VÍDEO-LAPAROSCOPIA COLO-RETAL
ENFOQUES ATUAIS & CONTROVÉRSIAS
CÂNCER ANO-RETO-CÓLICO: ASPECTOS ATUAIS IV - CÂNCER DE CÓLON - FATORES CLÍNICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E PREVENTIVOS
Anal Canal and Colorectal Cancer: Current Features: IV - Colon Cancer - Clinical, Epidemiological, and Preventive Aspects
Júlio CÉsar M Santos Jr. 1
1 Membro Titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
RESUMO: O câncer colorretal tem alta incidência populacional e alto índice de mortalidade, com diferenças pouco relevantes entre os povos de diversas nações, como atestam os estudos epidemiológicos dessa doença. Embora a abordagem médico-cirúrgica do câncer colorretal tenha sido favorecida pelos novos conhecimentos adquiridos com a engenharia genética, pelos progressos que aprimoraram o tratamento, principalmente na área de neo-adjuvância, com as inovações nos aparelhos de radioterapia e com a constante introdução de novas e potentes substâncias quimioterápicas, o prognóstico da doença continua sombrio. Todavia, dados colhidos em estudos sobre a biologia do tumor _ sua origem, crescimento e desenvolvimento e comportamento biológico _ têm acenado para a possibilidade de cura quando os métodos preventivos, em prática, facilitam a abordagem precoce da lesão. Nesse contexto, o câncer colorretal é passível de cura, podendo, inclusive dispensar, para tanto, o tratamento adjuvante ou aliviar o paciente da abordagem cirúrgica mutilante. Assim, o maior esforço posto em ação no início desse século está sendo representado pelos movimentos de educação popular em massa para a prevenção do câncer de reto e dos cólons com incentivo para o teste de sangue oculto nas fezes.
Descritores: câncer, câncer colorretal, câncer de cólon, epidemiologia, medidas preventivas, sangue oculto, fezes.
INTRODUÇÃO - ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
A ocorrência estimada de câncer de cólon,
para 2008, nos Estados Unidos foi de 108.070 casos
novos que somados aos previstos 40.740 cânceres de
reto para o mesmo ano, num total de 148.810 casos,
classifica o adenocarcinoma colorretal em terceiro
lugar dentre os mais comuns, afetando tanto os homens
como as mulheres1, 2, tal como na
Europa3.
No Brasil, embora publicada pelo Inca, a estatística não é de fácil acesso; tem discrepâncias
notáveis que parecem expressar distorções regionais o
que tornam pouco aceitáveis os números relatados
4, 5.
Apesar do que se observa nos Estados Unidos, a taxa de incidência tem diminuído nas
últimas décadas _ avaliada em 66,3/100.000 pessoas, em
1985, caiu para 48,2, em 2004. Esse declínio foi mais
acentuado nos últimos anos, provavelmente por causa
das campanhas e das buscas ativas, que permitiram as
descobertas e retiradas precoces de pólipos antes da
transformação maligna1.
Dados semelhantes têm sido observados em relação à mortalidade cuja taxa de declínio foi de 1,8
% por ano, no período compreendido entre 1985-2002,
para 4,7% entre 2002 e 2004, refletindo o melhor
tratamento, principalmente em termos de abordagem
antecipada, reflexo da mais eficiente prevenção
1, 6, não só fazendo a detecção precoce, nos casos em que o
câncer está na fase mais inicial de desenvolvimento, como
a detecção prévia em que a lesão atingida é, ainda,
um adenoma. Além disso, a enfática descrição e
divulgação dos fatores de risco, mormente os que são
passíveis de ser modificados7, a elucidação popular por
meio de campanhas que divulgam conhecimentos, antes
exclusivamente dos médicos8, têm formado o
conjunto de elementos de proteção e, certamente,
contribuído para a diminuição da incidência do câncer colorretal
9.
Esses e outros aspectos da etiologia do
câncer, bem como sobre os elementos facilitadores ou
os que agem na dificultação do tratamento já foram
discutidos antes5.
DIAGNÓSTICO - AVALIAÇÃO E AJUSTES PRÉ-TERAPÊUTICOS
O mais desfavorável aspecto de
implicância com o do câncer de cólon está ligado ao diagnóstico
e decorre do silencioso desenvolvimento da lesão e
do longo período em que ela permanece
assintomática7. Outro fator que pode despertar interesse,
principalmente porque interfere com elementos da prevenção e do
diagnóstico precoce, bem como com o
desenvolvimento silencioso do câncer de cólon é a referida tendência
da mudança anatômica de distribuição do câncer ao
longo intestino grosso. Se o câncer incidir mais no cólon
direito, é de se esperar que mais tardia seja a
emergência dos primeiro sintomas.
