ARTIGOS ORIGINAIS
Jaques Waisberg _ TSBCP
Gilles Landman
Andrea Seong Hyo Cha
Alexandre Cruz Henriques
Heloisa Amaral Gaspar
Manlio Basilio Speranzini
RESUMO: Objetivo: Estudar a distribuição do antígeno carcinoembriônico (CEA) no tecido do carcinoma colorretal,
relacionando-a com seu nível sérico, grau de diferenciação celular e classificação de
Dukes.
Pacientes e Métodos: Foram estudados 12 pacientes, sete homens e cinco mulheres, com média de idade de 60,2 anos (58
a 78 anos). Dois doentes foram classificados no estádio A de Dukes, cinco no estádio B e cinco enfermos no estádio C. Amostras
de sangue venoso periférico foram colhidas no pré-operatório imediato para a determinação do nível sérico do CEA pela técnica
de enzimoimunoensaio. Para identificação do padrão de distribuição tecidual do CEA utilizou-se o método imuno-histoquímico
com anticorpo monoclonal anti-CEA. O tipo de distribuição tecidual do CEA foi classificado em apical, citoplasmático e
estromal.
Resultados: A distribuição apical estava presente em quatro pacientes com média do valor sérico do CEA de 4,1 ng/ml,
a distribuição citoplasmática ocorreu em três enfermos com média de valor de CEA de 15,5 ng/ml e a estromal com valor médio
de CEA de 65,0 ng/ml apresentou-se em cinco pacientes. Dois pacientes Dukes A tiveram distribuição do CEA tipo apical, ao passo
que cinco enfermos Dukes B apresentaram o tipo citoplasmático e os cinco pacientes Dukes C exibiram o tipo
estromal.
Conclusões: Os resultados preliminares deste estudo indicaram que a distribuição estromal do CEA tecidual foi
associada com maior valor do CEA sérico e estádio mais avançado da classificação de Dukes, ao passo que o tipo apical apresentou
menores níveis de CEA sérico e estádio de Dukes menos avançado.
Unitermos: neoplasias colorretais, antígeno carcinoembriônico, prognóstico, imuno-histoquímica, distribuição tecidual.
INTRODUÇÃO
Um dos marcadores tumorais mais
estudados em câncer é o antígeno carcinoembriônico
(CEA). Descrito em 1965 por Gold e Freeman (12,13)
é rotineiramente utilizado como marcador sérico
do câncer gastrintestinal, especialmente no
carcinoma colorretal. O CEA pertence à família
das imunoglobulinas26 e sua função é a de promover
a adesão molecular envolvida no processo
metastático.3
Cerca de 60 a 70 % de todos os pacientes
com carcinoma de colo apresentam níveis séricos
elevados do CEA e, após extirpação da lesão, níveis
crescentes do marcador podem sugerir recidiva da
neoplasia.1,5,7,10,18
Diversas questões permanecem para
serem esclarecidas em relação a função do CEA
como antígeno associado de tumor e ao uso do nível
sérico de CEA como indicador da presença de tumor
produtor de CEA.9,31 A determinação imuno-histoquímica
do CEA também foi utilizada para identificar a
presença de micrometástases nos linfonodos de pacientes
com carcinoma colorretal operados.6
Alguns estudos apontaram contradições
na correlação entre o nível sérico do CEA e o conteúdo
de CEA do tumor revelado pela análise
imuno-histoquímica com anticorpos monoclonais
anti-CEA4,24,25,29 e, também, na correlação entre o conteúdo tecidual de CEA e
a gravidade das lesões neoplásicas
colo-retais.19
O conteúdo de CEA no tecido neoplásico
pode constituir parâmetro determinante do sucesso
da imunocintilografia20 e da terapia
anti-neoplásica associando drogas a anticorpos
monoclonais.28
O estudo imuno-histoquímico do CEA
no tecido neoplásico e sua correlação com os
valores séricos do mesmo é objeto de estudos, com a
finalidade de encontrar a lógica da relação biológica entre o
nível sérico CEA e sua fonte tecidual de produção e
de estabelecer a dinâmica capaz de explicar o
potencial diagnóstico e prognóstico do CEA
sérico.17
Por outro lado, existe um percentual de carcinomas colorretais que são escassamente
produtores de CEA, com níveis séricos baixos do antígeno e
nos quais o seguimento com este marcador não seria
útil na detecção de recidivas da neoplasia.
