RELATO DE CASO
Kaiser de Souza Kock - ASBCP
RESUMO: Relato de caso de leiomioma retal tratado por ressecção trans-anal no Hospital Nossa Senhora da Conceição-Tubarão - Santa Catarina com seguimento de 40 meses. É um raro tumor do aparelho digestivo e no reto pode apresentar-se assinomático ou através de sangramento retal e/ou proctalgia. Seu diagnóstico pode ser difícil, sendo feito através do toque retal, retoscopia e biópsia e ultrassonografia endoanal. O tratamento é cirúrgico e o patologista deve ter especial atenção para o número de mitoses para diferenciar as lesões benignas e malignas.
Unitermos: Leiomioma retal, Ressecção trans-anal.
INTRODUÇÃO
Desde a sua primeira descrição em
18721 aproximadamente 200 casos têm sido descritos de
leiomiomas retais, que totalizam 7% dos tumores da
musculatura lisa do trato gastrointestinal.
São tumores raros, não apresentadndo
sintomas específicos e de comportamento pós operatório
indefinido, sem tempo de seguimento estabelecido.
Apresentamos um caso de leiomioma retal
ressecado por via trans anal com 40 meses de
seguimento sem sinais de recidiva.
RELATO DE CASO
B.O 42 anos, branca, nos foi encaminhada
em Janeiro de 1988 pelo ginecologista que, durante o
exame ginecológico de rotina, detectou uma tumoração
retal. Durante o interrogatório sobre diversos aparelhos e
sistemas a paciente negou quaisquer queixas e era
completamente assintomática sob o ponto de vista da
patologia atual. Negava história familiar de neoplasias.
No exame proctológico a inspeção era normal
e o toque retal indolor com esfíncter normotônico,
evidenciando-se tumoração em parede
anterior a 1cm acima da linha pectínea, prolongando-se
cranialmente por 4cm, móvel e com superfície lisa tubulada e
de consistência fibroelástica. A vídeo
retossigmoidoscopia flexível confirmou o toque retal, mostrando
abaulamento em parede anterior do reto com a mucosa
que a recobria de aspecto normal (Figura-1). O
exame ginecológico mostrou uma mucosa vaginal normal
e ao toque sentia-se por transmissão a tumoração
retal poupando o tabique reto vaginal.
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Figura 1 |
A paciente foi submetida a intervenção
cirúrgica, por via trans-anal em decúbito ventral com
reparo de cólon e antibioticoprofilaxia. A mucosa retal
foi aberta longitudinalmente sobre a tumoração
e prosseguida dissecção até completa liberação da
parede retal. A parede retal foi suturada em 2
planos (muscular e mucoso) com sutura contínua de
categut cromado 2-0. A evolução pós-operatório foi boa e
a paciente recebeu alta no 3º dia de pós-operatorio.
A peça operatória consistiu em
tumoração lobulada, firme de 4,5cm de diâmetro (Figura-2).
Os cortes histológicos mostraram neoplasia constituída
por tecido muscular liso em disposição de
feixes multidirecionais, com baixo índice mitótico e
com mucosa colônica com alterações inflamatórias
(Figuras-3 e 4), sugerindo leiomioma.
Figura 2 |
Figura 3 |
Figura 4 |
Atualmente a paciente encontra-se
assitomática após 40 meses de pós-operatório não apresentando
sinais de recidiva local, bem como ausência de lesões
no cólon em colonoscopias realizadas 6 e 36 meses
após o tratamento cirúrgico.
DISCUSSÃO
Os dados da literatura mostram que os leiomiomas retais são comuns perfazendo um total
de 1 para cada 2-3000 tumores do reto2.
Originam-se preferencialmente das camadas longitudinal e
circular da muscular externa 3 e localizam-se
geralmente no terço médio e distal do reto, com incidência
igual em parede anterior e posterior, variando de 0,5cm
a 8cm 4,5,6,7,.
Sua etiologia não é definida e não existem
critérios claros para distinguir os tumores benignos
dos malignos, Podem apresentar vários padrões de
crescimento, tais como: endorretal ou submucoso (como
no caso descrito); exorretal; intramural ou interstical
ou misto 4.
A idade varia de 30-69 anos, e não há
predileção de sexo, bem como não há algum sintoma
específico podendo apresentar-se assintomático e o
diagnóstico de uma massa retal ser o primeiro achado
como no caso relatado. Quando presentes os sintomas
podem ser sangramento retal, tenesmo, proctalgia ou
alteração do hábito intestinal.
O diagnóstico pode ser difícil visto que não
há exame complementar que confirme o achado,
sendo geralmente ultilizados a retoscopia com biópsia,
que pode ser inconclusiva, USG endo-anal e TC
pélvica. Para a diferenciação entre lesões benígnas e
malignas geralmente se ultilizam critérios como o
tamanho (maior que 5cm pode indicar malignidade),
presença de ulcerações ou grande número de
mitoses8, havendo porém leiomiossarcomas com baixo grau
de malignidade e pequeno número de
mitoses12.
O diagnóstico diferencial deve ser feito
com tumores carcinóides, fibroma, lipoma, flebolitos,
endometriose, hemangioma, neurofibroma e plasmocitoma.
O tratamento é eminentemente cirúrgico
podendo variar entre
eletroincisão9, ressecção trans-anal
ou endoscópica e ressecções ampliadas como
amputação abdmino-perineal do reto nas grandes lesões ou
recidivas frequentes.10
Há necessidade de seguimento pós
operatório adequado para detectar eventuais recidivas
e/ou transformação maligna, pois alguns dados
sugerem que os leiomiossarcomas desenvolvem-se de
leiomiomas 12.
CONCLUSÃO
É um raro tumor retal, com pouca ou
nenhuma sintomatologia, de tratamento cirúrgico e que
necessita de mais estudos e relatos para defrinir o seu
comportamento pós-operatório e determinar de que
forma e por quanto tempo deve ser o seu seguimento,
e estabelecer critérios de malignidade ou de pior
prognóstico.
Summary: It is a rectal leiomyoma that was treated by transanal ressection i the Nossa Senhora da Conceição Hospital Tubarão - Santa Catarina, in a follaw up of 40 months. It is a rare gastrointestinal tumor, and at the rectum it cauld be with no simptons, or with bleeding or pais. The dignosis could be dificult, and be done by digital exam of te rectem, hactoscopy and ultrasound. The treactament is surgery and the pathologist should pay atention on the number of mitoses, to diferenticted from malignant to benign.
Key words: rectal leiomyoma, transanal ressection.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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11 . Serra J. Ruis M. Lioveras B. Guilaumes S, Garriga J, Trias
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12 . Morson BC, Dawson IM. Gastrointestinal pathology.
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Endereço para correspondência:
Kaiser de Souza Kock
Rua Florianópolis, 178/Ap 302 Bairro Vila Moema
Tubarão - Santa Catarina
88705-080
Tel: 048-626-6892
Trabalho realizado no Hospital Nossa Senhora da Conceição - Tubarão - Santa Catarina.