ARTIGOS ORIGINAIS
HEMORROIDECTOMIA: ESTUDO DE 2.417 PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA PARA TRATAMENTO DA DOENÇA HEMORROIDÁRIA
Hemorrhoidectomy: 2417 Operated Patients for Hemorrhoidal Disease Treatment
Geraldo Magela Gomes da Cruz*, Jorge Luiz Santana**, Sandra Kely Alves de Almeida Santana**, Renata Magali Ribeiro Silluzio Ferreira***, Peterson Martins Neves***, Marina Neves Zerbini de Faria****.
(*) Mestre, Doutor e Professor Titular de Coloproctologia; (**) Pós-graduandos lato sensu em Coloproctologia; (***) Assistentes do Grupo de Coloproctologia; (****) Estagiária Voluntária do Serviço de Coloproctologia. Santa Casa e Faculdade de Ciências Médicas - MG - Brasil.
RESUMO: Em 34.000 pacientes coloproctológicos foi feito o diagnóstico de DH, como doença coloproctológica principal, em 9.289 pacientes (27,3%), dos quais 2.417 (26,0%) foram submetidos à hemorroidectomia. O objetivo deste trabalho é estudar estes 2.417 pacientes submetidos à hemorroidectomia, com análise dos aspectos epidemiológicos (idades, sexos), dos aspectos envolvendo a cirurgia (posições do pacientes, anestesias usadas e técnicas cirúrgicas praticadas e complicações cirúrgicas), comparando os achados com os da literatura correlata. Dos 2.417 pacientes operados a maioria apresentava hemorróidas de terceiro (30,5%) e de quarto (60,2%). Predominou, de forma estatisticamente significativa, a incidência de DH entre mulheres (5.007 mulheres, 53,9%) sobre homens (4.282 homens, 46,1%), bem como de cirurgias (1.330 mulheres ou 26,6% de 9.289 portadores de DH ou 55,0% dos 2.417 operados). A média etária dos pacientes por ocasião do diagnóstico foi 39,9 anos, sendo 74,8% entre 21 e 50 anos de idade; e a média etária por ocasião da cirurgia foi 41,6 anos, sendo 71,8% entre 21 e 50 anos de idade. Foram encontradas, por ocasião do diagnóstico da DH 1.122 casos (12,1%) de doenças anais concomitantes, sobretudo fissuras anais (5,8%) e hipertrofia de papilas anais (3,4%). A incidência de DAC operadas foi de 30,1% (729 pacientes), sendo a fissurectomia (13,1%) e a papilectomia (11,0%) as duas DAC mais comumente operadas em concomitância à DH. Dos 2.417 pacientes operados de DH 45 pacientes (1,9%) foram operados de outras doenças que não no ânus, sobretudo plástica de períneo e varizes de membros inferiores, tendo, ainda, 26 pacientes (2,0%) sido operados em situações patológicas e fisiológicas especiais, sobretudo gravidez (8 casos, 0,3%). A anestesia mais usada foi a peridural (42,3%) e a local associada à analgesia (34,9%); as posições na mesa cirúrgica mais usadas foram o decúbito lateral esquerdo de Sims (58,4%) e "em canivete" (40,1%); e a técnica cirúrgica mais usada foi a técnica aberta (Milligan-Morgan) (2.014 casos, 83,3%). Foram observadas 76 complicações (3,1%), sobretudo estenoses anais (40 casos, 1,8%) e hemorragia anal (21 casos, 0,9%).
Descritores: Hemorroidectomia, cirurgia anal, tratamento cirúrgico da doença hemorroidária.
Introdução
As hemorróidas são verdadeiros coxins de
tecido conjuntivo fibroelástico, ricos em plexos
vasculares e com múltiplas anastomoses arteriovenosas,
situados na submucosa da região anorretal, que se
comportam como uma "almofada", ajudando na continência
anal, permitindo a chamada "oclusão anal de repouso"
6, 7, 9, 10, 15, 16, 17, 24, 26, 29, 45. Do ponto de vista etiopatogênico,
o reconhecimento anatômico destes coxins reforça a
teoria do "deslizamento do assoalho anal" proposta
por Haas et al. 16, 17, que explica a evolução das
hemorróidas ao longo das várias faixas etárias, com
aparecimento dos sintomas em virtude da perda de elasticidade e
da ruptura dos elementos estruturais de sustentação,
devido aos fatores involutivos naturais que, sob a
ação dos fatores desencadeantes de esforço, facultariam
o referido deslizamento. Devem ser salientados,
além destes fatores de sustentação, os fatores vasculares
e a micro-circulação dos plexos hemorroidários, além
da elevação da pressão máxima de repouso ao nível
do canal anal associada à presença de
hemorróidas, enfatizada por Santos 44,
45.
Quanto à localização anatômica, a DH pode
ser classificada em "internas" (submucosa anorretal
acima do ligamento de Parks 36, recobertas por
epitélio mucoso), "externas" (abaixo do ligamento de
Parks, recobertas por pele modificada do canal anal) e
"mistas" (extensões internas e externas). Quanto à
disposição em torno do canal anal - uma vez que os dos
vasos hemorroidários superiores seguem uma
distribuição anatômica bem definida na grande maioria das
pessoas, formando três "coxins" ou "mamilos" mais
volumosos ou principais ou primários, situados na
submucosa anorretal _ os mamilos ou coxins distribuem-se nas
posições lateral esquerdo, ântero-lateral direito e
póstero-lateral direito (duas, cinco e nove horas, em analogia
aos ponteiros do relógio afixado no períneo do paciente
em posição genupeitoral) 6, 7, 9, 10, 15, 16, 17, 24, 26, 29,
45.
A DH pode ser abordada por condutas
clínicas 37, intervencionistas não cirúrgicos
1, 2, 4, 8, 20, 21, 25, 28, 29, 30, 33, 35, 37, 39, 40, 44, 50, 53
e cirúrgicas 10, 11, 13, 15, 18, 19, 23,
25, 26, 27, 29, 31, 32, 34, 36, 38, 41, 42, 43, 44, 46, 47, 48, 49, 51,
52.
O objetivo das várias modalidades de
abordagens intervencionistas não-cirúrgicas é destruir os
plexos hemorroidários, podendo-se citar entre eles: ligadura
elástica 3, 8, 21, 25, 33, 35, 44, 50,
53, escleroterapia 11, 21, 25, 33,
crioterapia 11, 12, 21, 25, 28, 30, 33,
infrared ou fotocoagulação
11, 25, 30, 33, 40, diatermia 1,
25, eletrocoagulação 20,
39.
