OPINIÕES E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Júlio César Monteiro dos Santos Júnior - TSBCP
Resumo: A interpretação dos resultados decorrentes dos novos conhecimentos médicos, as experiências acumuladas nas últimas seis décadas e suas aplicações práticas em relação ao tratamento e à cura do câncer nos deixaram, como saldos positivos e como maiores prioridades na abordagem daquela doença, em primeiro lugar, a prevenção e, em segundo lugar, o diagnóstico precoce. Se, para algumas neoplasias malignas, o tratamento cirúrgico e as terapêuticas adjuvantes evoluíram como meios para que pudéssemos modificar o perfil do câncer e evitar maior número de mortes, para outros tipos, tais como o câncer do intestino grosso e o câncer de mama, entre outros, o mesmo não ocorreu. Assim, os movimentos atuais, baseados nos conhecimentos adquiridos, são motivo para que enderecemos atenção mais para a prevenção do que exclusivamente para a terapêutica. Delinear métodos, definir meios propedêuticos para a população geral e classificar a população de risco para rastreamentos efetivos têm sido considerados prioridades maiores como forma de diminuir o número de pessoas com câncer do intestino grosso e de antecipar o tratamento para os momentos mais iniciais da doença, quando a probabilidade de cura se aproxima de 100%.
Unitermos: câncer colorretal, rastreamento, prevenção, diagnóstico precoce
"Our most effective weapon in defeating colorectal cancer is early detection and treatment. Through a regular screening program that includes fecal blood testing, periodic partial or full colon examinations, or both, health professionals can detect and remove pre-cancerous polyps before they turn into cancer. Such cancer screening should become a routine part of preventive health care for anyone over the age of 50, because the risk of developing colorectal cancer increases with age .I encourage health care providers, advocacy groups, policymakers, and concerned citizens across the country to help raise public awareness of the risks and methods of prevention of colorectal cancer and to use the power of our knowledge to defeat this silent disease ". 2, 42
William J Clinton
Nas estimativas de incidência populacional
do câncer colorretal, de acordo com dados da
Organização Mundial de Saúde coletados em diversos
países, estão reunidos números que variam de 7,4 a
36,0, correspondentes às taxas verificadas por 100.000
pessoas, média de 25,2, em dois anos, o que equivale
a uma incidência anual de 12,6/100.000
habitantes.1
Considerando-se as variações raciais e
étnicas, é mais ou menos o que pode ser esperado.
Números semelhantes dão para o câncer
colorretal a categoria de 3ª. neoplasia maligna mais
diagnosticada nos Estados Unidos e a segunda causa de
morte entre os cânceres, naquele povo.2,3
Segundo as estimativas publicadas pelo
Instituto Nacional do Câncer
(INCA)4, baseadas em bancos de dados estatísticos de anos anteriores, o
número de casos novos de câncer colorretal que estavam
previstos para a população brasileira, no ano passado,
era de 18.970, incluindo homens e mulheres -
equivalendo a 11/100.000 habitantes - com a esperança de
que houvesse, para aquele mesmo ano, 7.635 óbitos,
conseqüentes.4
É possível que os valores que expressam
o comportamento da doença no Brasil sejam
realmente superiores, em parte por causa do reconhecido
comportamento do paciente brasileiro frente aos sinais
e sintomas de uma doença, em parte, pela falta
global ou específica de esclarecimentos sobre temas de
saúde e, também, pelas falhas nos nossos sistemas
de registro nosológicos.
Além do valor significativo desses
números que classificam o câncer como problema de saúde
pública entre as maiores causas de morte, sabemos que
o aparecimento do câncer colorretal e de suas
conseqüências - e, nesse aspecto, entre nós elas são bem
piores - têm sido, apenas, modestamente aliviados
pelo desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e
terapêuticas adjuvantes.5-8
Assim, os danos causados por essa doença
podem e devem ser controlados por meio de
estratégias que têm sido agrupadas em campanhas
preventivas, há alguns anos, insistentemente, implementadas
em países desenvolvidos, e, recentemente, iniciada no
Brasil por membros da Sociedade Brasileira de
Coloproctologia,9 com objetivos que são os de educação
popular, dando ênfase à prevenção da doença,
explicando sua forma de aparecimento e ensinando sobre as
possibilidades de sua detecção e tratamento precoces,
a que se associam grandes probabilidades de cura.
