ARTIGOS ORIGINAIS
CONTRIBUIÇÃO DA MANOMETRIA ANO RETAL NA AVALIAÇÃO DA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA
EDUARDO DE PAULA VIEIRA1, JOÃO DE AGUIAR PUPO NETO1, DOMINGOS LOURENÇO PENNA LACOMBE1
1 Serviço de Coloproctologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil
RESUMO: A constipação intestinal crônica é um termo que representa sintomas de diferentes etiologias e fisiopatologias, com sua prevalência variando de 2 a 30 % da população ocidental. Não existe uma definição única para constipação, motivo este que leva a uma grande discrepância na condução propedêutica e terapêutica desta afecção. Recentemente, em um consenso de especialistas, foram postulados alguns critérios para a sua definição (critérios de Roma II).Dentre vários exames para a avaliação da constipação, a manometria ano retal é o mais utilizado. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é de realizar uma revisão na literatura da contribuição da manometria ano retal na avaliação de pacientes constipados, assim como avaliar retrospectivamente os pacientes, com diagnóstico de constipação crônica, que foram submetidos a este exame. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados, retrospectivamente, 49 pacientes, com queixas de constipação, enviados para realização de manometria ano retal e testes de sensibilidade, capacidade e expulsão de balão intra retal. RESULTADOS Foi obtido como resultado um amplo predomínio do sexo feminino com 84,61% dos pacientes adultos( 39).Foram avaliados 10 crianças/adolescentes( média de idade de 8,8 anos), com suspeita de megacólon congênito, apresentando um predomínio do sexo masculino(77,77%).Observamos: pressão de repouso aumentada em 09 pacientes e diminuída em 02; pressão de contração aumentada em 08 e diminuída em 03; zona de alta pressão diminuída em 04 ; sensibilidade ("threshold") aumentada em 08 e diminuída em 16; capacidade retal aumentada em 11 e diminuída em 05; contração muscular paradoxal ao esforço para evacuar em 07 ; teste de expulsão do balão negativo em 11 ; reflexo inibitório reto anal negativo em 05 pacientes e inconclusivo em 01 . No grupo de pacientes com suspeita de megacólon congênito 08 tiveram a confirmação com reflexo inibitório negativo. CONCLUSÃO Baseados na revisão da literatura e nos nossos resultados, concluímos que os achados da manometria ano retal modificam a conduta no paciente constipado, podendo ser sugerido que esta avaliação seja realizada inicialmente em todos estes pacientes.
Descritores: constipação, manometria anal, anismus
Introdução
Constipação intestinal crônica (C.I.C.) é
um sintoma bastante comum, com diferentes etiologias
e fisiopatologias, que afeta entre 2 e 30 % da
população dos países ocidentais ¹ ², sendo responsável por
mais de 2,5 milhões de consultas médicas por ano
nos Estados Unidos da América, assim como
aproximadamente 92 mil internações no mesmo período³.
Acredita-se que a discrepância na
prevalência desta afecção seja causada pela grande variedade
de definições existentes. Isto ocorre em virtude
de múltiplos parâmetros analisados, como:
idade, diferentes classes econômicas, hábitos
alimentares, nível sócio econômico, além da disponibilidade
populacional no atendimento médico.
Não existe uma definição única
para constipação. Pacientes e médicos a definem de
formas bastante variadas, podendo estar relacionada
a diferentes afecções e doenças.
4 Normalmente, vão estar envolvidos um ou mais dos seguintes sintomas:
fezes ressecadas; poucas evacuações por
semana (< 3); esforço para evacuar; sensação de evacuação
incompleta e tempo excessivo dispensado no banheiro
para a evacuação 5
A constipação freqüentemente é
muiltifatorial, podendo resultar de afecções sistêmicas ou
neurológicas, assim como pelo uso de determinados
medicamentos.
Recentemente, em um consenso de especialistas, foi proposto que na ausência de
sintomas de alarme (como sangramento retal,
emagrecimento, alteração de ritmo intestinal e dor abdominal)
e descartando causas secundárias, a maioria
dos pacientes teria uma desordem funcional que afeta
o cólon ou a região ano retal, sendo então
propostos critérios mínimos para a caracterização da
afecção (Critérios de Roma II)
A partir destes critérios, no mínimo dois
tipos podem ser reconhecidos: constipação com trânsito
lento ou defecação obstruída, contudo podendo
existir sobreposição entre estes subtipos, sendo
ainda reconhecido um terceiro subtipo, que seria o
de pacientes com síndrome do intestino irritável
(S.I.I.) com predomínio de constipação
6,7.Contudo, alguns autores acrescentam um quarto subtipo, no qual
o paciente teria trânsito normal e não
apresentaria evidências de defecação obstruída.
Os sintomas podem ser brandos, intermitentes ou crônicos. Existem poucos estudos que avaliam
a gravidade do paciente constipado, sendo utilizada
geralmente na prática clínica uma avaliação
baseada no impacto dos sintomas em relação ao exercício
das atividades rotineiras do indivíduo.
