RESUMOS DE ARTIGOS
Nelson H. Sargent DJ, Wieand S etal. A Comparison of Laparoscopic ally Assisted and Open Colectomy for Colon Cancer. The Clinical Outcomes of Surgical Therapy Study Group. N Engl J Med 2004; 350: 2050-9.
Este estudo prospectivo comparativo controlado mostra os resultados de recidiva e sobrevida
em pacientes operados de câncer de colon por
cirurgia laparoscópica e convencional.
Participaram deste estudo 66
cirurgiões credenciados de 48 instituições. Cada cirurgião
havia realizado pelo menos 20 colectomias
laparoscópicas. As cirurgias foram gravadas e as fitas foram
revisadas para avaliação dos critérios oncológicos por um
comitê de cirurgiões independentes.
Foram randomizados 872 pacientes, sendo incluídos para análises 428 pacientes para
cirurgia convencional e 435 pacientes para
cirurgia laparoscópica. O objetivo principal deste
estudo controlado foi avaliar os resultados oncológicos
quanto a recidiva e sobrevida.
Após um período de acompanhamento
médio de 4.4 anos, o grupo convencional apresentou 18%
de recidiva tumoral contra 16% do grupo laparoscópico.
A taxa de recidiva de implante na ferida ou nos
locais dos trocartes foi inferior a 1% em ambos os
grupos. Foram 2 recidivas no grupo laparoscópico (0.5%)
e uma no grupo convencional (0;2%).
A taxa de sobrevida foi semelhante em
ambos os grupos e nos diferentes estágios da doença.
A conclusão deste estudo
multi-institucional foi que as taxas de recidiva tumoral e de
sobrevida foram semelhantes após colectomia laparoscópica
e colectomia convencional, sugerindo que o acesso laparoscópico é uma alternativa aceitável
para pacientes com câncer de colon.
Comentário editorial: Este foi o
primeiro estudo bem controlado, prospectivo,
comparativo avaliando os resultados oncológicos no câncer de
colon em que as taxas de recidiva tumoral, implante
de parede e sobrevida foram semelhantes no grupo laparoscópico e convencional, confirmando os
estudos não controlados ou controlados com seguimento
curto, já descritos na literatura. Este estudo e
outros semelhantes a este deverão ser publicados em breve e
servirão para reduzir a resistência de muitos
cirurgiões colorretais e oncológicos ao uso da técnica
laparoscópica em pacientes selecionados com
câncer de colon.
Lustosa SAS, Matos D. Atallah an et al. Stapled. VS. Handsewn methods for colorectal anastomosis surgery. Cochrane Data base of Systematic Reviews. May 2003
Este estudo de meta-análise foi realizado
para comparar a eficácia e segurança da anastomose
manual e por grampeamento. Foram incluídos nove
estudos controlados e randomizados disponíveis
eletronicamente de diferentes publicações
sobre acompanhamento de pacientes submetidos a
cirurgia curativa para câncer colorretal.Os estudos
foram separados pelo nível da anastomose, sendo 622
anastomoses por grampeador e 611 anastomoses
manuais. A hipótese primária do estudo foi que a
anastomose com uso de grampeadores é mais efetiva e reduz
as complicações.
Os resultados mostraram que não
houve diferença na mortalidade, taxa de deiscência total,
taxa de deiscência clinica, taxa de deiscência
radiológica, estenose, sangramento da linha de sutura, taxa
de reoperação, infecção da ferida, duração da
confecção da anastomose ou permanência hospitalar nos
grupos da anastomose manual ou por grampeamento. A evidência deste estudo não mostrou qualquer
benefício de anastomose mecânica sobre a anastomose manual.
Mac Donald S, Lyall P; Israel L, et al. Why barium enemas fail to identify colorectal cancers. NZJ Surg 2001; 71631-5
O propósito deste estudo retrospectivo
foi determinar a causa e os fatores clinico
patológicos associados com a falha do enema opaco em
detectar câncer colorretal.
Foram avaliados 967 pacientes com
câncer colorretal em que 313 realizaram enema opaco
antes da cirurgia. Em 21 (6.7%) pacientes o câncer não
foi identificado na avaliação inicial.