A moção que se faz no sentido de alertar e
educar populações sobre métodos preventivos,
fazendo com que cada um conheça seu estado atual de risco
e da disponibilidade de testes ao alcance de todos; o
esclarecimento sobre a possibilidade que há para
detectar precocemente lesões pré-malignas e sua fácil
remoção ou mesmo as facilidades para a descoberta
do câncer precoce, passível de cura, TÊM
PRIORIDADE porque podem modificar os números que
representam a incidência populacional de novos casos, bem
como evitar que os pacientes cheguem ao médico já com
o tumor em fase avançada de desenvolvimento e,
assim, reduzir o número de mortes conseqüentes.
As campanhas nesses moldes e sob o significado dos números expostos nos estudos
epidemiológicos devem ser estendidas a todos os médicos,
mormente aos que militam no campo das
especialidades das doenças gastrenterológicas e coloproctológicas.
Com esses propósitos, achamos
conveniente o uso da sessão para agrupar algumas diretrizes
relativas ao "saneamento" do câncer colorretal, já
divulgadas na literatura médica pertinente e nos jornais dos
Conselhos Regionais de Medicina.
Prevenção
A prevenção do câncer colorretal envolve,
obrigatoriamente, conhecimentos relacionados aos
aspectos biológicos de seu desenvolvimento, aos
fatores determinantes de sua origem, desde o vértice
genético até às expressões moldadas pela interação daquele
com as forças ambientais e a outros fatores que,
reconhecidamente, contribuem para o aparecimento do câncer
e que são passíveis de serem modificados.
Enquanto não for possível manipular a
arquitetura genômica para interferência e modificações
estruturais de unidades gênicas que determinam o
crescimento anaplásico dos tecidos, o que nos resta - e
isso é possível - é saber da presença do gene,
detectar indiretamente o maior ou menor grau de sua
expressão e reconhecer, precocemente, as modificações
teciduais que são predecessoras do
câncer.10
Os métodos preventivos são delineados
com base no destaque de fatores de risco para o
câncer colorretal (embora cerca de 75% de todos os
cânceres colorretais ocorram sem que se possa isolar um
fator contribuinte) que podem, para fins didáticos,
serem separados em:
fatores de riscos variáveis;
fatores de riscos permanentes.
Fatores de riscos variáveis
Esses seriam adquiridos e nesses casos os
riscos podem ser passíveis de modificações. Os
exemplos são:
idade;
vida sedentária;
hábitos alimentares;
peso corporal;
tabagismo;
alcoolismo.
Fatores de riscos permanentes
Esses seriam constitucionais, por enquanto
não modificáveis ou parcialmente modificáveis, e que
podem ser exemplificados por:
1. sexo;
2. síndrome do câncer colorretal
hereditário (polipose familiar);
3. síndrome do câncer familiar não associado
à polipose (HNPCC) - síndrome de Lynch I;
4. síndrome do câncer familiar (HFCC) -
câncer dos cólons não associados à
polipose, mas relacionados a outros tipos de
cânceres - (síndrome de Lynch II), e
5. doenças intestinais inflamatórias
(doença de Crohn e retocolite ulcerativa).
Com esses fatores, estabelecem-se recomendações preventivas e delineiam-se métodos de
rastreamento, segundo os riscos de grupos em uma
mesma população.
Como o atual tópico diz respeito à
prevenção do câncer, vamos iniciar os destaques para os
fatores de riscos variáveis e comentar, em segundo lugar,
os fatores de riscos permanentes, que receberão mais
ênfase no tópico sobre o rastreamento do câncer colorretal.
Assim, na ACS (American Cancer
Society)11, para a prevenção do câncer colorretal, estão
destacados os seguintes itens, passíveis de serem
convenientemente modificados:
alimentação;
atividade física;
peso corporal;
tabagismo;
consumo de bebidas alcoólicas.
Todos esse itens devem ser adequados de
tal modo que deixem de se constituir em fatores de
riscos para o aparecimento do câncer colorretal.
