As grandes desvantagens dessa operação são a
colostomia terminal e suas freqüentes complicações e o segundo
tempo que exige um procedimento cirúrgico de grande porte,
nem sempre livre de intercorrências, nem sempre de fácil
execução. Maior facilidade para o segundo ato deve ser
prevista deixando segmento distal "sepultado" o mais longo
possível. Para isso a ressecção deve ser feita na transição do reto
com o cólon sigmóide. No entanto, em boa parte das vezes
o cirurgião estende a dissecção do reto por causa do
processo inflamatório local e do edema da parede do cólon e vai
até um nível mais baixo com
acréscimo de dificuldades técnicas para a segunda etapa da operação, mesmo quando se
pode fazer uso dos grampeadores. Para evitar essa indesejada
extensão, o que se recomenda é que o tecido conjuntivo
frouxo que aprende o reto proximal ou o sigmóide distal ao
promontório do sacro não deve ser descolado, o que
inclusive evita expor o tecido retroperitoneal à contaminação
intra-peritoneal existente.
Na fase da reconstrução, que deve ser feita alguns
meses depois, com plena recuperação do paciente, o
colón esquerdo remanescente e o segmento distal devem ser
estudados para o planejamento cirúrgico mais adequado.
Embora a operação de Hartmann continue sendo
popular e de preferência da maioria dos cirurgiões, as
ressecções com anastomose primária em um ou dois tempos
ocupam lugar cada vez mais destacado no tratamento da DDC
complicada61,78. A escolha da operação de Hartmann tem
sido considerada obrigatória na medida que seu uso
possibilita o tratamento simultâneo da doença e de suas
complicações109-111, mas sem garantir melhores resultados
mesmo quando se consideram somente situações classificadas
como Hinchey III e IV59,61,78,79.
Em 1352 casos tratados por diversos autores (de
1980 - 1989) a mortalidade variou de 0 a 37%, com média
de 10,6%. A taxa global de complicações variou de 13 a
95%, com média de 40%. No segundo tempo dessa
operação envolvendo 381 pacientes, em publicações de 13
diferentes autores feitas entre 1980 e 1989, a mortalidade foi
de 1,6% e as outras complicações de
19,8%25.
Enfim, o procedimento de Hartmann fica para os
casos de contaminação generalizada - purulenta ou fecal -
da cavidade peritoneal, sem, no entanto, trazer nenhuma
vantagem sobre o procedimento anterior, já que a
anastomose primária pode vir acompanhada, por conveniência
mesmo que inexplicável, da colostomia "protetora".
CONCLUSÃO:
A DDC complicada deve inicialmente ser avaliada
para tratamento conservador. A escolha de outras
alternativas de tratamento depende da forma de apresentação da
doença e da impossibilidade de recuperação com o
tratamento clínico. Nessa circunstância, duas opções devem ser
consideradas:
a. Ressecção com anastomose primária, com ou
sem colostomia proximal
O estabelecimento do trânsito intestinal no mesmo
ato urgente do tratamento da DDC complicada tem sido
sistematicamente proposto, embora alguns autores sejam
de opinião que esse procedimento dependerá de poder ou
não fazer o preparo mecânico do cólon no pré ou no
intra-operatório112-116. Outros reservam essa tática para as
situações que se enquadrem na classe I e II de Hinchey,
eventualmente, III, evitando seu uso para os "casos"
classificados como Hinchey IV.
A idéia da colostomia proximal tem sido revista e
os conceitos a respeito têm
mudado117. Contudo, se a intenção for derivar o trânsito intestinal nos casos, por
exemplo, de peritonite fecal ou por outro motivo, essa
deveria ser a opção de escolha o procedimento de escolha;
deverá ser a ressecção do segmento afetado, anastomose
primária e a colostomia.
b. Operação de Hartmann
A operação de Hartmann, em que pese sua
popularidade, tem sido lentamente abandonada a favor da
anastomose primária, principalmente porque aquele procedimento,
por si, não acrescenta vantagens práticas, quando
comparado com esse último
25,59,61,78,79.
Necessita habilidade técnica na sua execução,
demora o mesmo tempo, apresenta maior índice de
morbi-mortalidade, mesmo entre grupos comparáveis de pacientes
operados59, impõe um segundo ato operatório, no qual
as complicações não são
desprezíveis e, além disso, é
muito mais cara para o paciente, para a instituição e para a
comunidade78.
SUMMARY: The choice of the optimal treatment for complicated colonic diverticulitis remains difficult and still controversial. The challenge is the association of surgical management of complicated diverticular disease with substancial morbidty and mortality. Surgical therapy include resection of affected segment of the bowel with primary anastomosis, with or without a defunctioning proximal colostomy, and a Hartmann pouch with terminal colostomy. Both regimens are accepted treatments for patients with acute complicated diverticulitis, and the surgical procedure does not influence outcome where the mortality rate is related to the severity of peritonitis, accurately measured by APACHE II score and MPI75.
Key Words: diverticular disease, diverticulitis, surgical procedure, complications, peritoneal sepsis.
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Endereço para correspondência
Júlio César M Santos Jr.
Av. Min. Urbano Marcondes, 516
12515-230 Guaratinguetá, SP