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Tratamento da fissura anal crônica

Artigo comentado pela Dra. Rosilma Gorete Lima Barreto


Comentários sobre o artigo: Percutaneous tibial nerve stimulation (PTNS): an alternative treatment
option for chronic therapy resistant anal fissure. Ursula Aho Fält1, Martin Lindsten, Sara Strandberg,  Mari Dahlberg, Salma Butt, Emelie Nilsson, Antoni Zawadzki, Louis Banka Johnson. Received: 19 December 2018 / Accepted: 26 March 2019 / Published online: 10 April 2019
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A fissura anal crônica é uma ulceração linear no epitélio escamoso do canal anal que se inicia na linha denteada e se dirige a margem anal, 90% com localização na linha média posterior.

Caracteriza-se pela presença de plicoma sentinela, papila hipertrófica e visualização das fibras do esfíncter anal interno na base da fissura. O tratamento de excelência para a fissura anal crônica é a esfincterotomia lateral interna aberta ou fechada, no entanto, este procedimento pode incorrer em incontinência anal em alguns trabalhos chegando a 14% dos casos.

Diante do exposto, a busca por um tratamento efetivo sem o risco de incontinência permanece sendo um grande desafio.

Este artigo é um estudo piloto que avaliou a estimulação percutânea do tibial posterior (PTNS) na cicatrização da fissura anal crônica, pacientes com mais de seis meses de história clínica e falha aos tratamentos clínicos convencionais foram incluídos.

Trabalho prospectivo, alguns scores foram aplicados antes e após o tratamento visual anal score (VAS), St. Mark’s incontinence score, Wexner constipation score, Brief Pain Inventory-Short Form (BPI-SF) e avaliação visual de sangramento e cicatrização da mucosa foram aplicados 3 meses após o tratamento e anualmente por 3 anos.

Amostra pequena, 10 pacientes foram encaminhados para tratamento  no período de  outubro de 2013 a janeiro de 2014 com dez sessões de 30 min de PTNS, foram avaliados quanto a cicatrização da fissura, presença de sangramento, redução ou ausência de dor e melhora da constipação após duas semanas do tratamento repetindo a avaliação com 3 meses e anualmente por um período de 3 anos.

Na análise estatística apenas 9 pacientes foram incluídos porque um paciente antes de iniciar o tratamento com PTNS apresentou cicatrização da fissura com tratamento conservador.

A cicatrização ocorreu em 100% dos pacientes nos 3 anos de follow-up, sendo em 5 após as 10 sessões iniciais e quatro necessitaram mais 10 sessões para cicatrização.

Três pacientes apresentaram sintomas recorrentes sendo que um fez aplicação de toxina botulínica seis meses após o tratamento com PTNS.

O sangramento e a dor foram praticamente inexistentes nos pacientes tratados com PTNS neste período de follow-up e os pacientes que apresentaram dor tiveram excelente resposta com uso de pomadas e mudança na alimentação.

Este trabalho mostrou num follow-up de 3 anos resultados promissores de cicatrização e baixa taxa de recorrência em pacientes portadores de fissura anal crônica tratados com PTNS, podendo ser uma opção ao tratamento da fissura anal crônica antes da indicação de tratamento cirúrgico (LIS).

Faz-se necessário a realização de trabalhos com N maiores para que se possa validar esta nova opção terapêutica, a utilização do PTNS mostrou ser uma opção ao tratamento da fissura anal crônica antes da indicação da esfincterotomia.

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