O objetivo do tratamento cirúrgico na DH é
a ressecção dos componentes internos e externos dos
plexos hemorroidários e de tecidos envolvendo-os e
comprometidos pelos mesmos. Apesar dos inúmeros epônimos
cirúrgicos, há, na verdade, quatro técnicas básicas:
técnicas abertas 11, 15, 25, 42, técnicas fechadas
5, 11, 15, 25, 27, 42, técnicas mistas
5, 34, 36, 43 e técnicas amputativas
(técnica de Whitehead e PPH) 52. Todas estas cirurgias,
tradicionalmente realizadas em regime hospitalar, hoje podem
ser executadas também ambulatorialmente
11, 18, 22, 23, 38, 41, 44, 48. Da mesma forma, além do tradicional ;bisturi e da
tradicional tesoura, podem, também, ser realizadas à
laser (laser de CO2 e o Nd:YAG
laser) 11, 18, 19, 23, 25, 46, 47,
51.
Alguns nomes ficaram definitivamente e historicamente ligados às cirurgias para a DH, quer por
terem criado técnicas: técnica aberta (Milligan-Morgan
29), técnica fechada (Ferguson
13), técnica circunferencial (Whitehead
52), quer por terem aperfeiçoado
técnicas, como Parks 36, Ruiz Moreno
43, Sokol 5 e Obando
34.
Dentre as grandes séries registradas na
literatura merecem destaques especiais as séries
de Ganchrow et al. 14 com 2.038 casos
(Hemorrhoidectomy revisited _ a computer analysis of 2.038
cases. Dis Colon Rectum 1971; 14: 128-133) e a série de
Iwagaki et al. 19 com 1.816 casos (The laser treatment
of hemorrhoids: results of a study on 1.816
patients. Jpn J Surg 1989; 19: 658-61).
objetivo
O objetivo deste trabalho é estudar 2.417
pacientes submetidos à hemorroidectomia, analisando a
idade e sexo dos pacientes operados, a gradação dos
processos hemorroidários operados, as técnicas
cirúrgicas usadas e seus periféricos (posicionamentos
cirúrgicos, anestesias, doenças anais e extra-anais
abordadas em concomitância), os resultados cirúrgicos e
as complicações decorrentes das cirurgias.
casuística - pacientes e método
Em 34.000 pacientes coloproctológicos foi
feito o diagnóstico de DH como doença
coloproctológica principal em 9.289 pacientes (27,3%), dos quais
2.417 (26,0%) foram submetidos à hemorroidectomia.
A facilidade de levantamento destes dados, na ausência de informatização do serviço, foi ensejada
por um carimbo na face externa dos envelopes de
prontuário dos pacientes portadores de DH, em que
constavam, na linha superior, os dados genéricos a serem
coletados - Id (Idade), Se (sexo),
DgP (Diagnóstico primário,
DgS (Diagnóstico secundário),
Tr (Tratamento), An (Anestesia),
Po (Posição), TeCi (Técnica
Cirúrgica), EHP (Exame Histopatológico, além dos achados
de hemorróidas), Co (Complicações),
CiCo (Cirurgias concomitantes) (tabela A
superior) -, e na linha inferior, um exemplo de preenchimento de uma ficha:
I (33 anos), S (F: feminino),
DgP (HMGIV: hemorróidas mistas de quarto grau),
DAC (FAP: fissura anal posterior),
Tr (Ci: cirúrgico), An (AL: analgesia + local),
Po (La: lateral ou Sims), TeCi (Hab: hemorroidectomia
aberta), CiCo (VMI: varicectomia de membros inferiores),
EHP (SM: esquistossomose mansônica),
SE (Gr: gravidez), Co (EA: estenose anal) -
(tabela A, inferior).
resultados
Incidência absoluta: em um fichário de
pacientes coloproctológicos atendidos no curso de 38
anos de prática coloproctológica, contando com 34.000
prontuários, foram diagnosticados 9.289 casos de
DH (27,3%), doença responsável pelos sintomas
apresentados pelos pacientes. Destes, foram operados de
DH 2.417 pacientes (26,00%) (tabela 1 e figura
1).
Figura 1 - Números absolutos (N) e percentuais (%) de pacientes portadores de doença hemorroidária (DH) e de pacientes submetidos à hemorroidectomia. |
Incidência de hemorroidectomia por
sexo: a incidência de DH entre mulheres foi de 53,9%
(5.007 mulheres) e de 46,1% entre os homens (4.282
homens). A incidência de cirurgias entre as mulheres foi
maior (1.330 ou 26,6% das 5.007 mulheres portadoras de
DH portadores de DH ou 55,0% dos 2.417 pacientes
operados) que entre os homens (1.087 ou 25,4% dos
homens portadores de DH ou 45,0% dos 2.417
pacientes operados) (tabela 2 e figura 2).
Figura 2 - Incidência, por sexos, em números absolutos (N) e percentuais (%) de 2.417 pacientes portadores de doença hemorroidária (DH) submetidos à hemorroidectomia. |
Incidência de hemorroidectomia por
idade: a tabela 3 e a figura 3 mostram a distribuição,
por faixas etárias, da DH em 9.289 pacientes: 4,3%
(401 pacientes) na segunda década, 21,0% (1.957
pacientes) na terceira, 30,4% (2.820 pacientes) na quarta,
23,4% (2.172 pacientes) na quinta, 11,7% (1.088 pacientes)
na sexta, 5,5% (516 pacientes) na sétima, 3,3% (302
pacientes) na oitava, 0,3% (27 pacientes) na nona e 0,1%
(6 pacientes) na décima décadas. A média etária por
ocasião do diagnóstico da DH foi 39,9 anos. Por ocasião
da cirurgia a média etária foi 41,6 anos, tendo sido a
seguinte a distribuição etária por décadas
(tabela 3 e figura 3): 0% (nenhum paciente) na primeira década, 5,6%
(137 pacientes) na segunda, 20,8% (502 pacientes) na
terceira, 28,5% (688 pacientes) na quarta, 22,5% (543
pacientes) na quinta, 11,3% (274 pacientes) na sexta,
6,3% (152 pacientes) na sétima, 4,5% (110 pacientes) na
oitava, 0,5% (11 pacientes) na nona e nenhum paciente
na décima décadas.
