RESUMO DE ARTIGOS
LUIS CLAUDIO PANDINI - TSBCP
celso gonçalves
Bahadursing AM, Virgo KS, Kaminsk DL etal. Spectrum of disease and outcome of complicated
diverticular disease. Am J Surg 2003:186:696
O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar
o comportamento da doença diverticular e o
tratamento cirúrgico da sua complicação.
Os pacientes com diverticulite apresentaram
sintomas em média 14 dias antes da admissão
hospitalar. Sessenta e um por cento dos pacientes
apresentaram uma crise prévia documentada.
Sessenta e sete por cento dos pacientes tinham tomografia de abdômen que incluía abscesso
(16%), pneumoperitônio ( 10%) e diverticulite não
complicada (37%) A fístula colovesical ocorreu em 3% dos casos
. Nos pacientes submetidos a cirurgia (73%),
abscesso abdominal foi relatado em 22 por cento,
peritonite difusa em 17 por cento, flegmão em 14 por cento
e suspeita de neoplasia em 7 por cento.
A ressecção intestinal foi realizada em 92 por
cento dos pacientes, sendo utilizado um estoma protetor
em 56 por cento dos pacientes. A morbidade desta
série foi 15 por cento com taxa de mortalidade de 2 por
cento. Os autores concluem que pacientes com crises
prévias de diverticulite devem ser submetidos a
ressecção cirúrgica para prevenir recidivas e
complicações graves.
Tomita R, Fujisaki S, Tanjoh K. Relationship between gastrointestinal transit time and daily stool frequency in patients after Ileal J _ pouch _ anal anastomosis for ulcerative colitis. Amj Sung 2004;187:76
O propósito deste estudo foi avaliar a relação entre o
tempo de trânsito gastrointestinal e a freqüência
de evacuações, depois de anastomose com bolsa íleo
_ anal para retocolite ulcerativa.
Foram analisados quarenta pacientes com média de
8 anos após fechamento do estoma e sem
complicações per-operatórias. O grupo A (26 pacientes)
apresentava freqüência de evacuações de 6 vezes ou menos ao
dia e o grupo B ( 14 pacientes) apresentava sete ou
mais evacuações ao dia. Marcadores radio-opacos
foram utilizados para avaliação do tempo de trânsito
gastrointestinal.
Os resultados mostraram que os pacientes do grupo
A apresentavam fezes de consistência mais sólida e
menos escape fecal. O tempo de trânsito do intestino
delgado, da bolsa e de todo o intestino foi mais rápido no
grupo B (6.1 versus 10.8 horas).
A revisão da patologia revelou que o grupo
B apresentava ressecção de íleo terminal
significativa maior que o grupo A ( 13 cm x 6 cm), e esta
quantidade foi relacionada com a freqüência das evacuações.
Os autores concluem que o tempo rápido de
trânsito gastrointestinal pode levar a um aumento do
número de evacuações depois da anastomose com bolsa
íleo anal. A remoção de segmento maior de íleo
terminal durante a cirurgia pode predispor ao maior número
de evacuações.
Prystowsky JB, Bordage G, Feinglass JM. Patients outcomes for segmental colon resection according to surgeon's training, certification and experience. Sungery 2002;132:663
Os resultados dos pacientes submetidos à
ressecção colônica foram analisados para determinar se
houve variação de fatores relacionados especificamente
ao cirurgião. Os parâmetros relacionados ao cirurgião
foram: 1) Certificação de cirurgia ("American Board
of Surgery" - ABS); 2) certificação da
subespecialidade em cirurgia colorretal; 3) local do treinamento
de residência médica ( universitária vs não
universitária); 4) Anos de experiência desde a certificação da
"ABS". Este estudo retrospectivo englobou 15.427
pacientes submetidos a ressecção segmentar de colon em
76 hospitais não governamentais por 514 cirurgiões
nos Estados Unidos.
Os principais resultados avaliados foram
mortalidade imediata, complicações e permanência hospitalar.
Os resultados mostraram que a certificação da ABS
foi associada com uma redução da taxa de morbidade
e mortalidade. O aumento dos anos de experiência
foi associado com a redução da taxa de mortalidade.
A certificação colorretal e o local da residência
médica não afetaram significativamente nos resultados.
A conclusão deste estudo foi que os resultados
dos pacientes estão ligados ao treinamento do cirurgião.