O primeiro é a alimentação que deve ser
"saudável". Isso pode ter implicação ampla e talvez
até complexa, dado o número relativamente grande de
alimentos, mesmo entre os vegetais, que têm sido
estudados e implicados com o câncer colorretal, nem
sempre de maneira harmônica, se não cheia, às vezes,
de controvérsias. A despeito disso pode-se,
seguramente, escrever que alimentação gordurosa - sem desprezar
a presença da carne - e a pobre em fibras podem
facilitar o aparecimento do câncer colorretal.
Em relação à gordura
de origem animal, a suspeita está alicerçada na verificação de que a
freqüência de aparecimento do câncer colorretal é maior entre
os povos em que 40% ou mais da caloria total
ingerida foi às custas de gordura, contrário ao que ocorre
entre os que tiveram a gordura como fonte de não mais
de 10% do total da caloria ingerida.12, 13
A ação da gordura ingerida é indireta e
estaria relacionada ao alto conteúdo fecal de ácidos
biliares e de colesterol.
Por outro lado, se a gordura pode ser
promotora, o cálcio teria papel protetor por causa de sua
ligação com os ácidos biliares e com os ácidos
graxos, diminuindo seus efeitos
mitogênicos.14-19
O excesso de carne está incriminado por
causa das aminas heterocíclicas (AHCs). As carnes
preparadas em altas temperaturas têm suas proteínas e
seu conteúdo de creatinina desnaturadas pelo calor,
dando origem às AHCs. Esses carcinógenos químicos -
as AHCs - são vários e provêm dos aminoácidos, das
proteínas e da creatinina quando são expostos a altas
temperaturas.20
Sob esses aspectos, alimentação "saudável"
seria rica em frutas, verduras e legumes, pobre em
gordura animal e carne; isto é, o conteúdo calórico
proveniente das gorduras deveria estar abaixo de 10%
do valor total de caloria ingerida e a ingestão de
carne magra deveria ficar abaixo de 300g/semanais,
constituindo-se principalmente de carne mal passada.
A vida sedentária tem sido relacionada à
maior incidência do câncer
colorretal.21-24 Esse tipo de associação é convincente para o câncer do intestino
grosso e para o câncer de mama; provável para o câncer
de próstata e possível para câncer de pulmão e
do endométrio.25
A obesidade traz outras doenças. As que,
consistentemente, estão associadas à
obesidade são: o diabete, a hipertensão arterial, as doenças cardíacas,
e outras, entre os distúrbios metabólicos. No que diz
respeito ao câncer, as observações são conflitantes,
mas há indícios de que o câncer de mama, do cólon,
do reto, do útero (endométrio), da vesícula biliar e
outros estão associados com a obesidade, por mecanismos
não bem esclarecidos, mas que podem incluir a
alimentação, o estilo de vida e alguns aspectos da
hereditariedade.26-30
O uso habitual de bebidas
alcoólicas é fator de maior risco para o desenvolvimento do câncer
do intestino grosso porque o álcool pode agir,
estimulando a proliferação de células da mucosa
intestinal, ativando pró-carcinógenos e mantendo níveis
elevados dessas substâncias em contato prolongado com
a mucosa intestinal ou por aumentar a incidência
de adenomas no intestino grosso.31-36
Por último, o tabagismo, talvez o fator de
maior destaque para o risco de câncer, não só dos
pulmões como de outros órgãos, tais como a próstata e a
mama, sem mencionar sua relação com doenças não
malignas, porém fatais, das quais o cigarro é o principal
causador e das inconveniências sociais e de péssima etiqueta,
ele é fator de alto risco para câncer do intestino grosso,
principalmente do reto onde a incidência é três vezes
maior no fumante do que na população
geral.37-40
Os micronutrientes seriam benéficos para o
paciente, porém não há recomendação definitiva
para suplementação dietética de micronutrientes ou
inibidores químicos na prevenção do câncer
colorretal18. Assim, fica como conselho a "alimentação
saudável" com um significado relativamente empírico, mais
para orientar o balanceamento dietético do que para
mandar abolir de vez uma ou outra espécie de
alimento, exceto no que diz respeito ao álcool.