O objetivo deste estudo foi o de analisar
os resultados preliminares do tipo de distribuição do
CEA no tecido do carcinoma colorretal, relacionando-o
com o nível sérico do CEA e com a classificação de
Dukes para carcinomas colorretais.
CASUÍSTICA E MÉTODO
Foram estudados 12 pacientes (sete homens
e cinco mulheres) portadores de carcinoma
colo-retal, com estádio A, B ou C, segundo a classificação
de Dukes, operados com intenção curativa no Serviço
de Cirurgia Geral do Hospital de Ensino "Padre
Anchieta" da Faculdade de Medicina do ABC, no período de
1999 a 2000.
Consideraram-se como Dukes A as neoplasias que não atingiam a túnica muscular externa da
parede intestinal; como Dukes B, as que se estendiam por
toda a parede, atingindo inclusive o tecido
adiposo adventício e como Dukes C, aquelas com
comprometimento de linfonodos.
A média de idade dos pacientes foi de 60,2
anos (58 a 78 anos). Dois pacientes foram classificados
como estádio A de Dukes, cinco como estádio B de Dukes
e cinco como estádio C de Dukes (Tabela 1).
Tabela 1 - Idade em anos, sexo, localização e classificação da lesão neoplásica de acordo com o estadiamento
de Dukes dos doentes com carcinoma colo-retal
Caso | Idade | Sexo* | Localização | Dukes |
1 | 52 | M | Reto | B |
2 | 58 | F | Flexura direita | C |
3 | 68 | M | Reto | C |
4 | 52 | F | Reto | B |
5 | 68 | F | Sigmóide | A |
6 | 69 | F | Colo descendente | B |
7 | 39 | F | Reto | C |
8 | 60 | F | Transverso | A |
9 | 71 | M | Reto | B |
10 | 78 | M | Sigmóide | C |
11 | 33 | F | Ceco-ascendente | C |
12 | 75 | F | Reto | B |
Média | 60,2 | |||
*M = masculino F = feminino |
A neoplasia estava localizada no reto em
seis casos, no sigmóide em dois e, em um doente, em
cada uma das seguintes localizações: ceco-ascendente,
flexura direita, transverso e colo descendente (Tabela 1).
A avaliação pré-operatória e a inspeção
intra-operatória dos pacientes não evidenciaram
doença metastática. Todos tiveram o diagnóstico de
carcinoma colorretal confirmado pela revisão das lâminas da
lesão, realizada por patologista experiente.
Amostras de sangue venoso periférico
foram colhidas no pré-operatório imediato para a
determinação da concentração do CEA sérico. Foi utilizada a
técnica de enzimaimunoensaio (EIE) e o resultado expresso
em nanogramas por mililitro (ng/ml).
Para a realização do estudo
imuno-histoquímico, todos os espécimes previamente fixados em formalina
e emblocados em parafina foram obtidos do arquivo histopatológico do Serviço de Anatomia Patológica
da Faculdade de Medicina do ABC. Dois cortes de
4µm foram obtidos a partir de cada espécime e corados
por meio de técnica imuno-histoquímica com
anticorpo monoclonal anti-CEA (Sigma Chemical, EUA).
Utilizamos o complexo estreptavidina-biotina-peroxidase (ABC) adaptado às
nossas condições laboratoriais. As lâminas foram
incubadas com anticorpo específico anti-CEA diluído em
tampão PBS durante 16 a 18 horas a 4°C. Em seguida
foram lavadas em tampão PBS com três trocas de três a
cinco minutos cada e incubadas com anticorpo
secundário biotinilado (anti-Ig) diluído em PBS, durante
30 minutos, a 37°C. Seguiram-se os seguintes procedimentos: 1. lavagem em tampão PBS com
três trocas de três a cinco minutos cada; 2. incubação
com o complexo ABC diluído em PBS, durante 30
minutos a 37°C; 3. lavagem em tampão PBS com três
trocas de três a cinco minutos cada; 4. revelação e
montagem; 5. incubação das lâminas em solução com
substrato de diaminobenzidina (DAB) 0,6%, peróxido
de hidrogênio (H2O2) 0,06%, PBS 100ml
e dimetilsulfóxido (DMSO) 1 ml, durante três a
cinco minutos a 37°C, ao abrigo da luz.