Há mais ou menos 40 anos, o câncer,
excetuando o reto, predominava no cólon esquerdo e era
mais freqüente no sigmóide, embora as observações a
respeito, na época, chamassem a atenção para a ligeira
inclinação da curva para a direita. No entanto, quando
se comparava a incidência (22%) de câncer no cólon
direito (ceco e ascendente) com a incidência no
cólon sigmóide (45%) permanecia a idéia da antiga e
conhecida distribuição, desse modo, realçando o significante
predomínio de um sítio em relação ao outro. Se
incluíssemos o cólon descendente e a flexura esplênica o
valor percentual da distribuição ascendia para 62% -
considerando todo o intestino grosso, 79% das lesões
estavam no sigmóide e reto e 58% no reto. Considerando o reto
e o cólon sigmóide onde ficam quase 80% das lesões
era possível observar que, numa casuística de 1294
cânceres de reto e de sigmóide, 944 estavam no reto (73%)
e o restante (27%) no sigmóide
10. Entre os localizados no reto, 80% deles podiam ser tocados. A lesão situada
no ceco representava pouco mais que 4%.10
A respeito da distribuição do câncer ao
longo dos cólons, os comentários atuais nem sempre são
concordantes. Gomez e col. 11, num estudo feito
em Dewsbury, UK, em 2004, insistiram com a
distribuição anatômica do câncer de cólon claramente
persistente, sem nenhuma tendência para maior número de
tumores no sentido dos segmentos
proximais11. As distribuições anatômicas evidenciadas seguem o que se
observa na disposição dos adenomas ao longo do
intestino grosso12.
As seguintes informações foram obtidas
de estudo da disposição cólica de 2553 pólipos: 1310
(51%) estavam no cólon esquerdo; 510 (20%), no cólon
direito, mas 733 (29%) foram síncronos. Entre esses
2533 pólipos, 1659 (65%) eram adenomas dos quais
44% estavam no cólon esquerdo e 24% no cólon
direito. Foram diagnosticados 189 carcinomas (7%), em
todos os casos e, nessa circunstância, 71 dos
carcinomas (37,5%) estavam nos segmentos esquerdos e
118 (62,5%) nos segmentos direitos, dado que serviram
para apontar o aumento da prevalência de carcinoma
em adenomas do lado direito, relacionados com a
idade, embora o valor em destaque não tenha sido
significativo (p=0,0029).12
Diante dessas figuras, a despeito de controversas, os autores chamam a atenção para o fato
de que as investigações ou rastreamentos de cânceres
não podem ser satisfeitos com exames limitados ao
cólon esquerdo por causa da perda de 23% de lesões
que estariam localizadas proximais ao ângulo esplênico
do cólon12, e por causa do notável aumento do câncer
nos segmentos proximais 13, 14.
Takada e col.15, em 2002, observaram
tendência semelhante de aumento do câncer do cólon
direito em pacientes japoneses do sexo feminino com
idade superior à 70 anos em detrimento da diminuição
do câncer de reto, mas isso não se repetiu para
população com idade inferior a 69 anos. McFarlane e col.
16, em estudo feito na Jamaica, detectaram, em 148
pacientes, a seguinte distribuição do câncer de intestino
grosso: no cólon direito, 42 pacientes (28,5%); no
cólon sigmóide, 30 pacientes (20,3%); no reto 34 (23,2%)
e no cólon esquerdo, exceto o sigmóide, 16 casos
(8,6%), o que significa uma taxa relativamente baixa para
tumores do reto e sigmóide (43,5%), mostrando a
tendência de lateralidade direita para o aparecimento
do câncer _ diferente de estudos feitos anteriormente
na Jamaica - e reforçam a idéia de que os programas
de rastreamento do câncer colorretal deve expor todo
o intestino grosso.
Na Holanda, entre 1981 e 1996, o câncer
do cólon proximal aumentou de 25 para
37%17.
Quando se comparou brancos e negros americanos, observou-se, entre os negros, que a
prevalência de câncer para os segmentos cólicos proximais
foi maior que na população branca o que orientou um
planejamento diferente quando se propunha programas
de rastreamento para aquela e para outras
populações18-20. Além dessas conclusões, em relação ao câncer
do cólon direito, envolvendo maior incidência
relacionada aos aspectos étnicos, sexuais e de faixas etárias,
há outros fatores relevantes que devem ser colocados
em evidência no curso do diagnóstico dessa neoplasia.