O mesmo pode ser dito para o estilo de vida
e o peso corporal, quando a atividade física deve
ocupar um lugar tão importante como o asseio corporal, e
o peso deve ser mantido de acordo com o que
determina a tabela de índices de massa corpórea.
Tudo o que foi discutido acima se aplica aos grupos populacionais portadores dos fatores de
riscos permanentes, com um policiamento mais severo.
Rastreamento
População Geral
A estratégia de rastreamento do câncer
colorretal varia, em alguns de seus itens, de acordo com o
grupo de risco envolvido e tem como objetivo a
identificação das pessoas que são portadoras de fatores
inerentes de riscos, a identificação precoce de lesões
pré-cancerosas ou do câncer em sua fase mais inicial,
sendo, portanto, efetivos para reduzir o número de
mortes causadas por essa doença.3,41
Quando nos reportamos à população geral,
os regimes de rastreamento devem ser iniciados no
ponto ascendente da curva de "incidência e mortalidade"
que, para o intestino grosso é aos 50 anos, tanto em
homens como em mulheres ou em idades mais jovens
quando se trata de população de alto risco, como veremos
adiante.
As propostas de programas de prevenção
e rastreamento do câncer colorretal tendem a atingir
os momentos que antecedem as manifestações clínicas
da lesão, já que o tumor encontrado quando há sinais
e sintomas, tais como alteração do hábito
intestinal, sangramento ou dor, em geral está num estádio de
evolução mais
avançado.2 Isso, contudo, não deve
fugir do escopo das campanhas de esclarecimento e
conscientização sobre a doença, principalmente entre
nós, onde, certamente transformaríamos nossa
população de pessoas com cânceres do intestino grosso
classificados como Dukes C, que representam a grande
maioria dos pacientes que chegam em nossas mãos,
em Dukes B ou A, com substancial ganho no tocante
à mortalidade.
Não é oportuno discutir aqui os dados que
subsidiam o rastreamento, porque eles já foram motivo
de atenção em outras
partes2 e, por isso, vamos considerar válidos os atuais esquemas e as campanhas que
os propagam. Além disso, como em todas as outras
doenças, os maiores e mais efetivos resultados têm sido
obtidos ou com a antecipação, nas chamadas medidas
preventivas, ou com a detecção e tratamento precoces.
As outras oportunidades de investidas têm
sido testadas nos últimos 60 anos, com modificações
não muito convincentes e que são mais realçadas
quando pareamos os resultados do tratamento do câncer
do intestino grosso com os avanços, no mesmo
período, das ciências físicas ou biológicas. Isto é, tomando
como ponto de referência o ano da edição da
classificação feita por
Dukes42,43 e os estudos subseqüentes a
respeito da sobrevida de 5 anos para cada grupo dentro
da classificação, o perfil mudou muito
pouco.42-44
No final do período compreendido entre o
término da 2ª Grande Guerra (1939-1945) e o
lançamento do primeiro satélite artificial (Sputnik-1), em 4
de outubro de 1957 e o terceiro (Sputnik-3), em 15
de maio de 1958, houve uma frase atribuída ao Dr.
von Braun (Wernher von Braun,1912-1977), então
Diretor da NASA, em que constava o seguinte, sobre os
avanços tecnológicos incorporados para a construção
dos primeiros satélites: "Se o Sputnik caísse na terra,
durante a 2ª Grande Guerra, e fosse analisado com
os meios científicos, então disponíveis, certamente
concluiríamos estar diante de um objeto vindo de uma
civilização, pelo menos, 2000 anos à nossa frente".
Todo esse desenvolvimento e os que vieram nos anos seguintes foram incorporados, na medida
do possível, pelas ciências médicas em prol da cura
das doenças, mas o perfil do câncer colorretal mudou
muito pouco.