Em seguida observou-se , ao microscópio
nas lâminas controles, o desenvolvimento de
precipitado castanho dourado, como produto final da
reação. Finalmente, as lâminas foram lavadas em
água corrente e água destilada por três minutos
e contracoradas com hematoxilina de Harris por um minuto e em seguida lavadas em água corrente e
água destilada. Como passo seguinte, as lâminas
foram imersas quatro vezes em água amoniacal (solução
de sulfato de amônia 0,5%) e lavadas em seguida em
água corrente e destilada. O processo final de
desidratação da exposição das lâminas obedeceu ao
seguinte esquema: 1. etanol 50%, um minuto; 2. etanol
80%, um minuto; 3. etanol 95%, um minuto; 4. etanol
100%, 3 vezes, um minuto cada.
A intensidade da marcação foi
subjetivamente analisada e a região do tecido neoplásico
predominantemente marcada foi avaliada. Este processo
foi conduzido em microscópio óptico comum, com a
ajuda de lente objetiva de 100x e com magnificação final
de 400x.
A reação foi considerada positiva quando
a marcação ocorreu de modo difuso, com pontos
de intensidade variável ou granular, com
distribuição homogênea, independente da sua intensidade.
A avaliação da marcação das células nas lâminas
foi conduzida sem o conhecimento prévio em relação
às suas características clínicas e morfológicas e
à classificação de Dukes.
Para a leitura do CEA tecidual empregou-se
o método qualitativo, utilizando-se critério
topográfico15,17 para distinguir a imunocoloração
predominante: a) tipo apical, onde, predominantemente,
a margem apical das células neoplásicas estava
imunocorada; b) tipo citoplasmático, onde havia
predominantemente imunodepósitos corados no interior
do citoplasma das células do tumor e c) tipo estromal,
onde a imunocoloração dominante ocorria no estroma
do tecido neoplásico.
Uma vez lidas todas as preparações
imuno-histoquímicas, assinalou-se em cada uma delas o
tipo de imunocoloração levando-se em conta o
aspecto morfológico predominante.
RESULTADOS
Quando comparamos o tipo de
distribuição tecidual do CEA com seu nível sérico observamos
que quatro pacientes com CEA tecidual tipo apical
(Figura 1) apresentaram média do nível sérico de 4,1 ng/ml.
Três outros pacientes com CEA tecidual tipo
citoplasmático tiveram média de CEA sérico de 15,5 ng/ml, ao
passo que os cinco pacientes restantes com distribuição
tecidual do CEA do tipo estromal mostraram média de CEA
sérico de 65,0 ng/ml (Tabela 2).
Figura 1 - Fotomicrografia de carcinoma colo-retal com estudo imuno-histoquímico com anticorpo anti-CEA revelando distribuição tecidual dominante do CEA do tipo apical no epitélio neoplásico (setas). Contra-coloração com hematoxilina de Harris, 400x. |
Tabela 2 - Relação entre o tipo de distribuição
tecidual do CEA e a média do nível sérico do CEA dos
doentes com carcinoma colo-retal
Tipo | N* | CEA (ng/ml) |
Apical | 4 | 4.1 |
Citoplasmático | 3 | 15.5 |
Estromal | 5 | 65.0 |
*N= número de doentes |
Quando cotejamos a classificação de Dukes
e os níveis de CEA sérico, verificamos que nos
dois pacientes classificados como Dukes A, a média do
CEA sérico foi de 8,5 ng/ml; nos cinco pacientes Dukes
B, a média do CEA sérico foi de 20,2 ng/ml e nos
outros cinco pacientes Dukes C, o valor médio do CEA
sérico foi de 47,4 ng/ml (Tabela 3).
Tabela 3 - Relação entre a classificação de Dukes
e média do nível sérico do CEA dos doentes
com carcinoma colo-retal
Dukes | N* | CEA (ng/ml) |
A | 2 | 8,5 |
B | 5 | 20,2 |
C | 5 | 47,4 |
*N = número de doentes |
A relação entre o tipo de distribuição
tecidual do CEA e a classificação de Dukes mostrou que
dois pacientes classificados como Dukes A
apresentaram distribuição tipo apical, enquanto que cinco
pacientes estadiados como Dukes B exibiram distribuição
tipo citoplasmático e outros cinco pacientes Dukes
C mostraram distribuição tipo estromal (Tabela 4).
Tabela 4 - Relação entre o tipo de distribuição
tecidual do CEA e a classificação de Dukes dos doentes
com carcinoma colo-retal.
