ARTIGOS ORIGINAIS
Resumo: Entre 1965 e 1996 tivemos a oportunidade de acompanhar 380 pacientes portadores de CR, assim distribuídos:
82 (21,6%) na década de 60 (D-60), entre 1965 e 1970; 140 (36,8%) na década de 70 (D-70), entre 1971 e 1978; 102 (26,8%) na
década de 80 (D-80), entre 1981 e 1990; e 56 (14,8%) na década de 90 (D-90), entre 1991 e 1996. Todos os pacientes foram seguidos
e operados pelo mesmo médico e das cirurgias participou a própria equipe do autor.
O objetivo deste trabalho é estudar 135 pacientes portadores de CR submetidos à amputação abdominoperineal (AAP)
ao longo de quatro décadas, comparando esta cirurgia com outras disponíveis ou disponibilizadas ao longo das décadas incluídas
no estudo, analisando o decréscimo da cirurgia de Miles frente ao surgimento de novas tecnologias e concepções anatômicas e terapêuticas.
A partir dos dados obtidos traçamos um paralelo entre nossos achados com os da literatura, concluindo que a cirurgia
de Miles diminuiu, em indicação e prática, como opção cirúrgica para o CR ao longo das quatro décadas estudadas.
A diminuição da indicação da AAP para os CR de terço inferior deveu-se ao surgimento e estabelecimento das
anastomoses mecânicas, que não eram disponíveis nas duas primeiras décadas (0%), surgindo na terceira década (2,4%), chegando à
incidência de 28,6% na quarta década, de forma menos significativa que os CR de terço médio; e ao incremento da ressecção local que
inexistiu nas duas primeiras décadas, chegando à incidência de 14,6% na terceira década e 42,9% na quarta década. Independentemente
da altura do CR a AAP foi a cirurgia mais realizada para o CR (40,7%), mas sua indicação decresceu, de forma
estatisticamente significativa, ao longo das quatro décadas, respectivamente: 56,7%. 47,1%, 37,8%e 11,1%. O índice de complicações graves
imediatas foi de 9,6%, decrescendo, sem significado estatístico, ao longo das quatro décadas estudadas, semelhante aos índices relatados
na literatura. Concluímos que a AAP continua sendo uma cirurgia de inegável valor nos CR, mas suas indicações diminuíram e
vêm diminuindo às custas do incremento das anastomoses mecânicas e das ressecções locais.
Unitermos: Câncer no reto, amputação abdominoperineal, cirurgia de Miles.
introdução
As cirurgias ressecativas de câncer retal)
CR são indicadas na Tabela-1. Os fatores
determinantes da escolha da opção cirúrgica são relacionados com
o próprio tumor, com o paciente e com a equipe
cirúrgica. Os fatores relacionados com o tumor são altura da
localização, aspecto macroscópico,
envolvimento circunferencial, fixação aos planos profundos retais
e extrarretais, aspecto microscópico, DNA celular,
invasão parietal no reto e adenopatia pré-sacra - Beynon
(1986)6, Kewenter et al. (1994)
57 e Wolmark et al. (1986) 100 -. Os fatores relacionados com o paciente são
biótipo, idade, sexo, presença de doença metastática,
presença de doenças sistêmicas
e condições mórbidas afins. Quanto à equipe cirúrgica, são de fundamental
importância os recursos médico-hospitalares, a
experiência vivida da equipe e a relação médico-paciente.
Cada um destes fatores, que por si só pode
determinar variações de procedimentos terapêuticos devem
estimular o cirurgião a pensar na radioterapia
pré-operatória.
Tabela 1 - Amputação abdominoperineal: uma
cirurgia fora de moda? - estudo retrospectivo de 135
cirurgias realizadas ao longo de quatro décadas indicações
de técnicas cirúrgicas por localizações e
estadiamento dos cânceres retais.
Ressecções locais |
ressecção transanal |
ressecção endoscópica |
microcirurgia retal |
ressecção à Kraske |
Ressecções abdominais |
Retossigmoidectomia abdominal parcial baixa com anastomose colorretal manual entre 6 e 10 centímetros de altura do ânus |
Retossigmoidectomia abdominal parcial baixa com anastomose mecânica transanal entre 6 e 10 centímetros do ânus; |
Ressecções abdômino-endoanais |
Retossigmoidectomia abdômino-endoanal total com anastomose cólon-anal manual imediata; |
Retossigmoidectomia abdômino-endoanal total com anastomose cólon-anal manual retardada; |
Retossigmoidectomia abdômino-endoanal total com anastomose cólon-anal mecânica; |
Retossigmoidectomia abdômino-endoanal total com anastomose cólon-anal em bolsa colônica manual; |
Retossigmoidectomia abdômino-endoanal total com anastomose cólon-anal em bolsa colônica mecânica; |
Ressecções abdominoperineais |
Amputação abdominoperineal com colostomia definitiva; |
Ressecções ampliadas ou estendidas |
Hemicolectomia esquerda com anastomose transverso retal |
Retocolectomia total com anasmose ileorretal |
Proctocolectomia total com anastomose ileoanal |
Cirurgias alargadas |
Histerectomia |
Ooforectomia |
Cistectomia |
Salpingectomia |
Enterectomia, etc. |
Cirurgias de urgência |
Colectomia à Hartmann |
Colostomia |
Cirurgias paliativas |
Colectomia à Hartmann |
Colostomia |
A primeira amputação abdominoperineal
(AAP) foi realizada por Czerny (1884)
33; e somente 24 anos depois, em 1908, Miles
(1908)70 viria realizar as primeiras 12 AAP com mortalidade de 42%. A
cirurgia de Miles comporta, em seu ordenamento,
uma colostomia ilíaca terminal, fechamento do
sigmóide acima do tumor, ligadura dos vasos
mesentéricos inferiores, fechamento do ânus, remoção da peça
pelo períneo, englobando o ânus. Inicialmente a técnica
de Miles foi usada para todo CR, e não apenas para os
de terço inferior, pois as anastomoses não permitiam
bons resultados. Em 1930 Lahey (1930)
62 também modificou a cirurgia de Miles para 2 tempos: no primeiro,
a colostomia dupla de sigmóide; no segundo, a
amputação propriamente dita. Lockhart-Mummery
(1926)67 passou a fazer a cirurgia em 2 tempos: no primeiro,
colostomia terminal de sigmóide e sepultamento do coto;
no segundo, a amputação propriamente dita. Em
1939 Lloyd-Davies (1939)65 voltou a fazer a cirurgia de
Miles (1908) em um só tempo, mas com 2 equipes
cirúrgicas concomitantes; uma no abdome e outra no períneo.