O diagnóstico da constipação implica
na pesquisa etiológica e subseqüente classificação,
com a realização de uma anamnese adequada, exame
físico e exames secundários.
A grande questão que se apresenta é
justamente de que forma seqüencial e em quem devem
ser realizados esses exames secundários.
Existe uma concordância que,
inicialmente, devam ser descartadas causas secundárias e
orgânicas, com exames laboratoriais específicos e
avaliação colônica, preferencialmente com colonoscopia.
Esta avaliação deve ser realizada em pacientes com
mais de 50 anos e/ou que apresentem sintomas de
"alarme" para doenças orgânicas do cólon, como:
sangramento, alteração do ritmo, emagrecimento, dor abdominal
e afilamento das fezes. 8
Os testes fisiológicos seriam
necessários apenas nos pacientes constipados, após serem
afastadas as causas secundárias que mantivessem
sintomas refratários, mesmo com um aumento adequado
da quantidade de fibras na dieta. Contudo, na maioria
das vezes, essas etapas não são
observadas.9
Diferentes técnicas foram desenvolvidas
e usadas para a avaliação da fisiologia ano retal
e, consequentemente, o estudo da constipação.
Dentre elas, podemos incluir a manometria ano retal,
eletromiografia, tempo de trânsito colônico,
defecografia, ultra-sonografia, ressonância nuclear magnética
e estudo com radioisótopos. Contudo, a
seqüência desejada da realização desses procedimentos
continua sendo contraditória, não existindo uma
metodização semelhante na maioria dos trabalhos
publicados.6,9,10
A manometria ano retal é uma técnica
em diagnóstico e tratamento das afecções ano retais,
caracterizada por aferição e registro gráfico de
pressões de reto e canal anal em diferentes momentos
do processo de defecação.
A manometria ano retal associada intimamente a testes de sensibilidade, capacidade e
complacência retal, assim como monitorização gráfica do
esforço evacuatório e reflexo inibitório reto anal, além do
teste de expulsão do balão intra retal, constitui o pilar
básico da avaliação funcional de afecções
ano-reto-cólicas, sendo justificada uma utilização mais freqüente
em detrimento de exames mais complexos e dispendiosos.
O objetivo do nosso trabalho é o de
realizar uma revisão da literatura sobre a contribuição
da manometria ano retal, com seus testes associados,
na avaliação do paciente constipado, assim
como apresentar a nossa experiência de pacientes
submetidos a manometria por queixa de constipação crônica
no laboratório de fisiologia ano retal do serviço
de Coloproctologia do Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho, da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisados, retrospectivamente, 49 pacientes submetidos a avaliação funcional,
no laboratório de fisiologia ano retal do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho - U.F.R.J, com
queixa de constipação intestinal
crônica.
Estes pacientes não foram previamente classificados quanto aos tipos de constipação e
nem, necessariamente, apresentavam os critérios
adotados em Roma (critérios de Roma II). Eram
pacientes oriundos de diversas especialidades, confirmando
a diversidade de sintomas e queixas, em função
dos diferentes critérios diagnósticos, para
caracterizá-los como constipados.
Após a revisão dos 49 prontuários,
observamos uma predominância de adultos, com trinta
e nove (39) pacientes. Dez (10) crianças
foram encaminhadas para a confirmação ou afastamento
de megacolon congênito.
Observamos, entre a população
adulta estudada, um amplo predomínio do sexo feminino
com 33 casos (84,61%), e apenas 6 pacientes
masculinos, correspondendo a 15,38% do total de adultos
examinados.
No grupo de pacientes adultos a idade variou de16 a 80 anos com uma média de 38,07 anos.
No grupo de crianças/adolescentes com suspeita de megacolon congênito, observamos idades
de 3 a 14 anos, sendo uma média de 8,8 anos e
um predomínio de pacientes do sexo masculino com
sete casos (77,77%) e somente dois do sexo
feminino (22,22%).
Dos trinta e nove pacientes adultos, encaminhados para exame, observamos uma
grande variação de queixas. Em função disto,
imediatamente antes de proceder ao exame propriamente
dito, fazíamos uma anamnese mais dirigida.
Observamos que todos estes pacientes apresentavam queixa
de constipação, porém, nem todos os pacientes
se enquadravam nos critérios de Roma II.
Observamos somente dez pacientes que atingiram estes
critérios, mostrando a grande discrepância, mesmo no
meio médico, quanto à definição e classificação
destes pacientes.
Observamos, com a associação do pedido
do médico assistente, anamnese pré exame e exame
digital, algumas hipóteses diagnósticas. (Tabela-1)
Os exames foram realizados no período de novembro 2003 a novembro 2004.
Todos os pacientes foram submetidos a exame proctológico prévio, com inspeção anal, toque
retal, anuscopia e retossigmoidoscopia. Colonoscopias
foram realizadas em pacientes previamente
selecionados pelos seus médicos assistentes, para
descartar patologias colônicas.
Não foram realizados tempo de
trânsito colônico, assim como defecografias, pela
não disponibilização destes métodos em nosso hospital.