Figura 3 - Distribuição, por décadas (D) etárias, de 2.417 pacientes operados de doença hemorroidária (DH), em números absolutos (N) e percentuais (%), sendo as colunas representativas unidas pela linha pontilhada, fluxo das décadas etárias por ocasião da cirurgia. |
Diagnóstico primário e abordagem
cirúrgica pela gradação da
DH: foi a incidência de cirurgias pela gradação da DH: 0% do primeiro grau
(nenhuma cirurgia em 1.135 pacientes); 6,5% do
segundo grau (170 cirurgias em 2.625 pacientes), 30,5% do
terceiro grau (1.046 cirurgias em 3.429 pacientes),
60,2% do quarto grau (1.134 cirurgias em 1.883 pacientes)
e 30,9% dos plicomas anais (67 cirurgias em 217
pacientes) (tabela 4 e figura 4). Foi a seguinte a
distribuição das várias formas de DH operadas em relação ao
total de pacientes portadores de DH (9.289): foram
operados, dos 9.289 portadores de DH, 2.417
pacientes (26,0%), sendo 0% do primeiro grau, 1,8% do
segundo grau (170 pacientes), 11,3% do terceiro grau
(1.046 pacientes), 12,2% do quarto grau (1.134 pacientes
operados) e 0,7% de plicomas anais ou hemorróidas
externas (67 pacientes operados) (tabela 4 e figura
4).
Figura 4 - Distribuição dos 2.417 pacientes operados de doença hemorroidária (DH), em números absolutos (NO), e percentuais relativos aos 2.417 (%:2.417) e a cada grau operado (%:grau), de acordo com seus vários graus (I, II, III, IV e plicomas). |
Incidência absoluta de doenças
anais concomitantes (DAC) à dh e abordadas em
conjunto: dos 9.289 portadores de DH (27,3%) 1.122
eram portadores de doenças anais concomitantes _ DAC
_ (12,1%); dos 9.289 portadores de DH 2.417 foram operados de DH (26,0%); destes, 729 foram
operados, ao mesmo tempo, de DAC (30,2%); sendo que
dos 1.122 portadores de DAC 729 foram operados das
referidas DAC (65,0%) (tabela 5 e figura 5).
Figura 5 - De 9.289 pacientes portadores de DH 1.122 eram portadores de doenças anais concomitantes _ DAC _ (12,1%); dos 9.289 portadores de DH, 2.417 foram operados de DH (26,0%); destes, 729 foram operados, ao mesmo tempo, de DAC (30,2%); sendo que dos 1.122 portadores de DAC 729 foram operados das referidas DAC (65,0%) |
Incidência específica de doenças
anais concomitantes (DAC) à dh e abordadas em
conjunto: foi a seguinte a distribuição dos 1.122 casos
de DAC diagnosticados com a DH: 48,2% (541 casos) eram fissuras anais, 27,8% (312 casos) hipertrofia
de papilas anais, 10,4% (117 casos) fístulas anais,
10,0% (112 casos) hipotonia anal com incontinência
parcial, 3,3% (37 casos) condilomas anais acuminados e
0,3% (3 casos) tumores anais malignos (tabela 6 e
figura 6). E foi a seguinte a distribuição das 729 DAC
operadas entre os 2.417 pacientes operados de DH
(30,1%): fissura anal 13,1% (317 pacientes), hipertrofia de
papilas anais 11,0% (267 pacientes), fístula anal 3,7% (89
pacientes), hipotonia anal com incontinência anal
parcial 1,3% (31 pacientes), condilomas anais acuminados
0,9% (22 pacientes) e tumores anais malignos 0,1% (3
pacientes) (tabela 6 e figura 6).
Figura 6 - Incidências de DAC diagnosticadas ao exame proctológico (1.122 casos) - fissura anal posterior (FAP), hipertrofia de papila anal (HPA), fístula perianal (FtPA), hipotonia esfincteriana (Hpo), condiloma anal acuminado (CAA) e tumor perianal (TPA) - , em relação aos pacientes portadores de DH (9.289 casos) em números absolutos e percentuais e em relação às próprias DAC. |
Doenças extra-anais abordadas em concomitância com a abordagem da
DH: fos 2.417 pacientes operados de DH, foram operados 45
pacientes (1,9%) de outras doenças que não no ânus -
plástica de períneo com 21 casos (0,9%), varicectomia
de membros inferiores com 12 casos (0,5%),
cirurgias abdomino-pélvicas em 8 casos (0,3%) e outras
cirurgias (2 casos de ressecção de nódulos mamários, 1
caso de plástica na face e 1 caso de colonoscopia) em
4 casos (0,2%) (tabela 7 e figura 7).
Figura 7 - Incidência de doenças extra-anais operadas concomitantemente à hemorroidectomia: cirurgias ginecológicas, varizes de membros inferiores, cirurgias abdominopélvicas, ressecção de nódulo mamário, plástica na face e colposcopia. |
Doenças sistêmicas e condições
especiais em pacientes operados de DH: dos 2.417
pacientes operados de DH, 26 (2,0%) apresentavam
doenças sistêmicas e situações fisiológicas especiais, dentre
elas a gravidez (8 casos, 0,3%), a hipertensão portal
com insuficiência hepática importante (8
casos, 0,3%), as doenças inflamatórias intestinais (6 casos,
0,2%), linfomas e leucemias (2 casos, 0,1%) e AIDS (2
casos, 0,1%) (tabela 8 e figura 8).
Figura 8 - Incidência de doenças sistêmicas e condições especiais _ gravidez, hipertensão portal, doença inflamatória intestinal (DII), linfoma e leucemia e HIV -, em números absolutos (N) e percentuais (%), encontradas em 2.417 pacientes operados de doença hemorroidária (DH). |
Anestesias para hemorroidectomia: foram utilizadas as seguintes anestesias usadas nos
2.417 pacientes submetidos à hemorroidectomia:
1.022 anestesias peridurais (42,3%), 844 anestesias
locais associadas à analgesias (34,9%), 318 anestesias
locais (13,2%), 217 anestesias raqueanas (9,0%) e
16 anestesias gerais com entubação endotraqueal
(0,6%) (tabela 9 e figura 9).
Figura 9 - Anestesias empregadas em 2.417 pacientes submetidos à hemorroidectomia: peridural, local associada à analgesia, local, raquiana e geral com entubação. |
Posicionamentos dos pacientes para
hemorroidectomia: foram as seguintes os posicionamentos dos pacientes em mesa
cirúrgica adotadas nas 2.417 hemorroidectomias: decúbito
lateral esquerdo (Sims) em 1.412 pacientes (58,4%),
"em canivete" em 968 pacientes (40,1%) e ginecológica
em 37 pacientes (1,5%) (tabela 10 e figura
10).