De lá para cá, as modificações foram de caráter restrito,
no sentido de se praticarem (a) períneo fechado
versus períneo aberto, (b) irrigação versus não irrigação e
(c) cirurgia alargada versus cirurgia não alargada, e
por último remoção de "reto longo e magro" versus
remoção de "reto gordo" (com mesorreto). Com o advento
de outras técnicas hodiernas, as amputações tiveram
suas indicações restritas, mas certamente são imbatíveis
no CR de terço inferior, CR com invasão pélvica,
CR metastático, CR com contra-indicações do paciente
à realização de anastomoses e CR associado à
RCUI, polipose ou doença de Crohn anorretal.
Heald et al. (1986) 53 introduziram os
princípios técnicos da excisão total de mesorreto (ETM) para
a abordagem cirúrgica dos CR de terços médio e
inferior, em 1982, visando diminuir as elevadas taxas
de recidivas pélvicas destes tumores em ressecções
com dissecações convencionais, próximas à parede retal.
A idéia da ressecção de um "reto mais gordo" passou
a ocupar o espaço na literatura médica em
detrimento do "reto longo".
A AAP é uma cirurgia de grande porte e
com consideráveis índices de complicações graves
pós-operatórias, como impotência sexual, bexiga
neurogênica, esterilidade, complicações da
colostomia, abscessos perineais, infecção do trato urinário,
apenas para se citarem algumas. A mais comum entre
as complicações, no homem, é a impotência
sexual, seguida de complicações urinárias, que alguns
autores 2, 5, 8, 11, 17, 18, 26, 27-30, 35, 39, 59, 83, 85, 86, 93,
103 (Tabela-2) têm com elevada freqüência em pacientes mais idosos.
A mortalidade cirúrgica da AAP oscila entre 0,0%
- Cunsolo (1989) 30 - e 6,5% - Shepard
(1971) 89, segundo alguns autores 9, 34, 36, 41, 66, 67, 69, 75, 90- 93, 98
(Tabela-3).
Tabela 2 - Amputação abdominoperineal: uma
cirurgia fora de moda? _ estudo retrospectivo de 135
cirurgias realizadas ao longo de quatro décadas.
Complicações da amputação
abdominoperineal*/***Média percentual de 9.200 AAP por vários autores
(ver texto)**Não consideradas complicações sistêmicas.
Complicações | % |
Impotência (c/ e s/ esterilidade) | 17,9 |
Complicações da colostomia | 13,6 |
Abscessos perineais | 11,6 |
Hipertrofia prostática benigna | 7,8 |
Infecção do trato urinário | 8,2 |
Obstrução I.D. por aderências | 4,1 |
Doença neurogênica | 3,7 |
Infecção da parede abdominal | 3,5 |
Evisceração | 3,4 |
Hemorragia perineal | 3,1 |
Estreitamento uretral | 0,8 |
Fístulas vesicais | 0,8 |
Hérnia perineal | 0,6 |
Tabela 3 - Amputação abdominoperineal: uma cirurgia fora de moda? _ estudo retrospectivo de 135 cirurgias realizadas ao longo de quatro décadas. Mortalidade da Amputação abdominoperineal*/**.
AUTORES | % |
Bordos et al. (1974) | 2,9 |
Deddish & Stearns (1961) | 2,0 |
Enker et al. (1979) | 6,4 |
Glenn & McSherry (1966) | 4,7 |
Lockhart-Mummery et al. (1976) | 2,1 |
Localio et al. (1978) | 2,3 |
Maclennan et al. (1976) | 3,2 |
Palumbo & Sharpe (1968) | 4,4 |
Stearns (1974) | 3,5 |
Slanetz et al. (1972) | 5,4 |
Strauss et al. (1978) | 3,5 |
Walz et al. (1977) | 4,7 |
Williams et al. (1966) | 4,3 |
Zollinger & Shepard (1971) | 6,5 |
Bokey (1990) | 3,1 |
Cunsolo (1989) | 0,0 |
Gillen (1986) | 2,2 |
Halpern (1989) | 3,0 |
Hughes (1962) | 6,3 |
Patel (1986) | 2,9 |
Rosen et al. (1982) | 1,7 |
Rothenberger (1987) | 2,6 |
Objetivo
Entre 1965 e 1996 tivemos a oportunidade de acompanhar 380 pacientes portadores de CR,
assim distribuídos: 82 (21,6%) na década de 60 (D-60),
entre 1965 e 1970; 140 (36,8%) na década de 70
(D-70), entre 1971 e 1998; 102 (26,8%) na década de 80
(D-80), entre 1981 e 1990; e 56 (14,8%) na década de
90 (D-90), entre 1991 e 1996. Todos os pacientes
foram seguidos e operados pelo mesmo médico e das
cirurgias participou a própria equipe do autor. O objetivo
deste trabalho é estudar 135 pacientes portadores de
CR submetidos à amputação abdominoperineal (AAP)
ao longo de quatro décadas, analisando o decréscimo
da prática desta cirurgia frente ao surgimento de
novas tecnologias e concepções anatômicas e terapêuticas.
casuística - pacientes e métodos
No decurso de 31 anos de prática coloproctológica, de 1965 a 1996, acumulamos um
fichário com 24.200 pacientes, 923 (3,8%) dos quais
eram portadores de câncer no intestino grosso, e destes,
870 (94,3%) eram adenocarcinomas colorretais. Dos
870 casos de adenocarcinomas colorretais, 490
(56,3%) localizam-se nos cólons e 380 (43,7%) no reto.
Este trabalho é um estudo de 135 casos de amputação
abdominoperineal (AAP) realizadas entre 380
portadores de CR, distribuídos ao longo de quatro décadas em
que foram seguidos: 82 (21,6%) na década de 60
(D-60), entre 1965 e 1970; 140 (36,8%) na década de 70
(D-70), entre 1971 e 1998; 102 (26,8%) na década de
80 (D-80), entre 1981 e 1990; e 56 (14,8%) na década
de 90 (D-90), entre 1991 e 1996 (Tabela-4). Todos
os pacientes foram seguidos e operados pelo mesmo médico e das cirurgias participou a própria equipe
do autor. Entre estes pacientes 135 foram submetidos
à amputação abdominoperineal (AAP), sendo
este trabalho uma abordagem crítica da indicação da
AAP ao longo das quatro décadas, com o surgimento
de novas tecnologias e concepções.