São as opiniões que enfatizam as diferenças clínicas e
biológicas entre a lesão que cresce nos segmentos
esquerdos, e as que se situam no cólon direito,
sugerindo mecanismos carcinogenéticos
diferentes21,22. Relevantes por, eventualmente, poderem ser alvos para
cuidados e abordagens terapêuticas
diferentes21, 23.
Outro dado de destaque é que os pacientes
com câncer nos segmentos proximais dos cólons, são
alvos mais freqüentes para o aparecimento de
lesões metacrônicas do que as pessoas que tem o
primeiro tumor localizado no cólon
esquerdo24, fato que, do ponto de vista epidemiológico. pode ser vinculado ao
aumento da incidência do câncer do cólon direito e,
não só ao melhor prognóstico da lesão localizada nesse
segmento anatômico, como também, às possibilidades
de diferenças biológicas do comportamento dessas
lesões24.
Nos termos das considerações sobre o
comportamento do câncer de cólon e os sítios
anatômicos de crescimento do tumor, o diagnóstico deve ser
feito como conseqüência de programas populacionais
de rastreamento, viabilizados por projetos bem
delineados e acessíveis25, não cabendo, portanto o destaque
para os sintomas e sinais da doença. Sob aspecto de
busca por meio dos sinais e sintomas, por exemplo,
dar-se-ia realce para a anemia de etiologia desconhecia,
podendo ter como origem o ceco ou cólon ascendente,
motivado pelo adenocarcinoma, às vezes, expressado,
inclusive, pela massa que o paciente, de repente,
sente ao passar a mão no abdômen, durante o banho.
Assim é ainda, não raramente, a maneira de diagnosticar
tardiamente o câncer de ceco. Contudo, esses sinais e
as alterações intestinais funcionais _ alteração da
consistência das fezes, fragmentação e até a diarréia _
dores abdominais, emagrecimento são expressões de
doença já avançada.
Os destaques feitos por Goligher10 a
respeito das manifestações clínicas do câncer dos cólons,
sobretudo quando localizado no ceco ou no cólon
ascendente, dão ênfase a quase completa ausência de
sinais e sintomas que, quando ocorrem, são
representados muito mais por diarréia do que por constipação.
Muitas vezes a única manifestação é de um vago
comprometimento do estado geral de saúde, com
emagrecimento e anemia.
Os sintomas são incertos e intermitentes de
tal modo que são facilmente confundidos com os
fenômenos dispépticos dolorosos ou não, cujo fator
etiológico pode ter relações gastroduodenais, intestinais
e colocistopáticas.
Plenitude epigástrica, empachamento, distensão abdominal, eructação, desconforto
referidos nos quadrantes direitos, inferior e superior, do
abdômen são sintomas que podem estar relacionados às
alterações gastrintestinais funcionais, mas, também
ao câncer do cólon
direito10.
ASPECTOS PREVENTIVOS
As manifestações clínicas insidiosas e as
dificuldades inerentes ao mais precoce diagnóstico
fundamentam as preocupações que há no sentido de
levar em frente às campanhas populares de prevenção
do câncer colorretal, cujo teor pode incluir o
esclarecimento a respeito dos fatores de riscos _ genéticos,
alimentares e raciais, entre outros _ em todos os
programas possíveis que visam prevenir e rastrear o
câncer dos cólons.
Assim, a prevenção deve ser será
enfocada em primária e
secundária e que consistem em: a primária - identificação e eliminação dos
agentes carcinogenéticos ambientais - e a secundária
no rastreamento de pacientes com mais alto risco de
câncer e erradicação das lesões pré-cancerosas
7, ambas envolvendo a pessoa, de um modo geral, e, em
alguns aspectos, englobando estudos populacionais.
a. Prevenção primária
Estudos da interferência de certas
substâncias na modificação do crescimento de lesões
pré-cancerosas devem ser considerados quando se pretende
formular uma estratégia de prevenção primária.
