RESUMO DE ARTIGOS


LUIS CLAUDIO PANDINI - TSBCP
celso gonçalves


PANDINI LC, GONÇALVES C. Resumo de Artigos. Rev bras Coloproct, 2005; 25(3):293-295.


Bahadursing AM, Virgo KS, Kaminsk DL etal. Spectrum of disease and outcome of complicated diverticular disease. Am J Surg 2003:186:696

O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar o comportamento da doença diverticular e o tratamento cirúrgico da sua complicação.
    Os pacientes com diverticulite apresentaram sintomas em média 14 dias antes da admissão hospitalar. Sessenta e um por cento dos pacientes apresentaram uma crise prévia documentada.
    Sessenta e sete por cento dos pacientes tinham tomografia de abdômen que incluía abscesso (16%), pneumoperitônio ( 10%) e diverticulite não complicada (37%) A fístula colovesical ocorreu em 3% dos casos . Nos pacientes submetidos a cirurgia (73%), abscesso abdominal foi relatado em 22 por cento, peritonite difusa em 17 por cento, flegmão em 14 por cento e suspeita de neoplasia em 7 por cento.
    A ressecção intestinal foi realizada em 92 por cento dos pacientes, sendo utilizado um estoma protetor em 56 por cento dos pacientes. A morbidade desta série foi 15 por cento com taxa de mortalidade de 2 por cento. Os autores concluem que pacientes com crises prévias de diverticulite devem ser submetidos a ressecção cirúrgica para prevenir recidivas e complicações graves.


Tomita R, Fujisaki S, Tanjoh K. Relationship between gastrointestinal transit time and daily stool frequency in patients after Ileal J _ pouch _ anal anastomosis for ulcerative colitis. Amj Sung 2004;187:76

O propósito deste estudo foi avaliar a relação entre o tempo de trânsito gastrointestinal e a freqüência de evacuações, depois de anastomose com bolsa íleo _ anal para retocolite ulcerativa.
    Foram analisados quarenta pacientes com média de 8 anos após fechamento do estoma e sem complicações per-operatórias. O grupo A (26 pacientes) apresentava freqüência de evacuações de 6 vezes ou menos ao dia e o grupo B ( 14 pacientes) apresentava sete ou mais evacuações ao dia. Marcadores radio-opacos foram utilizados para avaliação do tempo de trânsito gastrointestinal.
    Os resultados mostraram que os pacientes do grupo A apresentavam fezes de consistência mais sólida e menos escape fecal. O tempo de trânsito do intestino delgado, da bolsa e de todo o intestino foi mais rápido no grupo B (6.1 versus 10.8 horas).
    A revisão da patologia revelou que o grupo B apresentava ressecção de íleo terminal significativa maior que o grupo A ( 13 cm x 6 cm), e esta quantidade foi relacionada com a freqüência das evacuações.
    Os autores concluem que o tempo rápido de trânsito gastrointestinal pode levar a um aumento do número de evacuações depois da anastomose com bolsa íleo anal. A remoção de segmento maior de íleo terminal durante a cirurgia pode predispor ao maior número de evacuações.


Prystowsky JB, Bordage G, Feinglass JM. Patients outcomes for segmental colon resection according to surgeon's training, certification and experience. Sungery 2002;132:663

Os resultados dos pacientes submetidos à ressecção colônica foram analisados para determinar se houve variação de fatores relacionados especificamente ao cirurgião. Os parâmetros relacionados ao cirurgião foram: 1) Certificação de cirurgia ("American Board of Surgery" - ABS); 2) certificação da subespecialidade em cirurgia colorretal; 3) local do treinamento de residência médica ( universitária vs não universitária); 4) Anos de experiência desde a certificação da "ABS". Este estudo retrospectivo englobou 15.427 pacientes submetidos a ressecção segmentar de colon em 76 hospitais não governamentais por 514 cirurgiões nos Estados Unidos.
    Os principais resultados avaliados foram mortalidade imediata, complicações e permanência hospitalar. Os resultados mostraram que a certificação da ABS foi associada com uma redução da taxa de morbidade e mortalidade. O aumento dos anos de experiência foi associado com a redução da taxa de mortalidade. A certificação colorretal e o local da residência médica não afetaram significativamente nos resultados. A conclusão deste estudo foi que os resultados dos pacientes estão ligados ao treinamento do cirurgião. A certificação foi um fator determinante importante nos resultados dos pacientes submetidos a ressecção segmentar dos cólons. O aumento da experiência do cirurgião também tem um efeito favorável nos resultados, sugerindo um treinamento continuado dos cirurgiões, após o término da residência médica.