Os pacientes submetidos a
avaliação manométrica foram encaminhados ao
laboratório descrito anteriormente, com a orientação de
realizar lavagem retal com enema salino duas horas antes
do procedimento, evitando alimentar-se neste intervalo.
Os pacientes eram novamente submetidos a uma anamnese detalhada, visando uma
uniformidade quando da apresentação dos laudos e sugestões
de tratamento. Explicações detalhadas da dinâmica
do exame eram fornecidas no intuito de
minimizar alterações, em função da possível não
compreensão das solicitações feitas pelo examinador.
Os seguintes estudos foram realizados:
- Manometria ano retal
- Reflexo inibitório reto anal
- Teste de sensibilidade retal
- Teste de capacidade retal
- Teste de evacuação assistida
- Teste de expulsão de balão com 50/60 ml de água
Manometria ano retal
Usa-se um cateter de perfusão de 8 canais
com um lume para inflar um balão na sua ponta.
Este cateter é acoplado ao sistema de pressão
por nitrogênio. O cateter tem oito orifícios,
dispostos simétrica e circunferencialmente na ponta, por
onde se perfunde água vagarosamente, usando-se
um mecanismo de pressão através de uma
bomba pneumo-hidráulica
Na ponta do cateter existe, adaptado, um
balão de látex distensível, de aproximadamente 5/6 cm
de extensão, com um canal independente para enchimento
com água ou ar.
Este cateter é conectado ao sistema de
perfusão e também aos transmissores de pressão.
A bomba de perfusão é composta por
um recipiente hidráulico, o qual é submetido a
diferentes níveis de pressão, por estar adaptado a um cilindro
de nitrogênio pressurizado.
A medida de pressões se dará quando
houver algum grau de obstrução de saída da água dos
orifícios em contato com diferentes formações anatômicas,
ou seja, a capacidade de determinada estrutura de
se contrapor à saída de água do aparato.
Os pacientes foram posicionados em
decúbito lateral esquerdo, com as pernas fletidas ( posição
de Sims ), após orientação ao que iriam ser submetidos
e da necessidade da realização de manobras
de contração, relaxamento, evacuação e
avaliação sensitivas. Após lubrificação, o cateter era
introduzido no reto, e a certeza da sua localização era
demonstrada pelas diminutas pressões retais em relação às
pressões do canal anal. O cateter ficava posicionado com
a marcação de 6 cm na margem anal.
O cateter era retirado manual e vagarosamente, com uma velocidade aproximada de 3 a 8
mm/seg, sendo orientado um auxiliar para a marcação
da distância da zona de perfusão do cateter em relação
à margem anal.
Para o registro manométrico, um
amplificador de sinal e um software para registro foram utilizados.
Foram avaliados os seguintes parâmetros:
· pressão de repouso
· pressão de contração voluntária
· alteração da pressão durante o esforço para evacuação
· reflexo inibitório reto anal
· sensibilidade retal mínima à distensão do
balão (threshold)
· intolerância à distensão progressiva do balão
· teste de expulsão do balão , inflado com 50/60 ml
de água
Em alguns pacientes, a critério do
examinador, não foram realizados todos os testes, por
achar desnecessária a sua realização, em
determinadas situações.
Em alguns casos, foi necessária a repetição
das medições, algumas vezes consecutivas, no intuito
de confirmar ou excluir alguns achados. Esta
padronização está preconizada para evitar falsos positivos
e negativos.
Na avaliação da pressão de repouso, o
cateter era posicionado a 6 cm da margem anal e em
seguida retirado em 1 cm a cada 30 segundos.
A pressão de contração era avaliada da
mesma forma, com a diferença da orientação do paciente
em contrair a musculatura esfincteriana durante o
tempo da retirada.
Para a avaliação do esforço de evacuar,
os pacientes foram solicitados a exercer um esforço
real para esvaziamento do seu reto, sendo esta etapa
de fundamental importância, pois muitas vezes,
foram necessárias avaliações repetidas, pela não
compreensão adequada do que fazer pelos pacientes.
A sensibilidade retal foi avaliada com a infusão lenta de água, através do canal
independente, no balão, previamente adaptado à ponta do
cateter. Este balão era inflado lenta e progressivamente,
sendo o paciente orientado a relatar o momento inicial
de qualquer sensação retal que notasse.
Posteriormente, após a manutenção do enchimento do balão, de
uma forma lenta e progressiva, era solicitado que
os pacientes referissem quando não mais suportavam
o desconforto retal, causado pelo enchimento
gradual do balão.
Foram realizados testes de expulsão do
balão com enchimento de água, mimetizando, ainda que
de maneira não fisiológica, uma evacuação. Estes
testes foram realizados com balões contendo 50 e 60 ml
de água, sendo considerado positivo o teste, quando
o paciente conseguia expulsar o balão do reto.
Finalmente, realizamos uma análise
detalhada dos dados adquiridos e formulamos um relatório
final com as medições, gráficos e orientações.