Há vários elementos, orgânicos e
inorgânicos, que entram na composição da alimentação e que
recebem destaques por eventuais efeitos no
crescimento de lesões neoplásicas e, portanto, são apontados
como protetores, mas nem sempre o são, de
fato. Por exemplo, o â-caroteno (pró-vitamina A), encontrado em
frutos, raízes, tubérculos e legumes, foi indicado pela
sua aparente capacidade de diminuir o risco de câncer
de pulmão entre os fumantes, todavia em estudos
dirigidos o efeito foi
contrário.7
No tocante ao câncer de cólon, os estudos
de aplicação sobre efeitos de substâncias químicas na
remissão da doença têm sido dirigidos para a
polipose heredo-familiar (PAF) onde o que se pretendeu
estudar foi a remissão dos adenomas _ sua diminuição em
número ou no tamanho _ ou, as vezes, a diminuição
do risco de câncer26. Os dados obtidos são sugestivos
de que as vitaminas antioxidantes (â-caroteno, vitamina
C e vitamina E) não têm qualquer efeito sobre os
adenomas e nem na proteção contra o
câncer.26 Por outro lado, o cálcio tem ação moderada (25%) sobre o risco de
recidiva de adenomas, mas não altera o aumento do
tamanho do pólipo. O farelo de trigo não diminui o risco
de rediviva de adenomas enquanto as mucilagens,
contrário de tudo que se esperava, aumentam.
Nessas condições, o que se tem como
consenso é orientar o aumento do consumo de verduras
e legumes, diminuir o aporte calórico e aumentar as
atividades físicas, medidas, no entanto que não
foram avaliadas em estudos apropriados. 27
Para cada segmento do trata digestório, há
uma proposição relativa aos componentes da dieta _ de
um modo geral o que se preconiza é a diminuição do
total de energia consumida, evitando-se gorduras e
gorduras saturada, grelhados e defumados com o concomitante aumento da ingestão de frutas,
vegetais e fibras, o que pode estar de acordo com alguns
estudos sobre o câncer do esôfago. O adicional
consumo de frutas e vegetais incluindo os que têm alto teor
de acido ascórbico, pode estar associado a um risco
diminuído para o aparecimento do câncer gástrico, mas
não há evidências que essas dietas modifiquem o estado
da infecção pelo Helicobacter
pylori. Por outro lado, não há nenhuma evidência que suporte o papel de
dieta rica em fibras ou pobre em gordura na redução
dos adenomas dos cólons.28
Se os alimentos, de um modo geral, pouco interferem com a carcinogênese cólica, a aspirina e
outros antiinflamatórios não esteroidais podem ter
ações interessantes, pelos seus efeitos inibitórios sobre
as prostaglandinas29 com a confirmação de que essas
substâncias estariam associadas à diminuição do risco
de crescimento de adenomas e de câncer do
cólon.30-34 Essas citações têm conotação apenas históricas,
pois, na realidade, a aspirina não tem qualquer efeito
protetor contra o câncer do intestino grosso
35, 36.
No artigo anterior5, entre outras
substâncias eventualmente protetoras contra o câncer
colorretal, foram objetos de destaque a vitamina D, vitamina C,
e agressores, como citado acima, as dietas
altamente calóricas, tendo como substratos os carboidratos e
as gorduras com seus aspectos interessantes e
inerentes controvérsias.
A história da dieta gordurosa tem paralelo
com a dieta altamente calórica cujos substratos são
os carboidratos, bem como com o grau de atividade
física e os gastos energéticos. Os alimentos de alto
teor energético (açucares e gorduras) poderiam ser
relacionados à etiologia do câncer em função de seus
requerimentos metabólicos, e as disfunções
conseqüentes envolvendo principalmente a resistência à insulina e
a intolerância à
glicose37,38.
No que se refere à alimentação, o que
poderia ser conjecturado, exceto para as doenças que de
fato tem origem em substâncias contidas nos alimentos
(ex. a intolerância ao glúten) ou que se agravam com
elas (ex. o diabete) ou outras doenças metabólicas, é
muito pouco provável que, numa alimentação equilibrada
possa ser destacado algum fator que contribua no sentido
de diminuir, exercendo ação protetora; ou aumentar,
exercendo ação agressora, a possibilidade da pessoa
adquirir um determinado tipo de doença, principalmente
o câncer.
As doenças adquiridas por causa do
consumo de alimentos são quase todas relacionadas a uma
grande variedade de microorganismos patogênicos
(vírus, bactérias, fungos, parasitas, etc.), muito mais do que
a presença de um elemento, parte constituinte
desses alimentos, com propriedades "tóxicas" ou,
eventualmente, "protetoras".