Figura 10 - Posicionamentos, em mesa cirúrgica, de 2.417 pacientes submetidos à hemorroidectomia: lateral (Sims), "canivete" e ginecológica. |
Técnicas cirúrgicas usadas
para hemorroidectomia: dos 2.417 pacientes operados
de DH, em 2.014 (83,3%) foi usada técnica aberta
(Milligan-Morgan), em 232 (9,6%) técnica fechada (Ferguson)
e em 171 (7,1%), técnica mista (tabela 11 e figura
11).
Figura 11 - Técnicas cirúrgicas básicas utilizadas em 2.417 pacientes submetidos à hemorroidectomia: aberta, fechada e mista. |
Complicações cirúrgicas
anais: houve uma incidência de 3,1% (76 casos) de complicações
cirúrgicas, dentre elas as estenoses anais com 44
casos (1,8%), seguidas de 11 casos de hemorragia anal
cirúrgica (0,5%), 8 casos de agravamento da
incontinência anal (0,3%), sendo importantes 3 casos de
complicações extra-anais graves _ 2 casos de crise
hipertensiva com hemorragia grave e 1 caso de choque
anafilático com parada cardíaca e manobras de ressuscitação
(tabela 12 e figura 12).
Figura 12 - Complicações decorrentes de 2.417 hemorroidectomias praticadas: estenoses anais cirúrgicas, hemorragias cirúrgicas, agravamento da incontinência fecal parcial, sepse anal grave e complicações clínicas graves. |
Relação entre as técnicas cirúrgicas
empregadas e as complicações anais
pós-operatórias: das 2.417 hemorroidectomias resultaram 76
complicações importantes (3,1%), assim distribuídas:
44 casos de estenose anal (1,8%), 21 casos de
hemorragia anal (0,9%), 5 casos de agravamento de
incontinência fecal (0,2%), 3 casos de sepse anal (0,1%) e
3 casos de complicações sistêmicas (0,1%), sendo 2
casos de crise hipertensiva com hemorragia vicariante
e 1 caso de choque anafilático com parada cardíaca
e ressuscitação. Das 2.014 cirurgias abertas
resultaram 61 complicações anais (3,0%), assim distribuídas:
38 casos de estenose anal (1,9%), 19 casos de
hemorragia anal (0,9%), 3 casos de agravamento de
incontinência fecal (0,1%), nenhuma sepse anal (0%) e 1
caso de crise hipertensiva (0,05%); das 232 cirurgias
fechadas resultaram 8 complicações (3,4%): 4 casos
de estenose anal (1,7%), 1 caso de hemorragia anal
(0,4%), 1 caso de agravamento da incontinência fecal
(0,4%), 2 casos de sepse anal (0,9%) e nenhuma
complicação sistêmica (0%); e das 171 cirurgias mistas
resultaram 7 complicações (4,1%), sendo 2 casos de estenose
anal (1,2%), 2 casos de hemorragia anal (0,6%), 1 caso
de agravamento de incontinência fecal (0,6%), 1 caso
de sepse anal (0,6%) e 2 casos de complicações
sistêmicas (1,2%), sendo um caso de crise hipertensiva com
hemorragia vicariante e 1 caso de choque anafilático
com parada cardíaca e ressuscitação
(tabela 13 e figura 13).
Figura 13 - Complicações pós-hemorroidectomia: gráfico comparando as incidências específicas de cada uma das complicações pós-operatórias em 2.417 pacientes operados de doença hemorroidária (DH), de acordo com as técnicas cirúrgicas praticadas. |
discussão
Incidência absoluta DA DH: há muita
controvérsia sobre a epidemiologia da DH, e trabalhos,
os mais diversos, têm sido publicados com referência
ao estudo da incidência de DH na população, e os
dados têm sido conflitantes, com autores estabelecendo
incidências médias que vão de próximos a 4,4%,
como Johanson et al 21 e Loder et al
24; a 86% da humanidade, conforme afirmado por
Hass et al 16; e passando por incidências em torno de 10%, como
admitem Ganchrow et al. 14 e Iwagaki et al.
19. Isto faz concluir existência de metodologias completamente diversas,
e que pode eivar de erros conclusões precipitadas,
pois vão desde a denominação para a DH sintomática
até achados de necrópsias. Em estudo comparativo
entre grupos sintomáticos e assintomáticos,
Hass et al. 16 relatam uma incidência bastante semelhante, com
identificação de hemorróidas em 88% no grupo
sintomático (DH), e 82% no grupo assintomático (submetido
a exame proctológico de rotina para rastreamento
de câncer colorretal ou por solicitação de outras clínicas).
No decurso de 38 anos de profissão com
prática totalmente centrada em Coloproctologia tivemos
a oportunidade de formar um fichário constituído
de 34.000 pacientes, tendo feito diagnóstico de DH
como doença de fundo e motivo da consulta, portanto
sintomáticas, em 9.289 pacientes (27,32%) e operado
2.417 deles (tabela 1).
Incidência por sexo: a maioria dos
autores admite predominância da DH no homem, às vezes
com uma freqüência quase em dobro em relação às
mulheres. Santos 44, 45, em sua experiência pessoal com
1.327 pacientes operados de DH, encontrou 768
homens (57,87%) e 559 mulheres (42,13%). Corroborando
estes achados, Ganchrow et al.14, em série histórica
de 2.038 pacientes operados de DH por técnica
fechada de Ferguson, encontraram 1.237 homens (62,7%) e
761 mulheres (37,3%).
Contrariamente à maioria dos autores, tanto
a DH hemorroidária foi mais comum entre
mulheres (5.007 mulheres, 53,9%; 4.282 homens, 46,1%)
(tabela 2) quanto as hemorroidectomias (1.330 ou
55,0% dos 2.417 operados), de forma estatisticamente
significativa.
Incidência de DH por idades: são
raríssimas as ocorrências descritas de DH na infância e
muito pouco freqüentes antes dos 20 anos, admitindo
alguns autores incidências mais elevadas entre 30 e 60
anos. Após os 60 anos, com a diminuição de alguns
fatores desencadeantes, a incidência decresce, cedendo
lugar ao aparecimento de doenças relacionadas à
diminuição do tônus muscular pelviperineal e do
assoalho pélvico, tendo Santos
44,45, em 1.327 portadores de DH encontrado 53,96% dos casos em pacientes entre 31
e 50 anos e 70,0% entre 31 e 60 anos.
Ganchrow et al.14, em série histórica de
2.038 pacientes operados de DH encontrou apenas 37
pacientes com idades inferiores a 20 anos (1,8%), e
666 pacientes com idades entre 21 e 39 anos (32,7%)
e 1.035 entre 40 e 59 anos (50,8%).