Nilsson PJ, SvenssonC, GoldmanS, et al. Salvage abdominoperineal resection in anal epidermoid cancer. Br J Surg 2002;89:1425

Este estudo retrospectivo foi realizado na Suécia para avaliar os resultados de 15 anos (1985 a 2000) em uma série consecutiva de pacientes submetidos a ressecção abdominoperineal (RAP) como tratamento de escolha em pacientes com recidiva isolada local após radioterapia para câncer epidermóide do ânus. De 308 pacientes com câncer epidermóide anal, 39 apresentaram recidiva loco-regional após cirurgia de preservação esfincteriana. Destes, 35 pacientes foram submetidos a amputação abdominoperineal sem mortalidade pós operatória. Treze pacientes apresentaram infecção perineal pós operatória e 23 pacientes apresentaram retardo da cicatrização da ferida perineal acima de 3 meses. Complicações não relacionadas a ferida perineal ocorreram em 13 pacientes.A taxa de sobrevida de 5 anos para os 35 pacientes foi de 52 por cento (seguimento médio de 33 meses).
    Os autores concluem que a amputação abdominoperineal no câncer epidermóide anal recidivado está associada com uma alta taxa de complicação, mas pode resultar em um maior período de sobrevida.


Muto T, Oya M. Recent advances in diagnosis and treatment of colorectal T 1 carcinoma. Dis colon rectum 2003; 46 ( suppl): 589 _ 593

Os autores analisaram as características e o tratamento dos tumores colorretais T 1 (carcinoma invasivo na submucosa). A incidência de tumores T 1 foi de 10 por cento, a incidência de gânglios metastáticos foi de 11 por cento e metástase hepática foi menor que 1 por cento. Os tipos de tumores T 1 foram divididos em polipóides ulcerados e planos. O diagnóstico dos tumores T 1 foi feito através de pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia, colonoscopia com magnificação de imagem e cromatografia.
    O ultrassom for útil para o diagnóstico correto da profundidade da invasão pelo câncer. Muitos dos tumores T 1 polipóides e planos foram tratados por polipectomias ou ressecção mucosa endoscópica apenas. Entretanto, se os espécimes ressecados apresentassem fatores de risco de metástases, tais como invasão profunda ( Sm2, Sm3 ) e invasão venosa, a cirurgia adicional era necessária para controle da cura.
    A conduta no tratamento dos tumores T 1 colorretais deve ser baseada de acordo com os tipos de aparência das lesões e os riscos da presença de gânglios metastáticos devem ser baseados na profundidade da lesão e da invasão dos vasos sangüíneos. O tratamento minimamente invasivo pode ser opção de escolha nos tumores T 1 colorretais.


KatoT, Yasui K, HiraiT, et al.Therapeutic Results for Hepatic Metastasis of Colorectal Cancer with Special Reference to Effectiveness of Hepatectomy. Dis colon rectum 2003;46 (suppl) : 522 _ 531

Este estudo analisou os resultados da hepatectomia para metástases de câncer colorretal em 585 pacientes do total de 763 pacientes com metástases hepáticas. A taxa de sobrevida em 5 anos para os pacientes submetidos a hepatectomia foi significativamente maior (32.9%) que para os pacientes não submetidos a hepatectomia (3.4%). Após a hepatectomia por metástase hepática, a forma mais comum de recidiva foi no fígado remanescente (41.4%), seguido por recidiva de metástases pulmonares (19.2%) e outras (7.2%). Fatores do tumor primário que influenciaram o prognóstico depois de hepatectomia para metástases foram: adenocarcinoma pouco diferenciado, carcinoma mucinoso, profundidade da invasão, número de gânglios metastáticos maior que quatro. Fatores adversos no período da hepatectomia que afetaram o prognóstico cirúrgico foram: tumor residual, metástases extra hepáticas, número de metástases maior que quatro, patologia das metástases hepáticas de adenocarcinoma pouco diferenciado, margem livre menor que 10 mm. Os autores concluem que a hepatectomia para metástases no câncer colorretal é o tratamento de escolha sempre que possível.