CARTA AO EDITOR
RAUL CUTAIT
CÓLICO OU COLÔNICO?
A língua portuguesa é extremamente rica e dinâmica. Tendo como base o latim, incorporou um
grande continente de palavras gregas e, mais recentemente, palavras de origem anglo-saxônica, em especial na
medicina, graças à marcante influência americana nessa área do conhecimento, que fez com que o inglês se tornasse o idioma científico oficial. Assim, o que se tem observado nas últimas décadas é a relativa facilidade com que os neologismos em inglês são incorporados no linguajar do dia-a-dia. Alguns deles não têm palavras correspondentes em português, enquanto que outros ofendem as raízes do vernáculo.
Na coloproctologia, o termo cólon e seus derivados merecem alguns comentários. Segundo o
Aurélio1, principal dicionário brasileiro, a palavra substantiva cólon é derivada do grego Kólon e pode ser usada como colo para definir o segmento anatômico que faz parte do intestino grosso. Contudo, seu adjetivo é cólico e não colônico, uma vez que esta palavra relaciona-se a colonial. Da mesma forma, Houaiss2 define colônico como relativo a colono ou colônia: colonial. Portanto, em benefício do vernáculo, é necessário empregar o termo cólico e rejeitar colônico, não por ser este um puro anglicismo, mas sim porque tem significado bem distinto
do pretendido.
Referências
1. Ferreira ABH. Novo Dicionário Aurélio da Lingua Portuguesa. 3ª.ed. São Paulo, Positivo, 2004. pp498-499.
2. Houaiss A. Dicionário Houaiss da Lingua Portuguesa. 1ª. ed. São Paulo, Objetiva, 2004.pp.760 e 763.