Assim e com base nas evidências efetivas
do rastreamento, do diagnóstico e do tratamento
precoces e nas resoluções do Congresso
Americano45, o presidente dos Estados Unidos da América do
Norte, William J Clinton, ao proclamar o mês de Março
de 2000 como o mês nacional de conscientização sobre
o câncer colorretal, disse:
"Our most effective weapon in defeating colorectal cancer is early detection and
treatment. Through a regular screening program that
includes fecal blood testing, periodic partial or full
colon examinations, or both, health professionals can
detect and remove pre-cancerous polyps before they turn
into cancer. Such cancer screening should become a
routine part of preventive health care for anyone over the
age of 50, because the risk of developing colorectal
cancer increases with age
. I encourage health
care providers, advocacy groups, policymakers, and concerned citizens across the country to help
raise public awareness of the risks and methods of
prevention of colorectal cancer and to use the power of
our knowledge to defeat this silent
disease
".2, 46
O rastreamento proposto e aplicável para a
população geral disponibiliza os seguintes testes, de
variadas complexidades, que são:
1. pesquisa de sangue oculto nas fezes;
2. exame proctológico completo;
3. endoscopia flexível, curta ou longa, e
eventualmente o
4. enema opaco.
1. Pesquisa de sangue oculto nas fezes
O teste que pesquisa sangue oculto nas
fezes envolve um contingente de resultados falso
positivo ou falso negativo não desprezível, mas tem
elevada efetividade47-57 que, em alguns estudos, ficou
demonstrada pela redução relativa da mortalidade variando
de 18 a 33%.52-55 O exame deve ser anual, a partir dos
50 anos de idade, para a população em
geral.56,58
2. Exame proctológico completo
O exame proctológico - inspeção
estática, inspeção dinâmica, toque, anuscopia e
retossigmoidoscopia rígida -- é propedêutica efetiva, no
complemento da história clínica, para as doenças do
intestino grosso e, entre elas, o câncer do reto e pode, em
algumas circunstâncias, permitir inferir sobre a
existência de tumor mais proximal. Cerca de 60% de todos
os adenocarcinomas do intestino grosso se localizam
nos seus 20 cm terminais - sigmóide distal e reto.
Limitando-nos a esse segmento intestinal, dos tumores ai
localizados cerca de 80% são passíveis de serem tocados.
A presença de fezes sólidas no reto, médio ou alto,
envoltas por filetes de muco e sangue são fortes indícios
de tumor de localização mais proximal. É certo que o
exame proctológico feito de forma sistemática não tem
influência no índice de morte por causa do câncer do
reto55, mas em nosso meio, estudo retrospectivo feito com
250 pacientes com câncer do intestino grosso, pudemos
observar que entre os que haviam procurado atenção
médica desde o aparecimento dos sinais e sintomas
(variando de 4 a 18 meses; média de 6,8 meses), 77%
foram orientados para tratamento de verminose ou
de hemorróidas; 70% deles não passaram pelo
exame proctológico; 67% tinham câncer do reto e 82% dos
tumores localizados no reto eram tocados, via anal.
O retardo do tratamento definitivo foi de
7,5 meses, tempo suficiente para que a lesão
crescesse em mais de um quarto da circunferência do
intestino grosso.60
Esse exame, mencionado entre os que são
recomendados para o rastreamento, deve ser feito
em todas as situações em que houver queixas
coloproctológicas, mesmo que inespecíficas.
3. Endoscopia flexível - curta ou longa
O exame endoscópico do intestino grosso -
limitado ao cólon esquerdo (curta) ou atingindo o
ceco (longa) - é procedimento preferencial para o
diagnóstico e tratamento de lesões pré-malignas, para
diagnóstico precoce e orientação terapêutica do câncer
em fase inicial e para esclarecer dúvidas ante a
possível existência de doenças intestinais e faz parte
obrigatória da propedêutica em qualquer guia para a
prevenção do câncer colorretal.
51,61
Em mãos hábeis, tanto a
retossigmoidoscopia flexível como a coloscopia, são exames seguros,
rápidos, eficientes e causam pouco desconforto ao
paciente, mas têm custo elevado, em comparação
aos outros testes disponíveis para o rastreamento do
câncer, principalmente quando se pretende
desenvolver um programa de estudo populacional. No entanto,
a especificidade e sensibilidade fizeram,
especialmente da coloscopia, por ora, um procedimento
insubstituível, já que por meio desse exame é possível
localizar lesões mais proximais, fora do alcance do
retossigmoidoscópio flexível, e, em alguns casos
providenciar o tratamento.62-65
A avaliação endoscópica do intestino
grosso deve ser dispensada para o contingente
populacional assintomático, acima dos 50 anos de idade, a cada
10 anos.