Tabela 4 - Distribuição de 380 casos de câncer no
reto, por décadas, atendidos em várias instituições de
saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas* | No de casos | % |
D-60 | 82 | 21,6 |
D-70 | 140 | 36,8 |
D-80 | 102 | 26,8 |
D-90 | 56 | 14,8 |
Total | 380 | 100,0 |
(*) Houve menos casos nas décadas (D) D-60 e D-90 por terem sido considerados, não 10 anos, mas 5 anos e 6 anos, respectivamente. |
resultados
Tratamento cirúrgico e achados per e pós-operatórios em
CR DE TERÇO SUPERIOR: A Tabela-5 enumera todas as
cirurgias realizadas nos 126 pacientes portadores de CR
localizados no terço superior; e a Tabela-6 compacta todas as
cirurgias executadas e mostradas na tabela anterior, em apenas
três categorias básicas para atender, de forma mais racional,
à discussão da evolução da técnica cirúrgica nas
quatro décadas: ressecções locais com retotomia,
ressecções colorretais com anastomoses manuais e
ressecções colorretais com anastomoses mecânicas.
Tabela 5 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias realizadas em 126 pacientes com câncer
no terço superior do reto, de uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições
de saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias* | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 1 | 2,1 | 2 | 5,6 | 4 | 21,0 | 7 | 5,5 |
RSA-ACRMa | 15 | 65,2 | 36 | 75,0 | 22 | 61,1 | 3 | 15,8 | 76 | 60,3 |
RSA-ACRMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 4 | 11,1 | 4 | 21,0 | 8 | 6,3 |
RSAEA-ACRMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 5,6 | 4 | 21,0 | 6 | 4,8 |
RSAEA-ACRMa-2T | 4 | 17,4 | 3 | 6,3 | 1 | 2,8 | 0 | 0,0 | 8 | 6,3 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 10,5 | 2 | 1,6 |
RCT-AIAMa | 1 | 4,3 | 2 | 4,2 | 1 | 2,8 | 1 | 5,3 | 5 | 3,4 |
Irressecáveis - Colostomia | 2 | 8,6 | 4 | 8,4 | 4 | 11,1 | 1 | 5,3 | 11 | 8,7 |
Não Operados | 1 | 4,3 | 2 | 4,2 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 3 | 2,4 |
Total | 23 | 100,0 | 48 | 100,0 | 36 | 100,0 | 19 | 100,0 | 126 | 100,0 |
(*) RL: Resseção Local.; RSA-ACRMa: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Manual; RSA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Mecânica; RSAEA-ACRMa-2T: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 2 tempos tipo Swenson-Cutait com Anastomose Colorretal Manual; RSAEA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 1 só tempo tipo Swenson com Anastomose Colorretal Mecânica; RSAEA-ACAMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal com Anastomose Cólon-Anal Mecânica à Parks; RCT-AIAMa: Retocolectomia Total com Anastomose Ileo-Anal manual. |
Figura 1 - Representação gráfica dos três tipos básicos de cirurgias realizadas (RL, RSAMa e RSAMe), ao longo de quatro décadas, em pacientes portadores de câncer no terço superior do reto, com base nos dados da Tabela-5. |
Tabela 6 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias básicas realizadas (ressecção
local, retossigmoidectomia com anastomose manual e retossigmoidectomia com anastomose mecânica) em 112
pacientes (total 126 pacientes) com câncer no
terço superior do reto, de uma casuística de 380 casos de câncer no
reto, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias* | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 1 | 2,4 | 2 | 6,3 | 4 | 22,2 | 7 | 6,3 |
RSAMa | 20 | 100,0 | 41 | 97,6 | 24 | 75,0 | 4 | 22,2 | 89 | 79,4 |
RSAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 6 | 18,8 | 10 | 55,6 | 16 | 14,3 |
Total | 20 | 100,0 | 42 | 100,0 | 32 | 100,0 | 18 | 100,0 | 112 | 100,0 |
(*) RL: Ressecção Local; RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Manual; R: RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Mecânica. |
Os testes estatísticos envolvendo as cirurgias
no terço superior não incluíram a ressecção local
(RL) devido aos poucos casos registrados (apenas 7). Nas
duas primeiras décadas predominou a
retossigmoidectomia com anastomose manual (100,0% e 97,6%,
respectivamente), enquanto no mesmo período não
ocorreu retossigmoidectomia com anastomose mecânica.
Tratamento cirúrgico e achados per
e pós-operatórios em em CR do
terço médio: a Tabela-7 exibe as técnicas cirúrgicas a
que foram submetidos os 82 pacientes portadores de
CR de terço médio. As cirurgias enumeradas
foram distribuídas em quatro categorias básicas para
atender, de forma mais racional, à discussão da evolução
da técnica cirúrgica nas quatro décadas (Tabela-8):
Tabela 7 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias realizadas em 82 pacientes com câncer
no terço médio do reto, de uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições de
saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias* | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 5,3 | 3 | 20,0 | 4 | 4,9 |
RSA-ACRMa | 7 | 38,9 | 17 | 56,7 | 4 | 21,0 | 0 | 0,0 | 28 | 34,1 |
RSA-ACRMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 10,5 | 4 | 26,7 | 6 | 7,3 |
RSAEA-ACRMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 10,5 | 4 | 26,7 | 6 | 7,3 |
RSAEA-ACRMa-2T | 2 | 11,1 | 6 | 20,0 | 6 | 31,6 | 0 | 0,0 | 14 | 17,0 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 5,3 | 3 | 20,0 | 4 | 4,9 |
RSARR _ DUHAMELL | 0 | 0,0 | 1 | 0,3 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 9,7 |
RCT-AIAMa | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 5,3 | 1 | 6,6 | 2 | 2,4 |
AAP _ MILES | 5 | 27,8 | 2 | 0,7 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 7 | 8,5 |
Irressecáveis _ Colostomia | 3 | 16,7 | 3 | 10,0 | 2 | 10,5 | 0 | 0,0 | 8 | 9,7 |
Não Operados | 1 | 5,6 | 1 | 0,3 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 2,4 |
Total | 18 | 100,0 | 30 | 100,0 | 19 | 100,0 | 15 | 100,0 | 82 | 100,0 |
(*) RL: Resseção Local.; RSA-ACRMa: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Manual; RSA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Mecânica; RSAEA-ACRMa-2T: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 2 tempos tipo Swenson-Cutait com Anastomose Colorretal Manual; RSAEA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 1 só tempo tipo Swenson com Anastomose Colorretal Mecânica; RSAEA-ACAMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal com Anastomose Cólon-Anal Mecânica à Parks; RCT-AIAMa: Retocolectomia Total com Anastomose Ileo-Anal manual; AAP: Amputação Abdômino-perineal à Miles com colostomia definiiva; RSARR: Retossigmoidectomia Abdômino-Retrorretal à Duhamell. |
Tabela 8 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias básicas realizadas (ressecção
local, retossigmoidectomia com anastomose manual, retossigmoidectomia com anastomose mecânica e
amputação abdominoperineal com colostomia definitiva) em 71 pacientes com câncer
no terço médio do reto (total
82 pacientes), de uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições de saúde de
Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 5,9 | 3 | 20,0 | 4 | 5,6 |
RSAMa | 9 | 64,3 | 23 | 92,0 | 11 | 64,7 | 1 | 6,7 | 44 | 62,0 |
RSAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 5 | 29,4 | 11 | 73,3 | 16 | 22,5 |
AAP | 5 | 35,7 | 2 | 8,0 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 7 | 9,9 |
Total | 14 | 100,0 | 25 | 100,0 | 17 | 100,0 | 15 | 100,0 | 71 | 100,0 |
(*) RL: Ressecção Local; RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Manual; R: RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Mecânica; AAP: Amputação Abdômino-perineal. |
Os testes envolvendo as cirurgias no terço
médio não incluíram a ressecção local (RL) e a AAP,
devido aos poucos casos registrados para ambas (4 casos e
7 casos, respectivamente). A Figura-2 é a
representação gráfica dos achados da Tabela-8.