RESULTADOS
Após a revisão dos 49 prontuários,
observamos dentre a população adulta estudada um
amplo predomínio do sexo feminino com 33 casos
(84,61%), e apenas 6 pacientes masculinos, correspondendo
a 15,38% do total de adultos examinados, sugerindo
em uma análise inicial e simplista, que fatores
relacionados ao sexo determinam de forma significativa a
maior prevalência da constipação no sexo feminino.
ACHADOS MANOMÉTRICOS ( Adultos)
- PRESSÃO DE REPOUSO
|
Normal -28 Aumentada -09 Diminuída -02 |
Figura 1 - Pressão de repouso |
- PRESSÃO DE CONTRAÇÃO
Normal -28 Aumentada -08 Diminuída - 03 |
Figura 2 - Pressão de contração |
- ZONA DE ALTA PRESSÃO
Normal - 35 Diminuída - 04 |
Figura 3 - Zona de alta pressão |
- SENSIBILIDADE (THRESHOLD)
Normal - 15 Aumentada - 08 Diminuída - 16 |
Figura 4 - Sensibilidade inicial |
- CAPACIDADE/COMPLACÊNCIA RETAL
Normal 19 Aumentada - 11 Diminuída - 05 Não realizada - 4 |
Figura 5 - Capacidade retal |
- EVACUAÇÃO ASSISTIDA
Relaxamento - 22 Contração paradoxal - 7 Não realizado - 10 |
Figura 6 - Evacuação assistida |
- TESTE DE EXPULSÃO DO BALÃO
Expulso - 11 Não expulso - 11 Não realizado - 17 |
Figura 7 - Teste de expulsão do balão |
- REFLEXO INIBITÓRIO RETO-ANAL (R.I.R.A)
Positivo - 29 Negativo - 5 Inconclusivo - 1 Não realizado - 4 |
Figura 8 - R.I.R.A. |
- ACHADOS MANOMÉTRICOS
(Crianças/adolescentes)
- R.I.R.A.
Figura 9 - R.I.R.A. em crianças |
RESULTADO POR PATOLOGIAS/SINTOMAS
PACIENTES ASSINTOMÁTICOS
Três pacientes achavam-se assintomáticos
no momento do exame, por terem sido orientados a
realizar uma dieta com maior aporte de fibras e líquidos.
Estes três pacientes apresentavam-se com todos
os parâmetros descritos normais, evidenciando
uma constipação secundária à dieta pobre em fibras.
Um destes três pacientes apenas tinha queixa de
evacuação de dois em dois dias, sem outras anormalidades.
SUSPEITA DE MEGACOLON CHAGÁSICO
Dos sete pacientes com suspeita de
megacólon chagásico, observamos um reflexo inibitório reto
anal negativo em cinco, um paciente teve este
reflexo inconclusivo, e outro apresentou o reflexo. Os
demais testes revelaram uma diminuição da sensibilidade e
um aumento da capacidade retal em todos os sete
pacientes deste grupo. A pressão de repouso
apresentou-se aumentada em 5 pacientas. Os demais parâmetros
não foram testados.
SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL
Os três pacientes com quadro de Síndrome
do Intestino Irritável apresentaram os seguintes
resultados: Pressões de repouso e contração normais;
sensibilidade aumentada em dois e normal no terceiro;
capacidade retal diminuída em 1 paciente e normal em 2;
reflexo inibitório reto anal normal nos três pacientes.
Não foram realizados testes de evacuação e expulsão
do balão.
DISFUNÇÃO DO ASSOALHO
PÉLVICO/RETOCELE
Seis pacientes foram encaminhadas com diagnóstico de constipação e apresentavam retocele
ao exame digital, imediatamente prévio à
manometria. Destas, cinco apresentaram um teste de expulsão
do balão intra retal negativo. Uma paciente
apresentou sensibilidade diminuída e outra, com relato de
prolapso retal associado, apresentou contração paradoxal
da musculatura à manobra de evacuação assistida.
Os demais parâmetros foram normais.
Seis pacientes com suspeita clínica de disfunção pélvica/evacuação obstruída
foram analisadas. Quatro destas pacientes apresentaram
um relaxamento muscular
pélvico/esfincteriano inadequado e uma inabilidade de expulsão do
balão intra retal. A sensibilidade estava aumentada em
quatro pacientes, sendo três do grupo anterior e diminuída
em uma paciente. A capacidade retal apresentava-se discretamente aumentada (>300 - <400) em
duas pacientes. Os demais parâmetros foram normais.
CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL/IDIOPÁTICA
Em sete pacientes, enquadrados nos
critérios de Roma II, não houve acréscimo de dados em
função da anamnese e exame físico dirigidos
realizados imediatamente antes da manometria. Estes
pacientes foram enquadrados em um grupo e simplesmente
chamados de constipados. Os níveis
pressóricos esfincterianos obtidos foram normais, assim como
o reflexo inibitório reto anal. Cinco
pacientes apresentaram diminuição da sensibilidade.
A capacidade retal encontrava-se aumentada em dois
e diminuída em um paciente. Encontramos uma falha
de relaxamento em dois pacientes, os quais
não conseguiram realizar a expulsão do balão intra retal.