A média etária dos pacientes por ocasião
do diagnóstico foi de 39,9 anos, com 51,4% dos
pacientes com idades entre 21 e 40 anos e 74,8% entre 21 e
50 anos; e a média etária dos pacientes por ocasião
da cirurgia foi de 41,6 anos, com 51,4% com idades
entre 21 e 40 anos e 71,8% entre 21 e 50 anos
(tabela 3 e figura 3). Conclui-se, portanto, que em nossa série,
as idades dos pacientes, tanto por ocasião do
diagnóstico quanto por ocasião da cirurgia foram muito
inferiores às séries relatadas 14, 44,
45.
Diagnóstico primário e abordagem
cirúrgica pela gradação da
DH: A DH é classificada em graus de evolução: hemorróidas
grau I (os coxins ou mamilos hemorroidários se apresentam congestos
e intumescidos e podem sangrar sem haver exteriorização), hemorróidas grau II (os coxins ou
mamilos internos se prolabam, projetando-se
externamente ao ânus durante o esforço da defecação,
entretanto recolhem-se espontaneamente após a cessação do
esforço defecatório, podendo apresentar
sangramento associado), hemorróidas grau III (os mamilos
apresentam um volume maior e se prolabam mais
facilmente com o esforço, de forma que o seu retorno à
parte interna é sempre muito lento com auxílio de
manobras manuais), hemorróidas grau IV (o volume dos
mamilos e a flacidez dos tecidos são tão acentuados que
o prolapso se torna incoercível, com a intitulada
"perda de domicílio dos mamilos hemorroidários internos",
que se apresentam permanentemente exteriorizados,
apresentando macerações e erosões importantes do
revestimento mucoso).
Na série de Ganchrow et al.14,
dos 2.038 pacientes operados de DH, 94,8% apresentavam DH
de terceiro e quarto graus.
Em relação aos portadores dos vários
graus de DH de nossa série (tabela 4 e figura
4) nenhum paciente com DH de primeiro grau foi operado e
apenas 6,5% em segundo grau foi operado. 30,5% dos pacientes operados apresentavam DH de terceiro
grau e 60,2% de quarto grau, totalizando 90,7%,
portanto muito semelhante aos achados de Ganchrow et
al.14, (94,8%).
Doenças anais concomitantes à DH e
abordagens cirúrgicas das mesmas: é comum a
associação de DH com outras doenças anais,
merecendo destaques as fissuras, além de outras menos
incidentes, como as papilites, as criptites, as fístulas,
os prolapsos, os condilomas e os pólipos.
Diagnósticos concomitantes ao diagnóstico da DH, por ocasião
do exame proctológico, como doenças paralelas ou
secundárias, foram feitos em 1.122 pacientes (12,1%)
(tabela 6 e figura 6), destacando-se 541 (5,8%)
casos de fissuras anais, seguindo-se 312 (3,4%) casos
de hipertrofia de papilas anais, 117 (1,3%) casos de
fístula anal, 112 (1,2%) casos de hipotonia anal com
incontinência parcial, 37 (0,4%) casos de condilomas
anais acuminados e 3 (0,03%) de tumores perianais.
Na série de Ganchrow et al.14,
dos 2.038 pacientes operados de DH foi a seguinte a incidência de DAC
à DH: 26,9% (548 casos), dentre os quais fissuras
anais (344 casos, 16,9%), hipertrofia de papilas anais (69
casos, 4,0%), fístulas anais (63 casos, 3,2%),
prurido anal (26 casos, 1,3%), estenoses anais (22 casos, 1,1%),
abscessos anais (13 casos, 0,6%), condilomas anais
(6 casos, 0,3%) e doença pilonidal (5 casos, 0,2%).
Entre os 2.417 pacientes operados de DH 729 (30,1%) foram operados de outras doenças anais,
destacando-se 13,1% (317 pacientes) de fissura anal,
11,0% (267 pacientes) de hipertrofia de papilas anais,
3,7% (89 pacientes) de fístula anal, 1,3% (31 pacientes)
de hipotonia anal com incontinência anal parcial, 0,9%
(22 pacientes) de condilomas anais acuminados e 0,1%
(3 pacientes) de tumores anais malignos (tabelas 5 e 6
e figuras 5 e 6).
Na série de Ganchrow et al.14,
dos 2.038 pacientes operados de DH 955 foram também
operados de DAC à DH (46,8%), assim distribuídas: fissura anal
(433 casos, 21,3%), fistulectomia (120 casos,
5,9%), papilectomia (50 casos, 2,4%), drenagem de
abscesso (21 casos, 1,0%), ressecção de doença pilonidal
(20 casos, 0,9%) e anoplastia (22 casos, 1,0%). Foram
feitas, ainda 244 anoplastias (12,0%), não visando
DAC, fato que diminui a incidência global de abordagens
cirúrgicas de DAC de 46,8% para 34,9%.
Comparando nossos achados com os de Ganchrow et al.
14, no tocante às cirurgias de DAC
à DH, subtraindo-se as 244 anoplastias, verificamos
o seguinte: 2.417 pacientes operados contra 2.038;
operados de DAC 30,1% contra 34,9%; operados de
fissura anal 11,0% contra 21,3%); operados de hipertrofia
de papilas anais 3,7% contra 2,4%; operados de
fístula anal 1,3% contra 5,9%; não houve, na série
de Ganchrow et al 14 casos de cirurgias em portadores
de hipotonia anal com incontinência anal parcial,
de condilomas anais acuminados e de tumores anais
malignos; em contrapartida não houve em nossa série
pacientes operados de doença pilonidal, estenoses
anais e abscessos perianais. Verificamos, portanto,
apesar de semelhanças globais (30,1% contra 34,9%),
grande discrepância de incidência de cirurgias específicas
em DAC e DH entre nossas séries.
Doenças extra anais abordadas em concomitância à DH: De modo geral não são aconselháveis cirurgias concomitantes à cirurgia visando DH, sobretudo doenças cuas vias de acessos são próximas (cirurgias perineais), doenças que exigem cuidados posoperatórios diferentes (varizes de membros inferiores). Todavia, mesmo assim, foram realizadas algumas cirurgias concomitantes às 2.417 hemorroidectomias: 45 pacientes (1,9%), sobressaindo: plástica de períneo com 21 casos (0,9%), varicectomia de membros inferiores com 12 casos (0,5%), cirurgias abdomino-pélvicas em 8 casos (0,3%) e outras cirurgias (2 casos de ressecção de nódulos mamários, 1 caso de plástica na face e 1 caso de colonoscopia) em 4 casos (0,2%)(tabela 7 e figura 7). Não tivemos como aferir tais resultados com a literatura.