A certificação foi um fator determinante importante
nos resultados dos pacientes submetidos a
ressecção segmentar dos cólons. O aumento da experiência
do cirurgião também tem um efeito favorável
nos resultados, sugerindo um treinamento continuado
dos cirurgiões, após o término da residência médica.
Nilsson PJ, SvenssonC, GoldmanS, et al. Salvage abdominoperineal resection in anal epidermoid cancer. Br J Surg 2002;89:1425
Este estudo retrospectivo foi realizado na Suécia
para avaliar os resultados de 15 anos (1985 a 2000) em
uma série consecutiva de pacientes submetidos a
ressecção abdominoperineal (RAP) como tratamento de
escolha em pacientes com recidiva isolada local
após radioterapia para câncer epidermóide do ânus.
De 308 pacientes com câncer epidermóide anal,
39 apresentaram recidiva loco-regional após cirurgia
de preservação esfincteriana. Destes, 35 pacientes
foram submetidos a amputação abdominoperineal sem
mortalidade pós operatória. Treze pacientes
apresentaram infecção perineal pós operatória e 23
pacientes apresentaram retardo da cicatrização da ferida
perineal acima de 3 meses. Complicações não relacionadas
a ferida perineal ocorreram em 13 pacientes.A taxa
de sobrevida de 5 anos para os 35 pacientes foi de 52
por cento (seguimento médio de 33 meses).
Os autores concluem que a amputação
abdominoperineal no câncer epidermóide anal recidivado
está associada com uma alta taxa de complicação, mas
pode resultar em um maior período de sobrevida.
Muto T, Oya M. Recent advances in diagnosis and treatment of colorectal T 1 carcinoma. Dis colon rectum 2003; 46 ( suppl): 589 _ 593
Os autores analisaram as características e o
tratamento dos tumores colorretais T 1 (carcinoma invasivo
na submucosa). A incidência de tumores T 1 foi de 10
por cento, a incidência de gânglios metastáticos foi de
11 por cento e metástase hepática foi menor que 1
por cento. Os tipos de tumores T 1 foram divididos
em polipóides ulcerados e planos. O diagnóstico
dos tumores T 1 foi feito através de pesquisa de
sangue oculto nas fezes, colonoscopia, colonoscopia com
magnificação de imagem e cromatografia.
O ultrassom for útil para o diagnóstico correto
da profundidade da invasão pelo câncer. Muitos
dos tumores T 1 polipóides e planos foram tratados
por polipectomias ou ressecção mucosa
endoscópica apenas. Entretanto, se os espécimes
ressecados apresentassem fatores de risco de metástases,
tais como invasão profunda ( Sm2,
Sm3 ) e invasão venosa, a cirurgia adicional era necessária para controle
da cura.
A conduta no tratamento dos tumores T 1 colorretais
deve ser baseada de acordo com os tipos de
aparência das lesões e os riscos da presença de
gânglios metastáticos devem ser baseados na profundidade
da lesão e da invasão dos vasos sangüíneos. O
tratamento minimamente invasivo pode ser opção de escolha
nos tumores T 1 colorretais.
KatoT, Yasui K, HiraiT, et al.Therapeutic Results for Hepatic Metastasis of Colorectal Cancer with Special Reference to Effectiveness of Hepatectomy. Dis colon rectum 2003;46 (suppl) : 522 _ 531
Este estudo analisou os resultados da hepatectomia para metástases de câncer colorretal em 585 pacientes do total de 763 pacientes com metástases hepáticas. A taxa de sobrevida em 5 anos para os pacientes submetidos a hepatectomia foi significativamente maior (32.9%) que para os pacientes não submetidos a hepatectomia (3.4%). Após a hepatectomia por metástase hepática, a forma mais comum de recidiva foi no fígado remanescente (41.4%), seguido por recidiva de metástases pulmonares (19.2%) e outras (7.2%). Fatores do tumor primário que influenciaram o prognóstico depois de hepatectomia para metástases foram: adenocarcinoma pouco diferenciado, carcinoma mucinoso, profundidade da invasão, número de gânglios metastáticos maior que quatro. Fatores adversos no período da hepatectomia que afetaram o prognóstico cirúrgico foram: tumor residual, metástases extra hepáticas, número de metástases maior que quatro, patologia das metástases hepáticas de adenocarcinoma pouco diferenciado, margem livre menor que 10 mm. Os autores concluem que a hepatectomia para metástases no câncer colorretal é o tratamento de escolha sempre que possível.