Os autores concluem que em cerca de 7% o câncer colorretal não foi diagnosticado pelo
enema opaco e as causas mais comuns foram:
problemas técnicos (método inadequado), dificuldades
de interpretação (anormalidades vistas, mas
interpretadas como normais) ou dificuldade de percepção (lesões
não foram identificadas). A localização das lesões
não diagnosticadas foram semelhantes nas diversas
regiões do colon.
Aproximadamente 50% das lesões não foram visualizadas na revisão das radiografias.
Korman LY, Overholt BF, Boxt. Perforation during colonoscopy in endoscopic ambulatory surgical centers. Gastrointest Endosc 2003; 58: 554-8
O objetivo deste estudo foi determinar a
taxa de perfuração por colonoscopia em 45 centros
de endoscopia ambulatorial.
Durante o período de um ano (1999)
foram observadas 37 perfurações (0.03%) em
116.000 colonoscopias realizadas em 45 centros, com uma
taxa de 1:3189 colonoscopias. A perfuração ocorreu
durante 24 procedimentos diagnosticos e 13 terapêuticos.
As perfurações foram associadas com pacientes do
sexo feminino, com idade superior a 60 anos, cirurgia
abdominal prévia e doença diverticular. O colon
sigmóide foi o local mais freqüente das perfurações (62%).
O tempo de diagnóstico variou de imediato a 72
horas sendo 95 por cento destes pacientes submetidos
a laparotomia exploradora.
Ballantyne GH, Healy PH. Hand _ Assisted Laparoscopic Colectomy: Evolution to a clinically Useful technique. Dis colon Rectum 2004; 47: 753-765
Este artigo de revisão mostra a evolução
da colectomia laparoscópica com acesso manual de
uso infrequente para um acesso cirúrgico útil
clinicamente nas doenças colorretais.
A cirurgia com acesso manual atravessou 3 fases distintas. Na primeira fase o cirurgião
explorava a cavidade abdominal com a mão através da
incisão para retirada do espécime como uma
complementação da técnica laparoscópica. Numa segunda fase
os cirurgiões começaram a utilizar dispositivos
para introdução da mão dentro do abdome com
manutenção do pneumoperitônio. Estudos randomizados com
séries pequenas e grandes de paciente, indicaram
uma vantagem no tempo operatório para técnica com
uso da mão e os resultados a curto prazo eram
semelhantes a técnica laparoscópica.
Atualmente na terceira fase, os cirurgiões
estão usando uma nova geração de dispositivos para
acesso manual com os quais expandiram as opções com
técnica de uso da mão. Estes dispositivos utilizados no inicio
do procedimento facilitam a inserção da mão, protegem
a ferida, atuam como local para retirada do
espécime, servem como local para confecção de anastomose
extra corpórea além de servir como local para
introdução de trocarte de qualquer calibre. Estes
dispositivos permitem usar seletivamente a técnica
laparoscópica ou a técnica assistida com a mão. Não há até
o momento, estudos randomizados sobre estes novos dispositivos e uma avaliação final de sua utilização
deve aguardar futuras publicações.
Nicholson TJ, Armstrong D. Topical Metronidazol (10 percent) Decreases Post hemorrhoidectomy . Pain and Improves Healing. Dis colon rectum 2004; 47: 711-716
Este estudo randomizado teve como objetivo investigar a eficácia do metronidazol tópico a 10%
na redução da dor pós operatória e da cicatrização da
ferida após hemorroidectomia com bisturi ultra-sônico.
Foram avaliados 10 pacientes em cada grupo (metronidazol tópico e placebo) nos parâmetros de
dor (1,2,7,14 e 28 dias) e tempo de cicatrização.
Foram tomadas fotografias digitais das feridas operatórias
e analisadas por 3 observadores independentes com relação a edema pós operatório, cicatrização
primária e seundária, e cicatrização total da ferida.
Os autores concluem que o uso de metronidazol tópico (10%) reduziu significativamente
o desconforto pós hemorroidectomia até o 7º dia e
no 14º dia de pós-operatório. A redução do edema e
o tempo de cicatrização da ferida foram melhores
no grupo que utilizou metronidazol tópico.