Doenças sistêmicas e condições especiais em pacientes operados de DH: cirurgias para DH em concomitância a outras doenças e outras condições especiais somente devem ser realizadas como medidas de exceção, devido aos sintomas hemorroidários não cessarem com abordagens clínicas mais vigorosas, sobretudo hemorragia, estrangulamento anal, grandes tromboses hemorroidárias, dor insuportável. Em nossa série de 2.417 pacientes operados de DH, 26 (2,0%) apresentavam situações patológicas e fisiológicas especiais, dentre elas a gravidez (8 casos, 0,3%), a hipertensão portal com insuficiência hepática importante (8 casos, 0,3%), as doenças inflamatórias intestinais (6 casos, 0,2%), linfomas e leucemias (2 casos, 0,1%) e AIDS (2 casos, 0,1%) (tabela 8 e figura 8). Não tivemos como aferir tais resultados com a literatura.
Anestesias para hemorroidectomia: como vimos, de nossos 2.417 pacientes operados, 1.022 foram submetidos à anestesia peridural (42,3%), 844 a anestesia local associada à analgesia (34,9%), 318 a anestesia local (13,2%), 217 a anestesia raquiana (9,0%) e 16 a anestesia geral com entubação endotraqueal (0,6%). Esta distribuição contemplando pouco a anestesia peridural (anestesia mais usada em nosso serviço) prende-se ao fato de nossa série ter iniciado antes do advento desta anestesia como rotina em nosso meio. Não tivemos como aferir tais resultados com a literatura. Na série de Ganchrow et al.14, todos os 2.038 pacientes foram operados com bloqueio.
Posicionamentos dos pacientes para hemorroidectomia: o decúbito lateral esquerdo (Sims) foi empregada em 1.412 pacientes (58,4%), sobretudo no início da série, época em que a anestesia de escolha era a associação de local com analgesia, com finalidade de atender a maior facilidade de ventilar o paciente. Com o advento do uso da anestesia peridural como primeira opção, passamos a usar a posição "em canivete" (968 pacientes, 40,1%); a posição ginecológica (37 pacientes, 1,5%) foi usada raramente (pois oferece pouco campo e menor visualização cirúrgica), sobretudo para atender a dois quesitos: pacientes obesos ou com dificuldade de ventilação e pacientes submetidos à cirurgia ginecológica em concomitância à hemorroidectomia.
Técnicas cirúrgicas usadas
para hemorroidectomia: em 2.014 (83,3%) foi usada
técnica aberta (Milligan-Morgan), em 232 (9,6%) a
técnica fechada (Ferguson) e técnica mista em 171
(7,1%). Não tivemos como aferir tais resultados com a
literatura.
Todos os 2.038 pacientes da série de
Ganchrow et al.14, foram operados por técnica fechada (Ferguson).
Complicações cirúrgicas
anais: houve uma incidência de 3,1% (76 casos) de complicações
cirúrgicas em nossa série de 2.417 pacientes operados
de DH, dentre elas as estenoses anais com 44 casos
(1,8%), seguidas de 11 casos de hemorragia anal
cirúrgica (0,5%), 8 casos de agravamento da incontinência
anal (0,3%), sendo importantes 3 casos de
complicações extra-anais graves _ 2 casos de crise hipertensiva
com hemorragia grave e 1 caso de choque anafilático
com parada cardíaca e manobras de ressuscitação
(tabela 12 e figura 12).
Ganchrow et al.14, em sua série de 2.038
pacientes operados agrupam as
complicações posoperatórias em imediatas (82 casos, 4,0%) e
tardias (99 casos, 4,8%), contabilizando
complicações sistêmicas, desde pneumonias até cistites.
Atendo-se apenas às complicações anais foram as seguintes
as incidências: fissura anal (54 casos, 2,7%), estenose
anal (24 casos, 1,2%), hemorragia cirúrgica 27 casos
(1,3%), abscesso anal (17 casos, 0,8%), fístula anal (5
casos, 0,2%), totalizando 127 complicações anais (6,2%).
Comparando-se nossa série (2.417
pacientes operados, a maioria por técnica aberta)
(tabela 12 e figura 12) e os 2.038 da série de Ganchrow et
al.14, (todos por técnica fechada), verificamos que nosso
índice de complicações foi exatamente a metade
(76 casos, 3,1%) dos da série do referidos autores
(127 casos, 6,2%).
Relação entre as técnicas cirúrgicas empregadas e as complicações anais pós-operatórias: das 2.014 cirurgias abertas resultaram 55 complicações anais (2,7%), sendo 38 estenoses anais (1,9%), 9 hemorragias (0,4%) e 8 outras complicações (0,4%); das 232 cirurgias fechadas resultaram 7 complicações (3,0%), sendo 4 estenoses (1,7%), 1 hemorragia (0,4%) e 2 outras complicações (0,9%); das 171 cirurgias mistas resultaram 4 complicações (2,4%), sendo 2 estenoses (1,2%), 1 hemorragia (0,6%) e 1 outra complicação anal (0,6%) (tabela 13 e figura 13). Assim não houve diferença estatística entre as várias técnicas cirúrgicas no tocante aos índices de complicações.
conclusões
1. A DH mais operada foi a de quarto (60,2%) e terceiro (30,5%) graus.
2. Predominou a incidência de DH e de hemorroidectomia entre mulheres (53,9%).
3. A média etária de diagnóstico foi 39,9
anos e de cirurgia 41,6 anos.
4. 74,8% dos portadores e 71,8% dos operados de DH tinham entre 21 e 50 anos de idade.
5. 12,1% dos portadores de DH apresentavam doenças anais concomitantes.
6. 65,0% dos 729 portadores de doenças
anais concomitantes foram operados, sobretudo de
fissuras anais e hipertrofia de papilas anais.
7. 1,9% dos pacientes operados de DH foram operados concomitantemente de doenças
extra-anais, sobretudo plástica de períneo e varizes de MMII.
8. 1,0% dos pacientes operados de DH apresentou doenças sistêmicas e condições especiais,
sobretudo gravidez (0,3%).
9. A anestesia mais usada foi peridural (42,3%) e local com analgesia (34,9%).
10. As posições cirúrgicas mais usadas
foram Sims (58,4%) e "em canivete" (40,1%).
11. A técnica cirúrgica mais usada foi a
técnica aberta (83,3%).
12. 3,1% (76 casos) dos pacientes operados de DH desenvolveram complicações, sobretudo
estenoses anais (1,8%), independente da técnica usada.