Tipo | N* | Dukes |
Apical | 2 | A |
Citoplasmático | 5 | B |
Estromal | 5 | C |
*N = número de doentes
|
DISCUSSÃO
O CEA foi originalmente extraído do
tecido de intestino fetal humano e de câncer de colo
adulto em 1965 por Gold e Freeman,12,13 e caracterizado
como peptídeo glicosado com peso molecular de
200.000 dáltons, cujos determinantes antigênicos
localizam-se na porção peptídica da molécula.
12,13
A seqüência aminoácida do CEA é
semelhante à de membros da superfamília das
imunoglobulinas3,23,26 representada pelas imunoglobulinas, receptores
de célula T, receptores de fator de crescimento e
moléculas de adesão
intercelular33, todas elas envolvidas
em processos de reconhecimento intercelular.3
O CEA é considerado antígeno associado
de tumor derivado do tecido endodérmico devido
sua expressão em neoplasias, especialmente
as gastrintestinais30 e, por isso, o CEA constitui
possível indicador de transformações malignas da mucosa
do cólon. Estudos imuno-histoquímicos mostraram que
o CEA é produto de células cólicas normais
ou neoplásicas15,22,27 e que a diferença no conteúdo de
CEA entre células normais da mucosa colorretal e
as neoplásicas é mais quantitativa do que
qualitativa.15
Goldenberg et al.,14 usando o método
da imunoperoxidase indireta em tecido fixado com formalina e cortado em parafina, a exemplo
do empregado no presente estudo, mostraram a
presença de CEA em 60% das células do carcinoma de colo
e em 14% das células do colo normal, ao passo
que Huitric et al.17, usando cortes de tecido
congelado, encontraram CEA em todas amostras do tecido
cólico com epitélio normal. É possível que as
diferentes metodologias empregadas possam explicar
os resultados discrepantes.
A presença de CEA na superfície
basolateral das células epiteliais malignas do colo,
correspondente à região estromal da neoplasia, pode explicar o
nível sérico elevado do CEA em doentes com carcinoma
colo-retal. O CEA nesta localização,
diferentemente daquele encontrado nas microvilosidades das
células epiteliais cólicas normais, ou seja, na região
apical, consegue atingir com mais facilidade a
circulação sistêmica. Deste modo, a localização do CEA
nas membranas basolaterais e no estroma circulante facilitariam sua passagem para o sangue e
linfa.1,15
Esse evento, aliado à magnitude da
massa neoplásica e ao índice de síntese do CEA,
podem ser os responsáveis pela quantidade de
CEA encontrado na circulação
sangüínea3. Mesmo os tumores bem diferenciados com conteúdo
elevado de CEA e padrão de distribuição apical
podem apresentar níveis baixos de CEA sérico
porque, embora exista secreção de CEA, o antígeno
é eliminado no lume intestinal, alcançando a
corrente sangüínea em quantidade
menor.3 No presente estudo, também se observaram níveis séricos de
CEA mais elevados em doentes cujas lesões
apresentavam distribuição do CEA predominantemente estromal
e níveis menores naquelas com padrão de CEA
tecidual tipo apical.
A coloração estromal poderia ser
também explicada pela adsorção ou reação eletrostática
do anticorpo primário ou secundário ou ainda
da substância reveladora diaminobenzidina (DAB)
com os mucopolissacárides próprios do estroma.
Os resultados da presente
casuística mostraram que o padrão tipo apical correspondeu
a níveis séricos de CEA menores que 10 ng/ml, ao
passo que o tipo citoplasmático e, principalmente, o
tipo estromal associaram-se mais freqüentemente
com níveis séricos maiores que 10 ng/ml.
Estes resultados são concordantes com os
de Hamada et al.15 que referiram valores menores
que 10ng/ml em sete de um total de oito tumores
com tipo apical de distribuição do CEA, e aos
achados de Barillari et al.1 que relacionaram o padrão
tipo estromal do CEA tecidual com níveis elevados
do CEA sérico, e correlação elevada entre o padrão
de tipo apical do CEA e valores do CEA sérico
menores que 10 ng/ml.
Os valores do CEA sérico também podem
se relacionar com parâmetros morfológicos. Hamada
et al.15 demonstraram a existência de relação entre
a distribuição do CEA nas células do carcinoma
colo-retal, grau de diferenciação tumoral e nível sérico
de CEA. A maioria dos enfermos com adenocarcinomas bem diferenciados com CEA densamente
distribuído pela superfície apical e raramente encontrado
nas superfícies basolaterais das células
neoplásicas, apresentava níveis baixos de CEA sérico. No
entanto, os doentes com adenocarcinoma moderadamente
e pouco diferenciados e CEA no estroma e no
citoplasma das células neoplásicas exibiram níveis séricos
mais elevados. Na presente investigação também
observamos que as lesões neoplásicas mais
diferenciadas apresentaram padrão de CEA tecidual tipo apical e
níveis séricos menores em relação aos carcinomas
menos diferenciados.