CONSTIPAÇÃO SECUNDÁRIA A PATOLOGIA ORIFICIAL
Quatro pacientes apresentavam, no momento do exame, queixas sugestivas de fissura anal recente
e constipação de menos de dois anos de evolução.
Destes, três apresentavam fissura aberta. Estes pacientes
foram encaminhados ao laboratório de fisiologia para
uma avaliação manométrica pré-operatória, de
uma esfincterotomia cirúrgica. Todos apresentavam
uma hipertonia esfincteriana. Durante a manobra de evacuação assistida todos conseguiram um
relaxamento satisfatório. A sensibilidade retal
encontrava-se aumentada em todos. A capacidade, teste de
expulsão do balão e reflexo inibitório não foram testados.
PÓS OP. ANASTOMOSE COLO RETAL BAIXA
Três pacientes operados há mais de um
ano, de ressecção anterior do reto com anastomose
colo retal, a aproximadamente 4 e 5 cm da margem
anal, foram encaminhados ao laboratório para avaliação
por queixa de constipação. Um paciente referia
escape. Todos apresentavam uma capacidade retal
reduzida, assim como pressão de contração. A pressão de
repouso era normal. O reflexo inibitório foi normal nos
pacientes. A sensibilidade encontrava-se diminuída
em dois. A evacuação assistida foi normal. Não
foi realizado teste do balão.
Na medida da zona de alta pressão encontramos três casos com diminuição (< 1,5
cm): dois pacientes do grupo de pós-operatório de
ressecção de reto e um com disfunção pélvica.
SUSPEITA DE MEGACOLON CONGENITO
Três pacientes apresentaram o R.I.R.A. negativo, confirmando a suspeita diagnóstica.
DISCUSSÃO
O paciente constipado continua sendo um grupo muito heterogêneo, gerando uma
grande dificuldade na realização de estudos randomizados
e/ou multicêntricos, que dificultam uma
sistematização de avaliação propedêutica e de tratamento.
Na avaliação destes pacientes,
inicialmente, devem ser afastadas causas secundárias,
possibilitando posteriormente o agrupamento destes pacientes
em subgrupos, para a proposição de um
tratamento. Contudo, a avaliação, seleção e encaminhamento
de pacientes constipados a um centro especializado,
vai depender de uma avaliação clínica, na maioria
das vezes, por profissionais não especialistas, o que
gera uma heterogeneidade maior ainda nos pacientes encaminhados para serem examinados.
A manometria ano-retal é um exame
utilizado para o diagnóstico de afecções como a
incontinência fecal e constipação intestinal, assim como na
avaliação pré e pós cirúrgica de algumas doenças pélvicas
e anorretais 11, além de permitir a realização de
tratamentos, tanto para incontinência como
para constipação, pela técnica de biofeedback ou seja
uma reeducação fisioterápica dos órgãos pélvicos.
Ainda existem relatos controversos na literatura quanto à validade da utilização da
manometria ano retal na avaliação das patologias correlatas,
porém, algumas contribuições recentes vêm mudando
este paradigma e conseguindo, de uma maneira cada
vez mais eficaz, mostrar o real valor deste método e
suas contribuições na orientação e tratamento
destes pacientes.
Foi demostrado, após um estudo prospectivo,
para avaliar a importância clínica da manometria no
paciente constipado, que uma informação clínica não
suspeita era evidenciada pelo exame em até 88% dos
pacientes e que, em 76% deles, houve uma mudança
estratégica no seu tratamento. Este estudo demonstrou
também que a maioria dos pacientes constipados
apresentava mais de uma anormalidade fisiopatológica
12.
Na nossa casuística, após
subclassificarmos clinicamente os pacientes, obtivemos uma confirmação
manométrica do diagnóstico em 63,26 %.
Quando analisamos separadamente os pacientes, segundo as suspeitas
apresentadas anteriormente, observamos ter havido uma
mudança de conduta em 53,61%. Três crianças confirmaram
o megacolon congênito, o que possibilitou a
mudança terapêutica. Nove pacientes encaminhadas
somente como constipadas apresentaram critérios
manométricos para evacuação obstruída, sendo encaminhadas
para tratamento cirúrgico e ou fisioterápico, conforme
a patologia em questão .Duas pacientes com hipersensibilidade e critérios clínicos de S.I.I.
foram encaminhadas para tratamento clinico específico.
Cinco pacientes com suspeita não confirmada laboratorialmente de megacolon
chagásico, apresentaram resultados condizentes com a
patologia, sendo encaminhados para tratamento cirúrgico.
Dos sete pacientes com constipação funcional ou
idiopática, em dois foi observada evacuação obstruída, sendo
ambos encaminhados para tratamento fisioterápico.
Os cinco restantes foram orientados sobre a
necessidade da realização de tempo de transito colônico, no
intuito de caracterizar ou descartar inércia
colônica.