4. Enema opaco
O enema opaco não tem sido destacado
como um exame que possa constar na lista de
procedimentos para rastreamento do câncer do intestino grosso,
mas pode ser requisitado em situações em que a
coloscopia não está disponível ou é contra-indicada, com a
desvantagem de ser menos efetivo que esta para a
detecção de pequenas lesões ou mesmo do
câncer.66,67
A coloscopia é preferível na investigação
diagnóstica de pacientes com algum dado duvidoso ou
positivo nos testes mais simples de rastreamento,
no rastreamento de pacientes
assintomáticos67 ou com doença diverticular do intestino grosso, diagnosticada
pelo enema opaco68, no rastreamento de paciente
com história familiar de câncer e no seguimento de
pacientes outrora submetidos à polipectomia
endoscópica.67,69
População de alto risco
Para a população de alto risco que envolve
as pessoas que têm risco permanente ou não
modificável para o câncer colorretal, as medidas preventivas são
as que se aplicam à população geral com uma
vigilância mais severa que pode, inclusive, ser dirigida para
conduta "terapêutica agressiva" com o objetivo de
evitar o aparecimento futuro do câncer.
O início da vigilância não obedece a idade
do aparecimento natural do câncer e será agendado
de acordo com o fator de predisposição conhecido.
Por exemplo, as doenças intestinais inflamatórias têm
alta incidência na faixa jovem da população e, nesse
grupo de pessoas, elas podem, como fator de risco, estar
associadas a uma maior incidência do câncer dos
intestinos, determinando, portanto, uma vigilância mais precoce.
Para a retocolite ulcerativa, além do
seguimento que interessa ao controle clínico da moléstia,
deve haver a preocupação com o aparecimento de
displasias graves, prenunciadoras da possível malignização.
Nesse aspecto, o exame endoscópico com colheita de
amostra da mucosa doente para estudo histológico deve
ser, dependendo do tempo de evolução da doença,
anual, com a preocupação para a opção de tratamento
cirúrgico nos casos de doença crônica com displasia
na mucosa.70,71
É possível que essa displasia esteja
associada apenas aos fenômenos regenerativos do epitélio
intestinal, diferente do que ocorre com a doença de Crohn,
em que a incidência do câncer, até 3 vezes maior que
na população geral, pode ter outros fatores
etiológicos.72-75
População com risco do câncer familiar
O risco de câncer colorretal aumentado
fica estabelecido, independente do caráter
sindrômico, quando consideramos parentes de primeiro grau
de pessoas com câncer dos cólons. Aqueles caem
numa faixa de risco 2 a 3 vezes maior do que a da
população geral e têm a inflexão ascendente da curva numa
idade 10 anos mais nova do que a da
população.76
O risco aumenta com o aumento do
número de parentes com história de câncer do intestino
grosso, principalmente quando o canceroso é jovem.
A chance de ter câncer dobra quando o parente de
primeiro grau teve câncer antes dos 55 anos de
idade; aumenta 3 vezes quando o câncer foi
diagnosticado entre 45 e 55 anos e 4 vezes quando o câncer foi
diagnosticado antes dos 45 anos de idade.77
Por outro lado, há o câncer colorretal
geneticamente determinado que abrange cerca de 3% de
todos os carcinomas do intestino grosso e é talvez, a
neoplasia maligna de aspecto familiar mais
marcante.78-81
Ele é representado por três síndromes:
1. câncer colorretal hereditário da
polipose familiar;
2. câncer colorretal hereditário não
associado à polipose (HNPCC) com local
específico de predominância - síndrome de Lynch I;
3.câncer familiar (HFCC) - câncer dos
cólons não associados à polipose e relacionados
a outros tipos de cânceres extra intestinais
- síndrome de Lynch II.