ABSTRACT: The author had the opportunity in a 38-year period of practice in Coloproctology, to attend 34,000 patients. Diagnose of hemorrhoid as the main cause of the symptoms presented was achieved in 9,289 patients (27.3%). 2,417 of the 9,289 patients (26.0%) underwent hemorroidectomy. The aim of this report is to analyse 2,417 operated patients as far as epidemiologic aspects are concerned (age and gender), surgical procedures (table operative position, anesthesy, surgical techniques, associated anorectal diseases as well as surgical complications). Results are correlated to the literature. Most of the patients submitted to hemorrhoidectomy presented third (30.5%) and fourth grade (60.2%) hemorrhoid. As far as gender is concerned the incidence of hemorrhoid was statistically significant higher among women (5,007 cases, 53.9%) than in men (4,282 cases, 46.1%). And although not statistically significant surgery for hemorrhoid in women (1,330 : 5,007) was more common (26.6%) than in men (1,087 : 4,282) (25.4%). But in relation to the patients who underwent hemorrhoidectomy (2,417) surgery was statistically significant more common among women (1,330 : 2,417 or 55.0%) than in men (1,087 : 2,417 or 45.0%). Mean age of the patients by occasion of diagnose of hemorrhoids was 39.9 year-old, being 74.8% between 21 and 50 year of age; and mean age by occasion of surgery was 41.6 year-old, being 71.8% between 21 and 50 year of age. In 1,122 patients haemohrroids were associated with several anorectal diseases (12.1%), mainly anal fissures (5.8%) and hyperthrofied anal papila (3.4%). The incidence of surgery for associated anorectal disease was 13.1% (729 patients), being fissurectomy (13.1%) and papilectomy (11.0%) the two most frequently surgery carried out during hemorrhoidal approach. 45 patients (1.9%) were operated for other extra-anal diseases, mainly gynecologic surgery; and 26 patients (2.0%) presented systemic diseases and physiologic conditions as pregnancy (8 cases, 0,3%). The most frequently used anesthesia was peridural (42.3%) and local associated to analgesia (34.9%). Sim's (58.4%) and knife-position (40.1%) were the on table most used operative positions, being open haemorrhoidectomy (2,014 cases, 83.3%) the most frequently used surgical technique. There were 76 cases of surgical complications (3.1%) being anal stricture (40 cases, 1.8%) and postoperative bleeding (21 cases, 0,9%) the two most common complications.
Key words: Hemorrhoidectomy, and surgery, hemorrhoidal disease surgical treatment.
Referências
1. Barone B, Matos D, Deak, Saad SS. Hemorroidectomia com
o uso de diatermia e sem ligadura do pedículo. Rev. Goiana
Méd 1992; 38(1-4):11-4.
2. Rebel K, Rebel VF. Tratamento Não Cirúrgico da
Doença Hemorroidária. In: Cruz GMG. Coloproctologia
III: coloproctologia terapêutica. Rio de Janeiro: Revinter;
2000. p. 2141 _ 7.
3. Bat L, Melzer E, Koler M, Dreznick Z, Shemesh
E. Complications of Rubber Band Ligation of
Symptomatic Internal Hemorrhoids. Dis Colon Rectum, 1993; 36:
287-90.
4. Rebel K, Rebel VF. Tratamento Não Cirúrgico da
Doença Hemorroidária. In: Cruz GMG. Coloproctologia
iii: coloproctologia terapêutica. Rio de Janeiro: Editora
Revinter; 2000. p. 2141 _7.
5. Borba MR, Sobrado Jr CW, Sokol S. Hemorroidectomia
pela técnica fechada (Técnica de Sokol): análise de 322
doentes. Rev Bras Colo-Proct 1997; 17(2): 98-100.
6. Copé R. Etiopathogenie de la maladie hémorroïdaire
Acta Gastroent. 1994; lvii: 206-12.
7. Corman ML. Colon and Rectal Surgery. 4ª ed.
Philadelphia: Lippincott-Raven 1998
8. Costa e Silva IT, Chamhic JE, Novo NF, Juliano Y,
Goldenberg S. Freqüência da dor após a ligadura elástica de
hemorróidas: estudo prospectivo e randomizado. Rev. Bras.
Colo-Proctol., 1990; 10: 134-8.
9. Cruz GMG. Coloproctologia i: coloproctologia
propedêutica geral. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 1998.
10. Cruz GMG. Coloproctologia ii: coloproctologia
propedêutica nosológica. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 1999.
11. Cruz GMG. Coloproctologia iii: coloproctologia
terapêutica. Rio de Janeiro: Revinter; 2000.
12. Detrano SJ. The Role of cryosurgery in management
of anorectal disease: 350 cases. Dis Colon Rectum. 1975;
18: 284-8.
13. Ferguson JA, Heaton JR. Closed hemorrhoidectomy. Dis
Colon Rectum 1959; 2: 176-9.
14. Ganchrow MI, Mazier WP, Friend WG.
Hemorrhoidectomy revisited _ a computer analysis of 2.038 cases. Dis
Colon Rectum 1971; 14: 128-33.
15. Goligher J. Surgery of the Anus, Rectum and colon. 5ª
ed. London: Bailieri Tindall; 1984.
16. Haas P. A. The pathogenesis of Hemorrhoids. Diseases of
the Colon and Rectum. 1984; 27 (7): 442-50.
17. Haas P. A. The prevalence of Hemorrhoids. Diseases of
the Colon and Rectum. 1983; 26 (7): 435-9.
18. Hodgson WJB, Morgan J. Ambulatory
hemorrhoidectomy with CO2 laser. Dis Colon Rectum 1995; 38: 1265-9.
19. Iwagaki H, Higuchi Y, Fuchimoto S, Orita K. The
laser treatment of hemorrhoids: results of a study on 1816
patients. Jpn J Surg 1989; 19: 658-61.
20. Jensen DM, Jutabha R, Machicado GA, Jensen ME, Cheng
S, Gornbein J, et al. Prospective randomized comparative
study of bipolar eletrocoagulation versus heater probe for
treatment of chronically bleeding internal hemorrhoids.
Gastrointest Endosc. 1997; 46: 435-43.
21. Johanson JF, Rimm A. Optimal nonsurgical treatment
of hemorrhoids: a comparative analysis of Infrared
coagulation, Rubber Band ligation and Injection sclerotherapy. Am
J Gastroenterol. 1992; 87: 1600-6.
22. Lacerda FA, Melo JRC. Hemorroidectomia em
regime ambulatorial sob anestesia local: estudo prospectivo de
50 casos. Rev Bras Colo Proct 1995; 15(4): 206-10.