O grau de invasão vascular do
carcinoma desempenha papel importante como determinante
dos níveis séricos de CEA, sobretudo na presença de
invasão venosa 32, reconhecida como principal via de
drenagem do CEA tecidual para a circulação sistêmica, sendo
de importância a invasão pela neoplasia de vasos
calibrosos, sobretudo extramurais.
O estádio do tumor também pode interferir
no nível sérico do CEA, uma vez que profundidade
de invasão da lesão na parede intestinal pode facilitar
o acesso do CEA à corrente
sangüínea.29,32 Este fato
é corroborado pela observação clínica de que os
doentes com carcinoma colo-retal avançado mostram níveis
mais elevados de CEA
sérico2,8,16,19,24,32. Os
resultados preliminares de nosso estudo também apontaram
que quanto mais avançado o estádio da classificação
de Dukes, maior o nível sérico de CEA.
Os níveis de CEA sérico são influenciados
pelo ritmo e quantidade de sua produção pelas células
do carcinoma.1,32 A existência da necrose tumoral e
a infiltração perineural e/ou perivascular podem elevar
os níveis de CEA
sérico15,32. O metabolismo
hepático21 e o ritmo de eliminação renal do CEA do mesmo
modo influenciariam na determinação do seu nível
sérico.11
Os dados preliminares obtidos pelo
presente estudo nos impulsionam a prossegui-lo, visando
obtenção de resultados mais definitivos do valor da
identificação da distribuição tecidual do CEA para explicar seus
níveis séricos e o eventual valor prognóstico dessa
distribuição no carcinoma colo-retal.
CONCLUSÕES
Os resultados preliminares obtidos por
este estudo sugerem a possibilidade da relação entre o
tipo dominante de distribuição tecidual do CEA, seus
níveis séricos e a classificação de Dukes no
carcinoma colorretal. Dada a importância destes parâmetros
na avaliação prognóstica, a técnica imuno-histoquímica
de identificação da distribuição do CEA tecidual
pode constituir elemento prático para explicar os valores
do nível sérico do ponto de vista da biologia do
CEA, permitindo, deste modo, aumentar a eficácia
prognóstica da sua determinação no acompanhamento dos
pacientes portadores de carcinoma colorretal.
SUMMARY: Objective: To study the distribution of carcinoembryonic antigen
(CEA) in the tissue of colorectal carcinoma,
relating this to its level in serum and Dukes classification.
Sample and Method: The CEA distribution in the tissue of colorectal carcinoma was studied in 12
patients: seven men
and five women with an average age of 60.2 years (58 to 78 years). Two patients were classified as Dukes stage A, five in B and five in
C. Peripheral venous blood samples were collected in the immediate preoperative period for determination of the CEA level using
the enzyme immunoassay technique. For the identification of the CEA distribution pattern in the
tissue, the
immunohistochemical method with anti-CEA monoclonal antibodies was utilized. The CEA distribution type in the tissue was classified as apical,
cytoplasmic or stromatous.
Results: Apical distribution was presented in four patients with an average CEA level in serum of 4.1
ng/ml; cytoplasmic
in three patients with a CEA level of 5.5 ng/ml and stromatous was seen in five patients with a CEA level of 65.0
ng/ml. The two
Dukes A patients had CEA distribution of apical type, while the five Dukes B presented the cytoplasmic type and the five Dukes C had
the stromatous type.
Conclusions: The preliminary results suggest that the stromatous CEA type in the tissue is associated with greater
CEA levels in serum and a more advanced stage of the Dukes classification, whereas the apical type presented lower CEA levels in
serum and a less advanced stage of the Dukes classification.
Key words: colorectal cancer, carcinoembryonic antigen, prognostic, immunochemistry, tissue distribution.
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Endereço para correspondência:
Jaques Waisberg
Rua das Figueiras 550 apto. 134 - Bairro Jardim
09080.300 - Santo André _ Estado de São Paulo
E-mail: jaqueswaisberg@uol.com.br
Trabalho realizado pelas Disciplinas de Cirurgia do Aparelho Digestivo e de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina do ABC _ Santo André.