Numa forma simplista, poderíamos definir clinicamente pacientes apenas como portadores
de constipação intestinal crônica, porém a
individualização destes em subgrupos e as observações obtidas
através da manometria se faz necessária, vindo otimizar
a abordagem dos mesmos, tanto de uma forma propedêutica como terapêutica. A técnica de
biofeedback para tratamento de disfunção do assoalho pélvico,
além do estabelecido para incontinência, já é uma
realidade.13
Observamos com a manometria, ser esta uma grande arma para o diagnóstico e
orientação terapêutica, com a transformação dos achados
em números, comprovando desta maneira, ser uma
forma diferenciada na abordagem dos pacientes
constipados, com surpreendentes mudanças estratégicas.
O megacólon congênito ou doença
de Hirschsprung pode ser diagnosticado de forma definitiva com a manometria ano retal, realizando-se
o teste do reflexo inibitório reto anal. A sua
ausência sugere fortemente uma agenesia dos plexos
nervosos submucosos, responsáveis pela transmissão
dos impulsos nervosos que desencadeiam o
relaxamento do esfíncter interno do ânus (acalasia do
esfíncter interno do
ânus)14.
Na avaliação do reflexo inibitório reto
anal estudamos 10 crianças com suspeita clinica
de megacólon congênito, obtendo uma negatividade
do reflexo em 3 crianças (30%), confirmando a
suspeita desta afecção e podendo encaminhá-las para
tratamento cirúrgico apropriado. Esta é, sem dúvida, uma
avaliação primordial, sem a qual não poderíamos de uma
maneira simples diagnosticá-las. É importante salientar
que, para a negatividade deste reflexo ser confirmada,
são necessárias várias tentativas. Normalmente
utilizamos cinco aferições para caracterizarmos a negatividade
do referido reflexo.
No adulto, a realização do reflexo
inibitório reto anal é de fundamental importância na
avaliação de várias patologias.
JORGE E WEXNER, em 1993, demonstraram algumas condições clínicas nas quais
podemos encontrar acalasia do esfíncter interno do ânus,
dentre elas colopatia chagásica,
esclerodermia, dermatomiosite e diabetes mellitus
avançado.15
Exceto a colopatia chagásica, as outras patologias relatadas por estes autores, não
foram observadas em nossa casuística.
IHRE, em 1974, salientou que reflexos falsos negativos podem ser encontrados em pacientes
com prolapso retal e incontinência fecal, explicados
pela fragilidade esfincteriana em diferentes
graus, ocasionando níveis pressóricos de repouso
muito baixos da musculatura esfincteriana.16
AGACHAN, PFEIFER e WEXNER, em 1996, demonstraram que, após a correção cirúrgica
de pacientes portadores de prolapso retal, o reflexo
é restaurado.17
Em nosso país, pela alta prevalência
de megacólon chagásico, a manometria é fundamental
na avaliação e suspeição do acometimento ano-reto-cólico
desta patologia. Segundo REZENDE e MOREIRA, a ocorrência do reflexo negativo é altamente
sugestiva de megacólon chagásico em pacientes com
forte suspeita clínica.18
Em nosso estudo, avaliamos 7 pacientes com forte suspeita clínica de megacólon chagásico,
sendo encontrada resposta negativa, quando da aferição
do reflexo inibitório reto anal, em cinco. A
negatividade do reflexo corrobora de forma consistente o
diagnóstico de megacólon chagásico, ainda que não
seja patognomônico, pois podemos ter
respostas discrepantes em alguns casos. Estas alterações
que chamamos de respostas inconclusivas (01 paciente)
são pelo fornecimento de alteração gráfica que ocorre
por uma atividade contrátil desordenada do reto.
A sensibilidade retal talvez seja a área
da fisiologia ano-retal mais valorizada ultimamente,
sendo bastante estudada por diversos autores.
GOSSELICK e SCHOUTER, em 2001, demonstraram que os pacientes
constipados apresentavam uma diminuição da sensibilidade
retal, quando comparados com grupos
controles.19
SLOOTS e FELT-BERSNAR, em 2003, encontraram uma alteração de sensibilidade
e/ou complacência em pacientes constipados
em aproximadamente 90%, após subclassificá-los em
cinco diferentes grupos conforme sugerido por PRIOR
et. al. em 1990. Neste estudo 35% dos pacientes apresentavam aumento da complacência, referindo
ser este um subgrupo predominante de
constipação funcional ou idiopática crônica. Quanto à
sensibilidade, ocorreu hipersensitividade em 26 % , fato este
que estaria relacionado a grupos de síndrome do
intestino irritável, que apresentam um predomínio
de constipação.20,21
METZ et.al, em 1995, sugeriram em seus estudos que o aumento da sensibilidade retal fosse
um marcador de S.I.I., nos pacientes portadores
desta síndrome, com predomínio de constipação. Ainda
nesta linha, este mesmo autor demonstrou que estes
pacientes normalmente se apresentam com aumento da sensibilidade e complacência
retal.22
No nosso estudo, observamos uma diminuição
global da sensibilidade em pacientes com
constipação crônica. Dos 39 pacientes adultos
examinados, obtivemos uma diminuição da sensibilidade
em 16(41%). Mesmo com a heterogeneidade de nossos pacientes, este achado encontra-se de acordo com
a literatura em que, de uma forma global, a constipação
leva a uma diminuição da sensibilidade retal.