Figura 2 - Representação gráfica dos quatro tipos básicos de cirurgias realizadas (RL, RSAMa, RSAMe e AAP), ao longo de quatro décadas, em pacientes portadores de câncer no terço médio do reto, com base nos dados da Tabela-7. |
Tratamento cirúrgico e achados per
e pós-operatórios em CR do terço
inferior: As cirurgias a que foram submetidos os
172 pacientes portadores de CR de terço inferior
encontram-se quantificadas na Tabela-9. As cirurgias
foram distribuídas em três categorias básicas para
atender, de forma mais racional, à discussão da evolução
da técnica cirúrgica nas quatro décadas (Tabela-10).
Os testes envolvendo as cirurgias para os CR de terço
inferior médio não incluíram as
retossigmoidectomias com anastomoses mecânicas em decorrência
do pequeno número de casos (7 casos). A figura 3 é
a representação gráfica dos achados da Tabela-10.
Tabela 9 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias realizadas em 172 pacientes com câncer no terço inferior do reto, de uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias* | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 1 | 1,6 | 6 | 12,8 | 9 | 40,9 | 16 | 9,3 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 2,1 | 6 | 27,3 | 7 | 4,1 |
AAP _ MILES | 33 | 80,6 | 55 | 88,7 | 34 | 72,3 | 6 | 27,3 | 128 | 74,4 |
PCT | 1 | 2,4 | 1 | 1,6 | 1 | 2,1 | 0 | 0,0 | 3 | 1,7 |
Irressecáveis - Colostomia | 6 | 14,6 | 4 | 6,4 | 5 | 10,7 | 1 | 4,5 | 16 | 9,3 |
Não Operados | 1 | 2,4 | 1 | 1,6 | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 2 | 1,2 |
Total | 41 | 100,0 | 62 | 100,0 | 47 | 100,0 | 22 | 100,0 | 172 | 100,0 |
(*) RL: Resseção Local.; RSA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Mecânica; AAP: Amputação Abdômino-perineal à Miles com colostomia definiiva; PCT: Proctocolectomia Total com ileostomia definitiva. |
Tabela 10 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias básicas realizadas (ressecção
local, retossigmoidectomia abdômino-endoanal com anastomose cólon-anal mecânica, e amputação
abdominoperineal com colostomia definitiva) em 151 pacientes com câncer no
terço inferior do reto (total 172 pacientes), de
uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte, MG,
de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 1 | 1,8 | 6 | 14,6 | 9 | 42,9 | 16 | 10,6 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 1 | 2,4 | 6 | 28,6 | 7 | 4,6 |
AAP - MILES | 33 | 100,0 | 55 | 98,2 | 34 | 82,9 | 6 | 28,6 | 128 | 84,8 |
Total | 33 | 100,0 | 56 | 100,0 | 41 | 100,0 | 21 | 100,0 | 151 | 100,0 |
(*) RL: Resseção Local.; RSA-ACAMe: Retossigmoidectomia abdominal com anastomose cólon-anal mecânica; e AAP: Amputação abdômino-perineal à Miles com colostomia definiiva. |
Figura 3 - Representação gráfica dos três tipos básicos de cirurgias realizadas (RL, RSAEA-ACAMe e AAP), ao longo de quatro décadas, em pacientes portadores de câncer no terço inferior do reto, com base nos dados da Tabela - 5.9. |
Sinopse das cirurgias em pacientes com
CR: As cirurgias a que foram submetidos os
380 pacientes portadores de CR com localizações
totalizadas constam da Tabela-11. As cirurgias, que
foram distribuídas em quatro categorias básicas para
atender, de forma mais racional, à discussão da evolução
da técnica cirúrgica nas quatro décadas constam e
são totalizadas na Tabela-12. Os testes envolvendo
as cirurgias usadas no CR incluíram ressecções
locais, ressecções colorretais com anastomoses
manuais, ressecções colorretais com anastomoses mecânicas
e amputações abdominoperineais com
colostomia definitiva. A Figura-4 é a representação gráfica
dos achados da Tabela-12.