23. Leff EI. Hemorrhoidectomy laser vs nonlaser:
outpatient surgical experience. Dis Colon Rectum. 1992; 35: 743-6.
24. Loder P. B. Haemorrhoids: pathology, pathophisiology
and aetiology. Br. J. Surgery 1994 ; 81 (7): 946-54.
25. MacRae HM, McLeod JH. Comparison of
hemorrhoidal treatment modalities. A Meta-Analysis. Dis Colon
Rectum. 1995; 38: 687-94.
26. Mazier WP, Levien DH, Luchtefeld MA, Senagore AJ.
Surgery of the Colon, Rectum and Anus, W.B. Saunders
Company Ltda , 1995.
27. McConnell JC, Khubchandani IT. Long term follow-up
of closed hemorrhoidectomy. Dis Colon Rectum. 1983; 226:797.
28. McLeod JH. In defense of cryotherapy for hemorrhoids:
a modified method. Dis Colon Rectum 1982; 25: 332-5.
29. Milligan ET, Morgan CN, Jones LE. Surgical anatomy of
the anal canal and the operative treatment of haemorrhoids.
Lancet 1937; 2: 1119-24.
30. Rebel K, Rebel VF. Tratamento Não Cirúrgico da
Doença Hemorroidária. In: Cruz GMG. Coloproctologia
iii: coloproctologia terapêutica. Rio de Janeiro: Editora
Revinter; 2000. p. 2141 _ 7.
31. Nahas SC, Sobrado CW, Marques CFS. Habr-Gama A.
Projeto doenças orificiais. Experiência do HCFMUSP em
Hospital- dia e doenças anorretais. Rev. Hosp. Clin Fac Med S
Paulo 1999; 54(3): 75-80.
32. Nahas SC, Sobrado CW, Araújo SEA, Imperiale AR,
Habr-Gama A, Pinotti HW. Resultados do tratamento cirúrgico
da doença hemorroidária em 475 doentes. Rev Hosp Clin
Fac Med S Paulo. 1997; 52(4): 175-9.
33. Rebel K, Rebel VF. Tratamento Não Cirúrgico da
Doença Hemorroidária. In: Cruz GMG. Coloproctologia iii:
coloproctologia terapêutica. Rio de Janeiro: Revinter; 2000. p.2141 _ 7.
34. Obando RN. Hemorrhoids. An Alap 1966; 1: 110.
35. Oueidat DM, Jurjus AR. Management of hemorrhoids
by Rubber Band Ligation. J Med Liban. 1994; 42: 11-4.
36. Parks AG. The surgical treatment of haemorrhoids. Br J
Surg 1956; 43: 337-51.
37. Perez-Miranda M, Gomez-Cedenilla A, Leon-Colombo
T, Pajares J, Mate-Jimenez J. Effect of fiber supplements
on internal bleeding hemorrhoids. Hepatogastroenterology
1996; 43: 1504-7.
38. Ramos JR, Pinho M, Valory E, Nascimento ML, Souza
PCT. Cirurgia ambulatorial em colo-proctologia. Rev Bras
colo-Proct 1988; 8(1): 11-3.
39. Randall GM, Jensen DM, Machicado GA, Hirabayashi
K, Jensen ME, Yon S, et al. Prospective randomized
comparative study of bipolar versus direct current electrocoagulation
for treatment of bleeding internal hemorrhoids.
Gastrointest Endosc 1994; 40: 403-10.
40. Rebel K, Rebel VF. Tratamento Não Cirúrgico da
Doença Hemorroidária. In: Cruz GMG. Coloproctologia
iii: coloproctologia terapêutica. Rio de Janeiro: Revinter;
2000. p. 2141 _ 7.
41. Reis Netto JA, Quilici FA, Cordeiro F, Reis Junior JA.
Tratamento ambulatorial de hemorróidas: estudo
prospectivo randomizado. Rev. Bras. Colo-Proctol, 1989; 9: 131-7.
42. Reis Netto JA, Quilici FA, Cordeiro F, Reis Jr JA.
Open versus semi-open hemorrhoidectomy: a random trial. Int
Surg 1992; 77(2): 84-90.
43. Ruiz Moreno S. Hemorroidectomia in: 21° Congresso
Brasileiro de Coloproctologia. 1971. p.33.
44. Santos HA. Doença Hemorroidária. In: Cruz
GMG. Coloproctologia ii: coloproctologia propedêutica
nosológica. Rio de Janeiro: Editora Revinter; 1999. 1139 _56.
45. Santos RP. Etiopatogenia das hemorróidas. Rev Bras
Colo-Proct 1993; 13(2):55-66.
46. Senagore A, Mazier WP, Lutchefeld MA, MacKeigan
JM, Wengert T. Treatment of advanced hemorrhoidal disease:
a prospective, randomized comparison of cold scalpel
vs contact Nd: YAG laser. Dis Colon Rectum 1993;
36(11): 1042-9.
47. Smith LE. Hemorrhoidectomy with lasers and
other contemporary modalities. Surg Clin North Am 1992;
72(3): 665-79.
48. Sobrado CW, Bringel RWA, Nahas SN, Habr-Gama A..
Cirurgia proctológica ambulatorial sob anestesia local: análise
de 351 cirurgias. Rev Hosp Clin Fac Med S. Paulo 1998; 53
(6): 277 - 82.
49. Sobrado Jr. CW, Bringel RWA, Nahas SN. Tratamento
Cirúrgico da Doença Hemorroidária. In: Cruz
GMG. Coloproctologia iii: coloproctologia terapêutica. Rio de
Janeiro: Editora Revinter; 2000. p. 2148 _60.
50. Torres P. Ligadura elástica das hemorróidas (atualização
clínica). Rev. Bras. Colo Proctol; 1983: 3: 66-8.
51. Wang JY, Chang-Chien CR, Chen JS. The role of laser
in hemorrhoidectomy. Dis Colon Rectum 1991; 34: 78.
52. Whitehead W. The surgical treatment of haemorrhoids.
Br Med J 1882; 1: 148-50.
53. Wrobleski DE. Rubberband ligation of hemorrhoids. R I
Med; 1995; 78(6): 172-3.
Endereço para correspondência:
GERALDO MAGELA GOMES DA CRUZ
Rua Rio de Janeiro, 2017 / 1401
30160-042 - Belo Horizonte - Minas Gerais
Tel.: (31) 3222-8289
Recebido em 26/06/2006
Aceito para publicação em 28/07/2006
Trabalho executado no Grupo de Coloproctologia da Santa Casa de Belo Horizonte & Disciplina de Coloproctologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Minas Gerais - Brasil.