KARLBOM et.al., em 2004, demonstraram que um aumento da sensibilidade era
significativamente maior no grupo de pacientes com trânsito lento e
com mistura de fatores fisiopatológicos, em relação
a pacientes com apenas evacuação
obstruída.10
Em nosso estudo, observamos aumento da sensibilidade em dois de três pacientes, com
suspeita clínica de S.I.I., sendo também compatível com
a literatura. MERTZ et.al., em 1995, afirmam que a hipersensibilidade pode ser considerada como
um marcador biológico para a
S.I.I.22.
DONG et.al., em 2004, e SLATER et.al., em 1997, quando compararam prospectivamente
pacientes com S.I.I. em grupo controle, encontraram
uma alteração de percepção retal em todos os pacientes
com esta síndrome, reafirmando poder ser este achado
um marcador biológico.23,24
Podemos concluir pela avaliação
da sensibilidade retal que, em pacientes com
constipação essencial, a perda da sensibilidade é um
fator significativo, assim como uma hipersensibilidade,
seria praticamente patognomônica para pacientes da
S.I.I. com predomínio de constipação.
A categorização clínica de
pacientes constipados define grupos, nos quais as
alterações fisiológicas anorretais são comuns.
Constipação fisiológica, com evacuações infreqüentes,
normalmente está associada a uma sensibilidade retal diminuída e
a um aumento da complacência retal. Contudo,
na defecação obstruída ainda não está totalmente clara
a existência de alterações sensitivas na fisiologia
ano retal. Alterações de sensibilidade retal não
estariam relacionadas à fisiopatologia da defecação obstruída
10
Mais de 50% de pacientes constipados reportam dificuldade na defecação e muitos
apresentam alterações do assoalho
pélvico25
Foi demonstrado que muitos pacientes com defecação obstruída apresentavam contração
anal paradoxal (anismus) e/ou inabilidade em relaxar
o esfíncter anal e/ou contração paradoxal do
puborretal.26
Por outro lado, houve questionamentos quanto à existência da dissinergia pélvica, referindo os
achados a alterações laboratoriais
induzidas.27 Entretanto, pela variedade de termos e conceitos como é
definida a defecação obstruída, os trabalhos clínicos
tornam-se confusos com linguagem diferente, levando
a resultados discrepantes. Não existia consenso
no sentido de definir disfunção do assoalho
pélvico/defecação obstruída até recentemente, quando
foi proposto pelo grupo de especialistas (Roma II),
em adição a estes critérios que, durante a
evacuação assistida, os pacientes devem
exibir:28
a) Evidência de contração inapropriada ou falha
de relaxamento dos músculos do assoalho
pélvico, quer seja por manometria, eletromiografia
ou evidência radiológica;
b) Evidência de força propulsiva de fezes inadequadas
c) Evidência de evacuação incompleta
RAO, WELCHER e LEISTIKOW, em 1998 e RAO et.al,1999, observaram, após
avaliação manométrica de pacientes com constipação,
achados que sugeriam uma inadequada força de
propulsão associada a uma contração inapropriada
da musculatura.26,29
RAO et.al, em 2004, em um estudo prospectivo, observaram que 30% dos pacientes
com constipação crônica e sintomas sugestivos de
defecação obstruída tinham a manometria ano retal normal,
assim como conseguiram expelir o balão intra retal
durante este teste. Neste grupo, somente 11% dos
pacientes apresentavam constipação com trânsito lento, não
tendo disfunção ano retal. Os demais apresentavam o
trânsito normal. Logo, 19% destes pacientes
tinham constipação, aparentemente sem disfunção, sendo
então classificados como constipados com trânsito
colônico e função pélvica normais. Em 70% dos pacientes
foram evidenciadas alterações manométricas, fazendo
com que este autor separasse os pacientes, com
disfunção pélvica, em 3 grupos distintos. Sabendo-se que de 20
a 30% de indivíduos normais têm
alterações manométricas para evacuação obstruída, o
estudo demonstrou que a associação da manometria com
o teste de expulsão do balão consegue fazer o
diagnóstico da maioria destes
pacientes.30
Embora se sabendo que todos os testes fisiológicos colo reto anais têm validade e
se completam5,13,31,32,33, a defecografia por si
só acrescentaria muito pouco aos pacientes
com evacuação obstruída. Os pacientes com
defecografias alteradas também apresentam um teste de
trânsito colônico ou um teste de expulsão do balão
anormal. Com estes achados e também baseados na
revisão técnica da American Gastroenterological
Association (A.G.A.1999), RAO et.al., em 2004, enfatizam que
a defecografia teria um valor muito pequeno nos pacientes
constipados.30,34
O R.I.R.A.não está modificado,
significativamente, nos pacientes com defecação
obstruída, exceto nos que apresentarem megarreto de
qualquer etiologia.10
A sensibilidade e complacência retal nos pacientes com defecação obstruída, tendem a
sofrer alterações com o evoluir do problema,
provavelmente por alteração traumática da inervação pudenda, com
o passar dos anos. Pacientes com defecação
obstruída de longo tempo teriam uma tendência a apresentar
uma hipossensibilidade retal 35. Porém, na maioria
dos pacientes com defecação obstruída a complacência
retal estaria preservada.10,36
Desde 1991, DEDERING et.al. defendiam a manometria ano retal como padrão ouro na
avaliação dos pacientes constipados, após serem excluídas
causas orgânicas, preferencialmente com
colonoscopia.37
Em nossa casuística, avaliamos seis
pacientes com evacuação obstruída e seis com retocele,
que poderíamos considerar como um bloco único, ou
seja, pacientes com disfunção do assoalho
pélvico. Observamos, em concordância com a literatura,
uma ampla superioridade do sexo feminino (91,66%).