Tabela 11 - Sinopse da distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias realizadas em 380 pacientes
com câncer no reto, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0 | 2 | 1,4 | 9 | 8,8 | 16 | 28,6 | 27 | 7,1 |
RSA-ACRMa | 22 | 26,8 | 53 | 37,9 | 26 | 25,5 | 3 | 5,4 | 104 | 27,4 |
RSA-ACRMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 6 | 5,9 | 8 | 14,3 | 14 | 3,7 |
RSAEA-ACRMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 4 | 3,9 | 8 | 14,3 | 12 | 3,2 |
RSAEA-ACRMa-2T | 6 | 7,3 | 9 | 6,4 | 7 | 6,9 | 0 | 0 | 22 | 5,8 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 2 | 2,0 | 11 | 19,6 | 13 | 3,4 |
RCT-AIAMa | 1 | 1,2 | 2 | 1,4 | 2 | 2,0 | 2 | 3,6 | 7 | 1,8 |
AAP - MILES | 38 | 46,3 | 57 | 40,7 | 34 | 33,3 | 6 | 10,7 | 135 | 35,5 |
PCT | 1 | 1,2 | 1 | 0,7 | 1 | 1,0 | 0 | 0 | 3 | 0,8 |
RSARR-DUHAMELL | 0 | 0 | 1 | 0,7 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | 0,3 |
Irressecáveis - Colostomia | 11 | 13,4 | 11 | 7,9 | 11 | 10,8 | 2 | 3,6 | 35 | 9,2 |
Não Operados | 3 | 3,7 | 4 | 2,8 | 0 | 0 | 0 | 0 | 7 | 1,8 |
Total | 82 | 100,0 | 140 | 100,0 | 102 | 100,0 | 56 | 100,0 | 380 | 100,0 |
(*) RL: Resseção Local.; RSA-ACRMa: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Manual; RSA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdominal tipo Dixon com Anastomose Mecânica; RSAEA-ACRMa-2T: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 2 tempos tipo Swenson-Cutait com Anastomose Colorretal Manual; RSAEA-ACRMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal em 1 só tempo tipo Swenson com Anastomose Colorretal Mecânica; RSAEA-ACAMe: Retossigmoidectomia Abdômino-Endoanal com Anastomose Cólon-Anal Mecânica à Parks; RCT-AIAMa: Retocolectomia Total com Anastomose Ileo-Anal manual; AAP: Amputação Abdômino-perineal à Miles com colostomia definiivaProctocolectomia Total; PCT:RSARR: Retossigmoidectomia Abdômino-Retrorretal à Duhamell. |
Tabela 12 - Distribuição de freqüência, por décadas, das cirurgias básicas realizadas (ressecção local, retossigmoidectomia com anastomose manual, retossigmoidectomia com anastomose mecânica e amputação abdominoperineal com colostomia definitiva) em 332 pacientes com câncer no reto, de uma casuística de 380 casos de câncer no reto, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte, MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | |||||
Cirurgias | No | % | No | % | No | % | No | % | No | % |
RL | 0 | 0,0 | 2 | 1,7 | 9 | 10,0 | 16 | 29,6 | 27 | 8,1 |
RSAMa | 29 | 43,3 | 62 | 51,2 | 35 | 38,9 | 5 | 9,3 | 131 | 39,5 |
RSAMe | 0 | 0,0 | 0 | 0,0 | 12 | 13,3 | 27 | 50,0 | 39 | 11,7 |
AAP | 38 | 56,7 | 57 | 47,1 | 34 | 37,8 | 6 | 11,1 | 135 | 40,7 |
Total | 67 | 100,0 | 121 | 100,0 | 90 | 100,0 | 54 | 100,0 | 332 | 100,0 |
(*) RL: Ressecção Local; RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Manual; R: RSAMa: Retossigmoidectomia com Anastomose Mecânica. |
Figura 4 - Representação gráfica dos três tipos básicos de cirurgias realizadas (RL, RSAAMa, RSAAMe e AAP), ao longo de quatro décadas, em pacientes portadores de câncer no terço inferior do reto, com base nos dados da Tabela-11. |
Complicaçoes imediatas maiores e mortalidade
cirurgias: A Tabela-13 mostra os números de cada cirurgia realizada, bem como
os índices totais e percentuais de cada uma delas, de
suas complicações e suas mortalidades. Foram
consideradas as complicações ditas "maiores", ou seja,
complicações de menor importância, como abscessos de
parede, incontinência e infecção urinária passageiras,
hematomas, entre outras, não foram computadas. Da
mesma forma somente foram consideradas
complicações imediatas, ou seja, complicações tardias e de
longo prazo, como incontinência urinária,
bexiga neurogênica, impotência, esterilidade, entre
outras, foram consideradas.
Tabela 13 - Complicações cirúrgicas e óbitos, por tipos de cirurgia realizada e por décadas, em 373 casos
de câncer no reto, de uma casuística de 380 casos, atendidos em várias instituições de saúde de Belo Horizonte,
MG, de 1965 a 1996.
Décadas | D-60 | D-70 | D-80 | D-90 | Total | ||||||||||
Cirurgias* | PO | C | O | PO | C | 0 | PO | C | O | PO | C | O | PO | C | O |
RL | 0 | 0 | 0 | 2 | 1 | 0 | 9 | 1 | 0 | 16 | 0 | 0 | 27 | 2 | 0 |
RSA-ACRMa | 22 | 5 | 1 | 53 | 7 | 1 | 26 | 1 | 0 | 3 | 0 | 0 | 104 | 13 | 2 |
RSA-ACRMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 6 | 2 | 0 | 8 | 1 | 0 | 14 | 3 | 0 |
RSAEA-ACRMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 4 | 2 | 0 | 8 | 1 | 0 | 12 | 3 | 0 |
RSAEA-ACRMa2T | 6 | 3 | 0 | 9 | 2 | 1 | 7 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 22 | 5 | 0 |
RSAEA-ACAMe | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 2 | 2 | 1 | 11 | 2 | 0 | 13 | 4 | 1 |
CT-AIAMa | 1 | 1 | 0 | 2 | 1 | 0 | 2 | 2 | 0 | 2 | 0 | 0 | 7 | 2 | 0 |
Irres. Colostomia | 11 | 0 | 0 | 11 | 1 | 0 | 11 | 1 | 0 | 2 | 0 | 0 | 35 | 2 | 0 |
RSARR-Duhamell | 0 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 |
AAP - MILES | 38 | 5 | 1 | 57 | 5 | 1 | 34 | 3 | 0 | 6 | 0 | 0 | 135 | 13 | 2 |
PCT | 1 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 | 1 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 3 | 0 | 0 |
Total | 79 | 14 | 2 | 136 | 17 | 3 | 102 | 12 | 0 | 56 | 4 | 0 | 373 | 47 | 5 |
(*) PO: pacientes operados; C: complicações; O: óbitos. |
Discussão
Tratamento cirúrgico e achados per e pós-operatórios em CR de terço superior: As cirurgias realizadas (Tabela- 5.12) foram: RL (7 casos, 6,3%), RSAMa (89 casos, 79,4%) e RSAMe (16 casos, 14,3%). Foi a seguinte a distribuição por décadas: dos 7 casos RL houve uma (2,4%) em D-70, 2 (6,3%) em D-80 e 4 (22,2%) em D-90; dos 89 casos de RSAMa ocorreram 20 (100,0%) em D-60, 41 (97,6%) em D-70, 24 (75%) em D-80 e 4 (22,2%) em D-90; dos 16 casos de RSAMe, ocorreram 6 (18,8%) em D-80 e 10 (55,6%) em D-90. Nas duas primeiras décadas predominou a RSAMa (100,0% e 97,6%, respectivamente),enquanto no mesmo período não ocorreu RSAMe (Tabela-6). A partir da terceira década houve nítida redução da RSAMa e aumento da RSAMe (p<0,001). Na Figura-1, representação gráfica dos achados da Tabela-6, constata-se que a utilização das cirurgias para CR com anastomose manual (RSAMa) decresce, significativamente, na seqüência das duas últimas décadas, enquanto a mecânica (RSAMe) cresce, cruzando as duas linhas em meados de D-90.