O homem, de seus ancestrais mais primitivo (se são os hominídeos), vem evoluindo há mais de
1 milhão de anos _ data do paleolítico primitivo _ e,
em todos os aspectos, com um infindável número
de melhorias, inclusive relacionadas aos alimentos, de
tal forma que, embora seja possível, é bem pouco
provável que os alimentos que fazem parte do cardápio
humano possam estar envolvidos na gênese das
doenças neoplásicas.
b. Prevenção secundária
A identificação das pessoas portadoras de
fatores reconhecidamente envolvidos com a gênese
do câncer, e o conhecimento da genética das doenças
que predispõem ao câncer de cólon tais como a
polipose heredo-familiar (PAF) e o câncer hereditário não
relacionado à polipose (HNPCC) são elementos
fundamentais na prevenção secundária.
Esses tumores têm seu desenvolvimento resultante de uma complexa interação entre
aspectos genéticos e ambientais. Estima-se, virtualmente,
que cerca de 5 a 10% de todas as neoplasias malignas
do intestino grosso têm etiologia primária vinculada à
hereditariedade. O câncer do intestino grosso, não
relacionado à polipose hereditária (HNPCC), fica
dentro daquela estimativa, variando de 2 a 10%. O HNPCC
é uma doença autossômica que se caracteriza pelo
desenvolvimento do câncer do intestino grosso e
outros cânceres (endométrio, estômago, intestino
delgado, retroperitônio, trato urinário, ovários e cérebro
etc.5,36). Trata-se de um fator de risco, por enquanto
inevitável, onde a prevenção se torna possível na medida da
facilidade que possa haver para a identificação do
fator genético. Por outro lado, na PAF, se a mutação
não puder ser identificada, a doença pode ser
descoberta pelo exame endoscópico, que deve ser iniciado na
puberdade precoce 7. Nos casos de HNPCC, seja
para os portadores do gene e nos que a mutação não
foi identificada, a recomendação é fazer o
exame coloscópico a cada 2 anos, a partir dos 25 anos ou
5 anos antes da idade mais precoce em que houve o
aparecimento do câncer na família
37-42, incluindo, para as mulheres, o exame ginecológico sistemático com
a citologia (aspirativa ou esfregaço) e
ultra-som endovaginal, depois dos 25 anos de idade, apesar
de algumas controversas 43, 44.
A pessoa que tem dois ou mais parentes de primeiro grau ou parente com câncer antes dos
60 anos de idade deve ser examinado, a cada 5 anos
por meio de coloscopia, inicialmente aos 45 anos ou
na idade menos 5 anos do parente mais jovem com
câncer 39, 42, 45, 46.
ESTUDOS POPULACIONAIS (RASTREAMENTO)
O câncer colorretal preenche os critérios
de doença que justifica a organização de
rastreamento populacional preventivo
47-50, principalmente aplicados depois das "campanhas populares" por meio de
emissoras de rádio, televisão, jornais de grande
penetração e distribuição de impressos. Em geral, o
rastreamento mais acessível, nessa circunstância, é feito pela
pesquisa de sangue oculto nas fezes por meio de teste
de sangue oculto nas fezes (Hemoccult® -
Beckman Coulter, Inc.) que é de fácil distribuição, manuseio,
recuperação e análise de resultados, e tem efeito
preventivo efetivo 51. Contudo, como em todos os
programas de incentivo à saúde pública, a aderência é
quase sempre decepcionante, mesmo em populações
especialmente escolhidas 52. As pessoas constroem
barreiras, às vezes irredutíveis, avaliam benefícios e
criam rejeições antes de mudar qualquer tipo de
comportamento.
O reconhecimento desse fato ensejou estudo do perfil da população negra da Carolina do
Norte (USA), quanto à adesão, segundo as rejeições e
benefícios elencados, diante de procedimentos de
campanha de saúde para prevenção do câncer. O projeto
foi, também, baseado na observação de que a taxa
de mortalidade pelo câncer colorretal (1991-1995) era
de 27 e 20,5 por 100.000, para homens e mulheres
afro-americanos, comparado com 20 e 13,5 por 100.000
para homens e mulheres brancos. A suposição inicial foi
que os diferentes valores deveriam estar relacionados
à menor adesão às campanhas de prevenção primária
e secundária e que os números poderiam ser
mudados conhecendo-se o caráter comportamental da
população alvo.52
O projeto chamou WATHC (Wellness for African-Americans Through Churches) com o
seguinte significado: "saúde para os afro-americanos
através da Igreja". Os boletins informativos e
questionários metodicamente elaborados foram distribuídos aos
membros de doze Igrejas rurais, durante os cultos
semanais, abrangendo uma população de 830 pessoas
com mais de 18 anos de idade que depois de vários
escrutínios e análises, ficou estabilizada em 397 pessoas
com idades iguais ou superiores a 50 anos; 37% tinham
ensino primário, 30% tinham ensino médio o curso
técnico completo e 18% tinham curso superior.