Os achados manométricos também foram
comparáveis com a literatura, tendo uma alteração de
evacuação assistida e/ou teste de expulsão do balão negativo
em todos estes 12 pacientes.
Sugerimos, então, a partir deste trabalho que
a manometria ano-retal torne-se o exame padrão
ouro para a avaliação do paciente constipado e que,
somente a partir dos resultados da mesma, outros exames
sejam solicitados.
Os exames de avaliação fisiológica,
como tempo de trânsito colônico, avaliações
radiológicas dinâmicas, eletromiografias, etc., devem ser
reservados para casos específicos, nos quais a
constipação permanece grave após tentativas de tratamento
clinico, fisioterápico ou cirúrgico, exceto para colectomias.
Como visto, somente com a manometria consegue-se diagnosticar e tratar de forma
satisfatória até 80% dos pacientes inicialmente encaminhados
com quadro de constipação intestinal crônica.
CONCLUSÃO
De acordo com a literatura concluímos que:
· Os pacientes devem ser classificados segundo
os critérios de Roma II e expandidos para
disfunção pélvica / evacuação obstruída.
· Devem ser submetidos a exame físico,
exame proctológico e exames diagnósticos no intuito
de afastar causas secundárias.
· Devem ser submetidos à manometria ano retal
com os testes associados . Os achados de estudos manométricos têm um impacto importante
na compreensão, diagnóstico e tratamento
da constipação intestinal crônica.
· A realização de defecografia, tempo de
trânsito colônico, eletromiografia e ressonância
nuclear magnética concomitante à manometria,
continua controversa, necessitando de mais estudos sobre
a validade da realização destes somente
se necessários e em um número pequeno de casos
De acordo com nossos resultados
concluímos que:
· Pela mudança de conduta em 53,61% e
pela confirmação diagnóstica em 63,26 dos
pacientes, a manometria é um instrumento importante
na avaliação dos pacientes constipados.
· A manometria ano retal deve ser realizada
na grande maioria dos pacientes constipados, como primeiro exame fisiológico, devendo somente
a partir deste serem solicitados outros no sentido de
complementá-la.
SUMMARY: Cronical Intestinal constipation is a term which represents different symptoms and etiologies. Its prevalence varies from 2 to 30% of the population in Western countries. There is no single definition for constipation and this is the reason for different conducts. Recently, a consensus definition of constipation was made by physicians ( The Roma II criteria).Anal manometry is a useful management test to evaluate different types of constipation and is the most used one. The aim of this work is to make a review in the literature about the utilization of ano-rectal manometry in constipated patients and to analyze retrospectively our constipated patients who were submitted to ano-rectal manometry. Forty nine(49) constipated patients were retrospectively studied with anal manometry, balloon expulsion, compliance, and sensitive tests.The results demonstrated that there were more constipated women (84,61% of adult patients) than men. Ten children were studied (mean age of 8,8 years) with suspicion of congenital megacolon, with prevalence of 77,77% of males. We subdivided all patients in seven groups in order to better evaluate the results. The manometric results were: resting pressure- high in 09 patients, low in 02; squeeze pressure _ high in-08 patients, low-in 03; high pressure zone diminished in 04 patients; threshold _ high-in 08 patients, low-in 16; rectal capacity _high _in 11 patients, low- in 05; paradoxical muscular contraction effort for evacuation _in 07 patients; negative balloon test expulsion in 11 patients; R.I.R.A. negative in 05 patients, and doubtful in 01. In the suspicious congenital megacolon group, eight (08) patients had the absence of R.I.R.A. and the disease confirmation. Based in our data and the revised literature, we conclude that the ano-rectal manometric results modify the treatment of the constipated patients, and we can propose that this test must be the first one to be used in those patients.
Key words: constipation, anal manometry, anismus
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Endereço para correspondência:
EDUARDO DE PAULA VIEIRA
Rua Moraes e Silva, 126 / 402
20.271-030 - Rio de Janeiro - RJ
Trabalho realizado no Serviço de Coloproctologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - Faculdade de Medicina - UFRJ
Recebido em 18/11/2005
Aceito para publicação em 08/12/2005