Tratamento cirúrgico e achados per
e pós-operatórios em CR do terço
médio: Foram realizadas várias cirurgias em 82
pacientes portadores de CR de terço médio (Tabela-7), e
elas foram distribuídas em quatro categorias básicas
para atender, de forma mais racional, à discussão
da evolução da técnica cirúrgica nas quatro
décadas (Tabela-9): RL (4 casos, 5,6%), RSAMa (44
casos, 62,0%), ASAMe (16 casos, 22,5%) e AAP (7
casos, 9,9%), assim distribuídas por décadas: dos 4 casos
de RL houve uma (5,9%) em D-80 e 3 (20,0%) em
D-90; dos 44 casos de RSAMa, ocorreram 9 (64,3%) em
D-60, 23 (92,0%) em D-70, 11 (64,7%) em D-80 e uma (6,7%) em D-90; dos 16 casos de RSAMe
nenhuma ocorreu nas duas primeiras décadas (D-60 e D-70)
e ocorreram 5 (29,4%) em D-80 e 11 (73,3%) em
D-90; dos sete casos de AAP, 5 (35,7%) ocorreram em
D-60 e duas em D-70. Nas duas primeiras
décadas predominou a RSAMa sobre a RSAMe; a partir
da terceira década decresce o uso da anastomose
manual e cresce, paralelamente, o uso da anastomose
mecânica (Tabela-8) (p<0,001). Na Figura-2,
representação gráfica dos achados da Tabela-8, constata-se que
a prática da RSAMa decresce, significativamente, a
partir da terceira década, enquanto a RSAMe começa
a crescer a partir da mesma década em que a
RSAMa inicia seu declínio.
Nota-se, ainda, que ocorre o cruzamento das duas linhas representativas das
retossigmoidectomias com anastomose manual e com anastomose
mecânica no fim da terceira década, quando esta última passou
a dominar completamente as ressecções
colorretais médias e baixas. A grande vantagem da
anastomose mecânica sobre a manual nas
retossigmoidectomias abdominais para CR de terço médio reside em
dois principais fatos: maior facilidade de execução
e possibilidades de se praticarem ressecções cada
vez mais baixas, em alturas que a anastomose manual
por via abdominal seria impossível. Disto decorre a
não mutilação do paciente. Nota-se, nesta mesma
Figura-2, que as linhas representativas das ressecções locais
e da retossigmoidectomia com anastomose manual se cruzam em meados da quarta década.
Relatos americanos e europeus de vários autores
3, 13, 14, 46, 55, 56, 79, 80, 88, 95, 96,
98 indicam o uso de grampeadores 10 anos ou mesmo mais antes do
início do uso em nossa casuística, fato que
encontra explicação no acesso a tais instrumentos no início
da década de 70. Em São Paulo, Rio de Janeiro,
Salvador e Ceará, Ramos et al. (1997)
81 os grampeadores passaram a ser usados quase que
concomitantemente, da mesma forma, cerca de 10 anos antes do uso,
como rotina, em Minas Gerais. Nossos achados
coincidem com os de autores brasileiros relatados e
internacionais, com 10 a 12 anos de atraso em relação ao
nosso material.
Tratamento cirúrgico e achados per
e pós-operatórios em CR do
terço inferior: Foram realizadas várias cirurgias em
172 pacientes portadores de CR de terço inferior
(Tabela-9), tendo elas sido distribuídas em três
categorias básicas para atender, de forma mais racional,
à discussão da evolução da técnica cirúrgica nas
quatro décadas (Tabela-10): RL (16 casos, 10,6%),
RSAMe (7 casos, 4,6%) e AAP (128 casos, 84,8%). Foi a
seguinte a distribuição dos três tipos básicos de
cirurgias nas quatro décadas: dos 16 casos de RL houve
uma (1,8%) em D-70, 6 (14,6%) em D-80 e 9 (42,9%)
em D-90; dos 7 casos de RSAMe, houve um (2,4%) em D-80 e 6 (28,6%) em D-90; dos 128 casos de
AAP houve 33 (100%) D-60, 55 (98,2%) em D-70), 34 (82,9%) em D-80 e 6 (28,6%) em D-90.Nas
três primeiras décadas predominou a AAP, com
100,0%, 98,2% e 82,9%, respectivamente,
decrescendo, visivelmente, na quarta década (28,6%)
(Tabela-10) (p<0,001). Paralelamente a RL cresce com as
décadas: 0,0% em D-60, 1,8% em D-70, 14,6% em D-80
e 4écadas: 0,0% em D-60, 1,8% em D-70, 14,6% em
D-80 e 42,9% em D-90. As duas primeiras décadas
(D-60 e D-70) foram combinadas, o que resultou em
testes comparando três períodos. Os três
períodos considerados (D-60/70, D-80 e D-90) são
diferentes (p<0,001). Na Figura-3, representação gráfica
dos achados da Tabela-10, constata-se que, no CR de
terço inferior, a AAP decresce, significativamente,
na seqüência das quatro décadas, enquanto a RL e
a RSAMe crescem também significativamente, cruzando, as duas linhas ascendentes com
a descendente, em meado da D-90.
Os achados podem ser assim explicados:
não havia, nas duas primeiras décadas, outra alternativa
à AAP, para os CR de terço inferior, a não ser as
cirurgias de abaixamento em dois tempos com anastomose
cólon-anal manual, precárias e com elevados índices
de complicações. Assim, para os portadores de CR de
terço inferior, o advento da RSAMe significou a
possibilidade de não ficarem mutilados. Enquanto a
RSAMe surgiu e desenvolveu como resultado dos
grampeadores, as RL passaram a ser uma alternativa viável
em decorrência do desenvolvimento de técnicas
propedêuticas importantes na avaliação da invasão dos
CR, notadamente a tomografia computadorizada, a ressonância magnética de imagens e o
ultra-som endorretal.
É válido, para os CR de terço inferior o
mesmo que foi afirmado para os CR de terços superior e
médio: relatos americanos e europeus de vários
autores 3, 13, 14, 46, 56, 55, 79, 80, 88, 95, 96,
98 indicam o uso de grampeadores 10 anos ou mesmo mais antes do início do uso em
nossa casuística, fato que encontra explicação no acesso a
tais instrumentos no início da década de 70. Em São
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Ceará - Ramos et al.