1. Polipose familiar
A condição é autossômica dominante de
penetrância incompleta e se deve a um defeito no gene
da polipose adenomatosa do cólon (APC), localizado
no braço longo do cromossoma 5, que provoca a
doença caracterizada pelo aparecimento de adenomas
sésseis ou polipóides, múltiplos, em centenas ou milhares,
em geral no adolescente, com transformação maligna
inexorável cerca de 10-16 anos depois do
estabelecimento da polipose.82,83 É a única doença do intestino
grosso considerada absolutamente pré-maligna, isto é, o
portador dessa polipose tem risco de 100% de ter
câncer, a menos que seu intestino grosso seja retirado. Há
uma variante dessa polipose que é a síndrome de
Gardner que, além do câncer intestinal, determina o
desenvolvimento de tumores extra-intestinais, tais como os
cistos epidermóides, odontomas, osteomas, fibromas
e tumores desmóides.82,83
A identificação da síndrome impõe
tratamento em época oportuna do portador e estudo detalhado
da família, primeiro para a identificação "grosseira"
da expressão do mutante e em seguida com testes
genéticos para a identificação do gene. Identificado o
gene, o rastreamento em busca de pólipos do intestino
grosso pode ser iniciado aos 10 anos de idade e deve
ser repetido anualmente, de preferência com exame
endoscópico completo do intestino grosso. A presença
de pólipos, por si só, é motivo para o tratamento
cirúrgico, mas o paciente não fica livre de seguimento
médico, com exame gastroduodenoscópico, cada 1-3
anos, iniciando depois dos 20 anos de idade, por causa
da possibilidade de aparecimento de lesões gástricas
ou duodenais.83
2. Câncer colorretal hereditário não associado
a polipose familiar (HNPCC)
O câncer hereditário do intestino grosso
não associado à polipose - síndrome de Lynch I e
II - entre outros cânceres hereditários, tem importância por
representar 5% de todos os carcinomas desse segmento
do tubo digestivo e estar vinculado a outros tipos de
neoplasias malignas de localização
extra-intestinal.74-86
A síndrome de Lynch I é determinada por
um gene autonômico dominante de penetrância
incompleta, mas alta (85-90%) e tem como expressão
principal o aparecimento de câncer, principalmente no cólon
direito com 70% das lesões se localizando antes do
ângulo esplênico do cólon.
A síndrome de Lynch II tem as mesmas
características da precedente, acrescida do fato de
que ela está envolvida com uma grande variedade de
cânceres em outras localizações, particularmente o
endométrio, o ovário, estômago, pâncreas, etc. O gene
que determina o caráter (Lynch I e II) é dominante
com penetrância de 85 a 90%. Essa proporção é muito
alta e o câncer costuma ocorrer na 5º. década de vida,
em média ao redor dos 44 anos.82,84,86
Os critérios clínicos para o diagnóstico
de HNPCC - critérios de
Amsterdam87 - incluem os seguintes:
1. três pessoas da mesma família
(parentes) com câncer de cólon, em que duas
delas são parentes de primeiro grau da terceira;
2. pelo menos duas gerações afetadas e
3. câncer diagnosticado em pessoas com
idade inferior a 50 anos.
Com a ameaça de ter câncer, maior que
80%, as pessoas enquadradas no grupo de risco da
síndrome do câncer hereditário do intestino grosso, devem
ser examinadas (coloscopia) com intervalos de 1 ou 2
anos, a partir dos 20-25 anos de idade ou com a idade de
10 anos a menos do que a idade da pessoa que teve o
primeiro câncer diagnosticado na
família.87,89
Em suma, por enquanto, com tudo o que se conhece a respeito do comportamento biológico do
câncer do intestino grosso, com o desenvolvido
arsenal terapêutico antineoplásico disponível - físico e
químico - e com as inovações de técnicas cirúrgicas, a
maior força capaz de modificar o perfil da doença são,
ainda, a prevenção e o diagnóstico "bem"
precoce.
Summary: New evidences showing validity of guidelines for colorectal cancer screening and acquired knowledge about risk factors have been well established in the past two decades. Such evidences favor more colon cancer prevention and early diagnosis than management of established cancer as an able method to modify the incidence and mortality due to colorectal cancer.
Key words: colorectal cancer, prevention, screening, risk factor, early detection
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Endereço para correspondência:
Instituto de Medicina
Júlio César M Santos Júnior
Av Min Urbano Marcondes, 516
12515-230 - Guaratinguetá - SP