O projeto foi delineado para motivar, na população eleita, aos seguintes objetivos
comportamentais: aumento do consumo de vegetais e frutas, reduzir
a ingestão de gorduras, aumento regular das
atividades físicas e aumento da participação nos exames
de rastreamento do câncer.
Nesse projeto, os autores tentaram, em primeiro, descrever a proporção da amostra populacional
estudada que tinha se submetido a exames
preventivos para o câncer colorretal e qual a aceitação das
normas estabelecidas pelo rastreamento e, em segundo,
tentaram investigar a relação entre a percepção de
vantagens e de rejeições ao rastreamento do
câncer colorretal.
Os procedimentos preventivos secundários
incluídos foram: pesquisa de sangue oculto nas
fezes, retossigmoidoscopia flexível e coloscopia ou
qualquer associação deles.
As rejeições e benefícios mais
comumente percebidos em relação ao projeto de rastreamento
de câncer colorretal foram 52:
- Rejeições percebidas
1. o médico nunca recomendou o teste (55%)
2. o teste seria doloroso (45%)
3. o teste seria muito caro (12%)
4. o teste seria muito embaraçoso (22%)
5. preparo para o teste é muito difícil (20%)
- Vantagens percebidas
1. servirá como bom exemplo para a
família (86%)
2. para cuidar do corpo que é o templo
sagrado de Deus (85%)
3. para seguir o conselho do médico (76%)
4. para ter melhor controle sobre a
saúde (75%)
5. para ter menos preocupação (73%)
Esse tipo de experiência e os resultados auferidos põem em evidência o significado das
dificuldades encontradas pelo gestor de saúde, quando
se pretende mobilizar a opinião pública e consolidar
mudanças de comportamento. Esses aspectos, por
fatores diversos, são mais notáveis nas
camadas socioeconômicas de menos
recursos.53. Na região norte da Europa a adesão tem sido superior a 55%,
imediatamente após as campanhas _ 55% na Inglaterra,
66% na Suécia e 57% na Dinamarca), mas não é o
que ocorre na França, onde a taxa de participação não
passava de 20% 54, 55.
O meio inicial de rastreamento, feito pela pesquisa de sangue oculto nas fezes endereçado para
a população acima de 50 anos de idade, com os
reconhecidos benefícios56-58, é o mais acessível e de
mais alta especificidade, apesar da sensibilidade variável
e de estar sendo substituído pelo exame endoscópico
_ seja a retossigmoidoscopia flexível ou a coloscopia.
O teste permite detectar cerca de 50% dos cânceres
e 20% dos adenomas com mais de um centímetro.
Com isso, a redução da mortalidade esperada varia de 15
a 18%, em 7 a 10 anos, destacando a importância
da aplicação sistemática do teste no
rastreamento populacional do câncer
colorretal56-59.
Em suma, o câncer dos cólons,
altamente prevalente, pode ser tratado e curado quando
precocemente diagnosticado. Nessas circunstâncias, a
estimativa de cura acima de 90%, feita há 60 anos, não
foi significativamente modificada com as aderências
de novos e de mais modernos procedimentos
terapêuticos. Isso nos endereça ao maior esforço conjunto no
sentido de estimular, cada vez mais, o rastreamento
preventivo populacional do câncer colorretal.
ABSTRACT: The colorectal cancer is the third most common cancer diagnosed and is the second leading cause of cancer death among American people. However, when it is detected in early stages, it has high level of cure with 5-year survival over 95%. So, colorectal cancer must be precociously diagnosed and surgically managed. Preventive strategy must be done using fecal occult blood test for mass colorectal screening.
Key words: cancer screening, preventive strategy, fecal occult blood.
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Endereço para correspondência:
Júlio César M Santos Jr
Instituto de Medicina
Av. Ministro Urbano Marcondes, 516
12515-230 Guaratinguetá, SP
E-mail: instmed@provale.com.br
Recebido em 21/02/2008
Aceito para publicação em 13/06/2008
Trabalho realizado na Secção de Coloproctologia do Departamento de Cirurgia do Hospital Maternidade Frei Galvão de Guaratinguetá, São Paulo - Brasil.