(1997) 81 os grampeadores passaram a ser usados quase
que concomitantemente, da mesma forma, cerca de 10
anos antes do uso, como rotina, em Minas Gerais.
Assim, nossos achados são similares aos citados autores,
com uma defasagem para nós de cerca de 10 anos.
Sinopse das cirurgias nos CR:
Foram realizadas várias cirurgias em 380 pacientes
portadores de CR (tabela 9), tendo sido elas distribuídas em
quatro categorias básicas para atender, de forma mais
racional, à discussão da evolução da técnica cirúrgica nas
quatro décadas (Tabela-12): as RL (27 casos, 8,1%),
as RSAMa (131 casos, 39,5%), as RSAMe (39 casos, 11,7%) e as AAP (135 casos, 40,7%).
Em síntese, as duas primeiras décadas não
se diferem com relação à RSAMa e RSAMe, mas
se diferem da terceira década, que por sua vez se
difere da quarta década (p<0,001). A Figura-4 é
a representação gráfica dos achados da Tabela-12,
em que se pode constatar, de forma inequívoca, que
a utilização da RSAMa e da AAP decresce a partir
da segunda década, significativamente, enquanto
a utilização da RSAMe e da RL, cresce, a partir
da segunda década, significativamente. Nota-se,
ainda, que as linhas indicativas de AAP e de RSAMa
cruzam, em descenso, as linhas indicativas de RSAMe e
RL, em ascensão, em meados de D-90.
Nota-se, na Figura-4, que a AAP dominou, embora em descenso, a primeira e a segunda
décadas, iniciando forte queda na terceira e quarta década,
a ponto de se tornar a cirurgia menos realizada, no
final da quarta década, para CR, ela, que tinha sido
a principal cirurgia para o CR baixo. As RSAMa apresentaram discreta ascensão nas duas
primeiras décadas, compensando a queda das AAP,
mas acompanhou esta cirurgia na forte queda na terceira
e quarta décadas. As RSAAMe, não praticadas nas
duas primeiras décadas, por não haver, ainda,
os grampeadores, tomou um impulso ascendente na terceira e quarta décadas, tornando-se a
técnica cirúrgica mais praticada em meados da quarta
década. Este acentuado incremento desta cirurgia decorreu
do desenvolvimento e do aprimoramento dos grampeadores, que permitem as anastomoses mecânicas até
ao nível do canal anal. As RL, inexistentes na
primeira década, apresentaram ligeira ascensão em meados
da segunda década, para aumentarem acentuadamente,
na terceira e quarta décadas, fruto do
desenvolvimento de técnicas propedêuticas que vieram a dar
grande segurança ao cirurgião: tomografia
computadorizada, ressonância magnética de imagens e
ultra-som endorretal.
Nossa casuística, em números
atuais, acompanha as casuísticas relatadas pelos vários
autores, com uma diferença marcada pelas décadas: nos
países mais desenvolvidos os grampeadores foram
implantados cerca de dez anos antes do mesmo ocorrer no Brasil;
e mesmo no Brasil, o uso dos grampeadores, pelo
fato de se tratar de instrumentos muito caros, a
implantação de uso como rotina variou de estado para estado
e mesmo de cidade para cidade, levando longo tempo para adoção dos mesmos pelos vários convênios,
pelos vários setores públicos e mesmo do SUS.
Resumindo, relatos americanos e europeus
de vários autores já
assinalados3, 13, 14, 46, 55, 56, 79, 80, 88, 95, 96,
98 - indicam o uso de grampeadores 10 anos ou mesmo
mais antes do início do uso em nossa casuística, fato
que encontra explicação no acesso a tais instrumentos
no início da década de 70. Em São Paulo, Rio de
Janeiro, Salvador e Ceará - Ramos et al.
(1997)81 os grampeadores passaram a ser usados quase que
concomitantemente, da mesma forma, cerca de 10 anos
antes do uso, como rotina, em Minas Gerais.
Complicaçoes imediatas maiores e
mortalidade na AAP para CR:
A cirurgia mais realizada (Tabela-13)foi a
AAP (135 casos) com um índice de 2 óbitos e de
13 complicações (9,6%), sendo elas: abscesso perineal
(3 casos), abscesso pélvico (2 casos), hemorragia
(2 casos), abscesso subfrênico (2 casos), obstrução
de delgado (2 casos) e lesão de ureter (1 caso).
A distribuição das complicações e óbitos decorrentes
da AAP, por décadas foi a seguinte: D-60 com
5 complicações (13,2%) e um óbito, D-70 com
5 complicações (8,8%) e um óbito, D-80 com
3 complicações (8,8%) sem óbito, e D-90
sem complicação ou óbitos (0%). Nota-se que
os percentuais de complicações decresceram com
as décadas: 13,2% (D-60), 8,8% (D-70 e D-80) e 0%
(D-90), certamente em decorrência do
desenvolvimento de materiais, como fios monofilamentares,
antibióticos, nutrição parenteral, além do abandono de
alguns conceitos, como a drenagem rotineira da pelve, o
uso tópico de quimioterápicos, entre outros.
A AAP é uma cirurgia de grande porte e
com índices de complicações pós-operatórias elevados e
de gravidade (Tabela-2) 2, 5, 8, 11, 17, 18, 26- 30, 35, 39, 59, 83, 85, 86,
93, 103.
Nota-se que os percentuais de
complicações (13 complicações, 9,6%, em 135 pacientes
amputados), decresceram com as décadas: 13,2% (D-60), 8,8%
(D-70 e D-80) e 0% (D-90). Torna-se muito difícil
traçar um paralelo entre os níveis de complicações
observados por nós (9,6%) e outros autores _ que variaram de
3,1% a 21,2% - Enker et al. (1979) 36, Bokey
(1990) 8, Cunsolo (1989) 30, Gillen
(1986) 40, Halpern (1989) 52,
Hughes (1980) 54 e Rothenberger
(1990) 84, tamanha a discrepância entre os dados da literatura.
A mortalidade com a AAP em nossa
casuística (dois óbitos em 135 pacientes amputados) foi de
1,5%. A menor taxa de incidência de mortalidade,
certamente se deve ao fato de a maioria das cirurgias
levantadas pelos autores assinalados terem sido realizadas
algum tempo antes de nossa análise. E a experiência
mostra que a mortalidade cai com o tempo cronológico,
sendo os extremos 0,0% - Cunsolo (1989)
30 - e 6,5% - Shepard (1971) 89, intermediados pelos achados de
outros autores assinalados na Tabela-3 8, 9, 30, 34, 36, 40, 41, 52, 54, 66,
67, 69, 75, 77, 83, 84, 90- 93, 98, 102
Deve-se lembrar que, das 135 colostomias realizadas como parte integrante das AAP houve
apenas 2 casos de estenoses cutâneas e 2 casos de
ligeira invaginação, que foram corrigidas
ambulatorialmente com anestesia local. Destarte, houve 6 casos
(3,5%) de complicações em 170 pacientes submetidos
à colostomia abdominal terminal (35
pacientes irressecáveis e 135 pacientes submetidos à AAP),
tendo as complicações decrescido com as décadas (6,1%
em D-60, ou 3 em 49 pacientes; 2,9% em D-70, ou 2
em 69 pacientes; 2,2% em D-80, ou 1 em 45 pacientes;
e 0% em D-90 ou nenhum em 8 pacientes). Os estomas terminais podem ser sede de complicações,
algumas decorrentes de uso inadequado de técnicas
cirúrgicas (iatrogênicas), outras em decorrência de
constituição do próprio paciente (e.g., obesidade,
desnutrição, abdome abaulado, sedentarismo, excesso de
exercícios físicos, etc.), e ainda outras provenientes do estado
de saúde (e.g., múltiplas incisões cirúrgicas no
abdome, ascite, caquexia, doença maligna
disseminada, hepatopatias, diabete, uso de medicamentos, etc.).
Entre as complicações destacam-se as
hérnias parestômicas, os prolapsos, as retrações, os
abscessos, a isquemia, a necrose, a recidiva da doença no
próprio estoma, as varizes e a hemorragia. Os baixos
índices de complicações observados em nossa casuística
não destoam dos relatados por vários autores -
Broadwell & Jackson (1982) 10, Chassin
(1980) 12; Glockner & Sterling
(1982) 42, Green (1966), Habr-Gama et
al. (1994) 48-50 , Kretschmer
(1978) 60, Saraiva Leão
(1981) 87, Leenen & Kuypers
(1989) 64 e Pearl et al. (1985)
78.
conclusões
· AAP em CR de terço superior: não houve AAP, independentemente das décadas.
· AAP em CR de terço médio: a indicação da AAP foi elevada na primeira década (27,8%), caindo de forma estatisticamente significativa na segunda década (0,7%) e inexistindo nas últimas duas décadas.
· AAP em CR de terço inferior: a indicação da AAP, que foi elevada nas duas primeiras décadas (80,6% e 88,7%) caiu, de forma estatisticamente significativa, na terceira década (72,3%) e mais ainda na quarta década (27,3%).
· A diminuição da indicação da AAP para os CR de terço médio deveu-se ao surgimento e estabelecimento das anastomoses mecânicas, que não eram disponíveis nas duas primeiras décadas (0%), passando a incidências crescentes de forma estatisticamente significativa (29,4% na terceira década e 73,3% na quarta década) e ao incremento da ressecção local que inexistiu nas duas primeiras décadas, surgindo na terceira (5,9%) e firmando-se, de forma estatisticamente significativa na quarta década (20,0%).
· A diminuição da indicação da AAP para os CR de terço inferior deveu-se ao surgimento e estabelecimento das anastomoses mecânicas, que não eram disponíveis nas duas primeiras décadas (0%), surgindo na terceira década (2,4%), chegando à incidência de 28,6% na quarta década, de forma menos significativa que os CR de terço médio; e ao incremento da ressecção local que inexistiu nas duas primeiras décadas, chegando à incidência de 14,6% na terceira década e 42,9% na quarta década.
· Independentemente da altura do CR a AAP foi a cirurgia mais realizada para o CR (40,7%), mas sua indicação decresceu, de forma estatisticamente significativa, ao longo das quatro décadas, respectivamente: 56,7%. 47,1%, 37,8%e 11,1%.
· O índice de complicações graves imediatas foi de 9,6%, decrescendo, sem significado estatístico, ao longo das quatro décadas estudadas, semelhante aos índices relatados na literatura.
· A AAP continua sendo uma cirurgia de inegável valor nos CR, mas suas indicações vêm diminuindo às custas do incremento das anastomoses mecânicas e das ressecções locais.
SUMMARY: The author had the opportunity in a 31-year period of practice in Coloproctology, from 1965 through 1996, to
attend 380 patients bearing rectal cancer: 82 (21,6%) in the first decade, from 1965 to 1970, 140 (36,8%) in the second decade, from
1971 to 1978, 102 (26,8%) in the third decade, from 1981 to 1990, and 56 (14,8%) in the fourth decade, from 1991 to 1996. The
main purpose of this study was to collect data concerning 135 patients who underwent Miles procedure (abdominoperineal
amputation and terminal abdominal colostomy) and 245 patients submitted to other surgical techniques by the same surgeon and his
medical staff.
The several surgical techniques used in the 380 patients were the following: local excision (27 cases,
8.1%), rectosigmoidectomy and hand anastomoses (131 cases, 39.5%), rectosigmoidectomy and mechanical anastomoses (39 cases,
11.7%) and abdominoperineal amputation and terminal abdominal colostomy by Miles and modifications (135 cases, 40.7%).
Despite the localization of the tumor in the rectum the Miles procedure was the most used surgery (40.7%), but
this surgery statistically decreased in indication through the four decades, respectively 56.7% (first decade), 47.1% (second
decade), 37.8% (third decade) and 11.1% (fourth decade). Major complication rate due to Miles technique was 9.6%, and decreased
through the four decades and this is similar to the data of the literature.
Surgical procedures for cancer in the upper and mid rectum more used in the two first decades were
rectosigmoidectomy with hand anastomoses, which decreased in the third and fourth decades; at the same time local excision and
rectosigmoidectomy with stapled anastomoses began in the end of the second decades, increasing in frequency in the third and fourth decades.
Surgical procedures for cancer in the low rectum: abdominoperineal amputation of the rectum and terminal colostomy was the main
surgical procedure during the first and second decades, but decreased significantly by the end of the third decade and during the
fourth decade, simultaneously to the increase of local excision and rectosigmoidectomy with stapled anastomoses.
Key words: Rectal cancer, Abdominoperineal amputation, Miles procedure.
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Endereço para Correspondência:
Geraldo Magela Gomes da Cruz
Rua Rio de Janeiro, 2017, ap. 1401, Lourdes
30160-042 - Belo Horizonte (MG)
Trabalho realizado no Serviço de Coloproctologia da Santa Casa de
Belo Horizonte e Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.